Pra contemplar [47]: as clássicas Quatro Estações de Vivaldi recompostas 289 anos depois, por Max Ritcher

“Quando eu era criança, me apaixonei por essa música. É bonita, charmosa, tem uma grande melodia e cores maravilhosas. Mas, mais tarde, me tornei mais consciente musicalmente – educado, estudei música e ouvi muita música – e achei mais dificil amá-la. Nós ouvimos em todo lugar –  quando estamos na fila, no shopping center, na propaganda, está em todo canto. Pra mim, este disco e o projeto são tentativas de resgatar essa obra, de se apaixonar novamente”.
~ Max Ritcher, em entrevista à NPR (21/11/2012)

Assim o pianista inglês Max Ritcher, de 46 anos, descreve a intenção do seu novo disco “Recomposed by Max Richter: Vivaldi, The Four Seasons” (2012), uma tentativa arriscada – aplaudida e reprovada – de recompor, reler e remixar a obra-prima escrita em 1723 pelo compositor barroco italiano Antonio Vivaldi (1678-1741). Ivan Hewitt, do The Telegraph, diz que é “uma comovente e inteligente homenagem à grande obra de Vivaldi”; David Hurwitz, do Classics Today, diz que é “uma descomposição ou mesmo uma humilhação” para Vivaldi. Na Amazon, 53 das 71 avaliações deram cinco estrelas (e duas deram uma estrela).

Mesmo sendo muito mais um remix do que uma releitura clássica, é um risco salutar, “anormal” (para usar uma expressão que falamos essa semana) e uma obra interessante. Como admirador das “Quatro Estações”, não acho que chega nem perto de algo grandioso (algumas vezes parece entusiasmante, outras é repetitivo), mas é atual, é musical e é novo.

Segue abaixo dois trechos selecionados, o 1° Movimento do “Outono” (Autumn) e da “Primavera” (Spring).

Para conferir amostras dos originais, ouça na Wikipedia.

“Vivaldi Recomposed by Max Ritcher: Autumn 1”:

“Vivaldi Recomposed by Max Ritcher: Spring 1”:

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14 Comments

  1. says: norma7

    Nando,

    1)Grata pela ‘novidade’. Conte mais ‘3’ (1 estrela, pelo naipe de cordas – pelo trecho ouvido aqui)

    “MÚSICA CLÁSSICA. ( ESTE LIVRO recém-publicado DO ERIC HOBSBAWN , Tempos Fraturados , mostra muito bem este anacronismo). Dos raros compositores nascidos no século XX, Morton Feldman ,norte-mericano morto em 1987, foi apresentada em buenos aires em novembro de 2001 o seu Quarteto para Cordas n° 2 e que durou quase cinco horas e meia de execução para um público de pouco mais de cem pessoas. Creio ser um fato bizarro e aponta para um esgotamento dramático da música erudita , que se apresenta na sua quase totalidade com obras de séculos passados. Feldman – que nunca foi nenhuma sumidade – é um dos raríssimos compositores que ainda tentaram trabalhar em obras deste gênero.” (Sinal+).

    Nada de novo sob o Sol e quando aparece é uma recomposição? Música erudita tá maus! Humpf!

    2) Good Grief, Dharmalog Facebook!

    Acharam bacaninha e eu fui lá ver a nova capa. Está um belo trabalho para apreciadores de filtros, tipo instagram. (A turma por quem babo e lanço olhares compridos e marejados, trabalham em P & B). Enfim, se não vou do “lindooooo” da maioria, também não jogo pedra, dos puristas.

    Mas, moço, como você ‘ousou’ substituir o verde acinzentado mais bonito já visto por essas plagas (capa anterior), assim de repente, de chofre?

    Confere aí:
    RGB values: 165 196 178
    Hue: 145 Satur: 40 Value: 196

    segundo informações catadas por mim, desde que o momento que o vi e declamei em seu louvor:

    “Verde que te quiero verde
    verde viento verdes ramas
    el barco sobre la mar
    el caballo en la montaña.

    Verde, que yo te quiero verde.

    (…)- Federico García Lorca – José Ortega Heredia

    Fica aqui o meu “protesto”, já que penso que ‘gosto’ não só é discutível, como deve ser defendido com carinho e enfaticamente (se preciso for – rs) já que até a (bela) imagem do Buda (à esquerda) me parece um tanto acabrunhada, junto à nova paleta da capa (levante-se, dê 2 passos para trás e olhe a tela).

    Favor registrar meu desagrado, em meio a tanto elogios, plenamente justificáveis. Pisc*
    Bom fds e boa sorte!
    Bjo Norma

    1. Oi Norma,

      Cadê seu verde? Só vejo palavras. (PISC) rs

      O verde “original” deve ter-se ido logo depois do clique, para nunca mais voltar. O verde parado ali é o verde alterado, como todos os que estão parados.

      Bjs,
      Nando

  2. says: cicero bastos da silva

    Amigos,

    O cérebro é dotado de grande plasticidade. Aqui se aplica tal possibilidade.Para cada época a música exige um cérebro para a criação, Diante disso, creio que a releitura da obra à atualizou.Numa época, algo bucólico em outro momento ela ressurge, quem sabe mascarada de efusiva alegria.Creio que uma dessas possibilidades seja dar chace a imaginação de se reinventar.Trago a baila Judy Garlland e Beyonce interpretando as mesmas musica em momentos histórico e politico diferentes e possamos juntar Nelson Gonçalves e Lobão,Elizet Cardoso e Martinalha, ambas interpretando suave presença.Abraços.

    1. says: norma7

      Oi Cícero, tudo bem, moço?
      (Ô, meu caro, licencinha, mas vou discordar)

      Não, não e não! Platicidade do cérebro – entendo. Criativade – entendo. Releitura da obra? Atualização? Resgate? Ué, porque ele não compôs sua própria 4 Estações?
      Essa é um marco. Essa é de Antonio Vivaldi, que produziu durante sua vida cerca de 770 obras, sendo 477 concertos e 46 óperas. :)

      Olha, ele deixou de amá-la (o Max). Ele a “RECOMPOSED” numa “tentativa de resgatar a obra” (sic). Ora, ora estamos falando de uma das maiores representação do barroco italiano. Quem disse a ele (ao Msx) que seria capaz de agradar aos apreciadores da Obra? Ninguém? Então, ótimo! Posso não aprovar!(lembra-se da restauração daquela senhorinha, na Espanha, versus o Cristo do Sec. XIX – hihihi – não é o caso, mas lembrou-me!)

      Claro que qualquer um que já esteve com um partitura em mãos, vê no segundo vídeo, o diapositivo das pautas com as modificações, enxerga que não é obra de leigo (há estudo/erudição), mas daí ser um Vivaldi é uma longa distância. Concordas comigo?

      Sendo assim, vamos colocar braços na Vênus de Milo! Tadinha..

      Agora, Cícero querido, sabes o poema “O Grande Inquisidor” ? (“Os Irmãos Karamazov”, Dostoievski), onde numa versão de (vou preservar o nome do autor – bestseller)foi colocada uma última frase, num silente Jesus da versão original russa, suscitando o exaltado coment.:
      “(XXX) é o que é! Consegue ler até o que não existe! Jesus não dá uma palavra de resposta sequer! Silêncio que deveria ser imitado pelo roedor literata autor do texto.

      (Da Editora 34 (Segunda Edição 2009) com tradução de Paulo Bezerra. Nesta edição o poema de Ivan Karamazov termina com a seguinte frase proferida pelo Inquisidor: ”Amanhã te queimarei.Dixi.(Assim eu disse em latim; p.360 vol. 1).Na p.364 , Aliócha pergunta à Ivan como terminaria o poema,Ivan responde que um silêncio imperava pela cela,o inquisidor queria que Jesus lhe dissesse algo,mesmo que terrível e amargo,porém Jesus se aproxima do inquisidor e suavemente lhe beija os lábios,então o inquisidor abre a porta da cela e diz: “Vá e não voltes mais…Não voltes em hipótese nenhuma…nunca,nunca!”.E o deixa sair.O prisioneiro vai embora.
      Em qual edição há este diálogo entre o Grande Inquisidor e Jesus em que é dito a frase por Jesus: “Você pode ter razão mais o meu amor é mais forte”?)”

      Olha o perigo que alguém “muderno” e sem medidas, corre e nos faz correr.

      Eu, caro Cícero, (“Eu sou uma cadeira e duas maçãs” – desculpa aí, Da. Clarice!)gosto também dos artistas citados por você. E acho que com um novo verniz, uma nova roupagem, certas ‘inspirações’ ficam bem atraentes, além de demandarem conhecimento profundo, para que elas sejam efetuadas.

      Mas em alguns casos é como disse o nosso ex-Ministro: ‘IMEXÍVEL’

      Fique bem.
      Bjo Norma

  3. says: norma7

    Oi Nando,
    O belíssimo verde a que me referi, da capa anterior, é o abaixo (+/- rs) e a maior proximidade que consegui reproduzir da cor são esses valores:

    RGB values: 165 196 178
    Hue: 145 Satur: 40 Value: 196

    E achei-o tão especial que representou mais que ‘movimento’, usei-o como degrau de evolução para uma grande gama de verdes já adquiridos.
    Bjo e bom jogo, Norma

  4. says: cicero bastos da silva

    Norma,

    Grato. Eu fico encantado com você, na medida que estou num lugar e juntos, você nos leva a tantos outros inusitados e surpreendentes. Que surpresas agradáveis.
    Ainda recorrendo das idéias. Fico pensando, o que existe atualmente(motivo) para servir de inspiração com vistas recolocar a criatividade em seu caminho de construção para a beleza e contemplação do sublime?

    1. says: norma7

      Há sim, Cícero. E você por formação e por experiência com a molecadinha não deve estranhar, o abaixo, como alegoria:
      “Quem acredita em fadas, bata palmas”
      No filme do Peter Pan as fadas aparecem quanto mais gente acreditar nelas ….
      E que cada vez que alguém diz não acreditar em fadas, uma fadinha cai morta :)

      Não são Vivaldi. São os ‘minhocas da terra”, brazucas como nós e que encontram inspiração:

      1) Esse prelúdio é bem bonito:

      http://osmaias-minisserie.blogspot.com.br/2013/03/preludio-john-neschling.html

      2) Pantanal de Marcus Vianna

      http://www.youtube.com/watch?v=IhYLOa279EY&feature=share&list=PLFACF2F2190AA95F6

      E por seres sempre gentil, escute a sua orquestra pessoal :

      Tente este exercício

      Encontre um ambiente calmo onde você não será perturbado, e procure uma posição confortável. Em seguida, basta bloquear seus ouvidos. A maioria das pessoas usam seus dedos para fazê-lo, geralmente o dedo indicador de cada mão, mas alguns preferem manter as palmas das mãos sobre suas orelhas. A finalidade de cobrir seus ouvidos é reduzir o ruído externo, tanto quanto possível para que você possa começar a sintonizar com os seus sons internos.

      Agora feche os olhos. Com os ouvidos bloqueados e os olhos fechados, começam a ouvir. Ao sintonizar com você, encontrará uma sinfonia interna ocorrendo e que você provavelmente desconhecia. Você vai tornar-se consciente não só do seu batimento cardíaco e de sua respiração, mas depois de algum tempo você provavelmente vai ser capaz de ouvir o bombeamento de sangue através de seu corpo. Você estará ciente de sons muito agudos, bem como os muito profundos, que fazem parte de seu corpo orquestra.

      Ouvir dessa maneira é uma ferramenta extraordinária para apreciar o poder do silêncio e dos sons internos que o acompanham. Algumas pessoas acham este exercício particularmente eficaz como técnica de meditação. Há mesmo avançadas disciplinas espirituais que instruem os praticantes a usarem esses sons interiores para viajar para outros planos de consciência!

      Jonathan Goldman é uma autoridade internacional na cura pelo som e um pioneiro no campo de harmônicos.

      Boa sorte, Norma

  5. says: norma7

    Nando,
    É esse mesmo. O da garça. Vi que ele consta do album de fotos. não foi desprezado :)
    (#A5C4B2 ou RGB 165 196 178)
    Muito obrigada, querido.
    Bjo Norma

    “Qual o problema? “Aí só tem verde, mesmo!” e o Samuel Rosa (Skank. há pouco) canta:
    “…fecha com meus sonhos. Como ninguém…”, antes que eu respondesse:
    “Porque é um verde onírico …”
    Oops! I did it again! rs.

  6. says: Ezequias ROCHA

    Achei bem descente e respeitoso. Não deu cara de ser um aproveitador.

    É sempre bom tentar novas leituras dos clássicos.

    Acho que Vivaldi iria gostar que não estivessem reproduzindo exaustivamente seu mesmo projeto em pleno século 21.

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