Não sei se o melhor pra alma nesse vídeo é a mensagem de desistir da agressão (de um tipo de agressão que é definida como um obstáculo à percepção real das coisas), ou se são as poucas sutis (e maravilhosas) risadas do mestre budista Chögyam Trungpa Rinpoche (1939-1987) ao final de algumas momentos, geralmente quando ele enfatiza algum ponto que desafia a platéia. O assunto é sério, é sobre a agressão, mas não o sentido superficial da manifestação da raiva, por exemplo, mas, como diz Chögyam, um agressão no “sentido de projetar na direção do objeto que vocês querem alguma coisa, um grande desejo de agarrar, capturar certas experiências particulares, e quando essa experiência é capturada, como uma aranha faz com as moscas, então vocês na verdade a agarram e sugam o sangue“. É uma agressão no sentido de querer sempre da realidade alguma coisa para si, no sentido daquele velho ditado que diz “há quem passe por uma floresta e só veja lenha pra fogueira”. Só que, bem diferentemente do ditado, se aplica a todos nós não-lenhadores mas que temos nossas cegueiras e “ceras de ouvido” no dia-a-dia — e aos ouvintes desta palestra de Chögyam Trungpa em Boulder, Colorado (EUA), em 1975, que segue abaixo disponibilizada com legendas em português pelo canal oficial “The Vidyadhara, Chögyam Trungpa Rinpoche” no YouTube.
A imagem não é tão boa mas a mensagem é claríssima, e Chögyam ainda trata de endereçar nossos medos mentais fantasiosos sobre a possibilidade de dar. “A idéia de dar é muito dolorosa“, diz ele, rindo, no trecho transcrito abaixo. Lembra Ram Dass quando disse certa vez, também rindo, que “a mente tem medo que o coração entregue tudo“.
(…) Dar e abrir-se não é particularmente doloroso, quando vocês começam a fazer isso. Mas a idéia é muito dolorosa. Quando alguém pede que vocês dêem, soltem, a sensação é horrível, vocês se sentem tão horríveis que não querem isso, mas lhes pediram que fizessem isso. Alguns de vocês são tentados pela idéia de supor: se eu fizer isso, o que acontecerá comigo? Talvez eu faça algum tipo de descoberta, talvez eu perca tudo neste mundo. É uma ideia muito tentadora, e conservemos essa mente curiosa para dar e abrir-nos, abrir-nos mais, abrir-nos ainda mais, abrir-nos muito, abrir-nos completamente!
~ Chögyam Trungpa Rinpoche
Segue abaixo o vídeo (10min50seg), com legendas em português embutidas (para ativá-las, clique no controle do vídeo, na parte inferior direita, num ícone retangular com dois traços horizontais dentro):
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sou brasileiro, quero ouvir em brasileiro, muito obrigado
Não é possível, pois o palestrante é um chinês com ascendência tibetana falando em inglês. Há legendas em português, se você quiser. Ative no controle do vídeo, na parte inferior direita.
Saudações.
Eu achei impressionante a clareza deste mestre. Chamou-me atenção que ele não tinha boa saúde. Está edemaciado. Como os alcoolistas.
Ele de fato bebia bastante, Rosa.
E isso não era contra os ensinamentos dele.
Tem um filme biográfico bem legal dele chamado Crazy Wisdom.
Autor de um dos melhores livros de autoconhecimento que já li, “SHAMBHALA – A trilha sagrada do guerreiro” (traduzido p/ o nosso português).
Fonte do post de ontem, Rafael. Também um dos melhores que li.
http://dharmalog.com/2013/10/08/destemor-abrir-coracao-licao-coragem-guerreiro-mestre-budista-chogyam-trungpa/
Namastê.
Confesso que quando tive conhecimento sobre a existência dele, fiquei confusa com a maneira como ele vive. Me pareceu tão incoerente um mestre budista beber demais, ter muitas mulheres. Mas isso só me fez enxergar o quão pouco ainda sei sobre a vida…rs. Obrigada por esses posts e vídeos extraordinários, Dharmalog!
Uma pessoa extremamente lucida, grande guerreiro!
Um especialista em desconstrução do ego. Gratidão.