“(…) Criar união é o principal aspecto da jornada. E por que a entidade humana em evolução não tem desembocado no mar de paramatma? Porque tem sido muito desafiador criar união. Como eu disse ontem, mahamaya caprichou nesse sentido. A grande maioria da humanidade escolheu esse mecanismo de defesa para se proteger, que é o isolamento e a separação, o que, por sua vez, alimenta a ideia de um eu indefeso. Esse é um ciclo vicioso. A entidade isolada e separada alimenta a ideia de que é indefesa, ou seja, de que ela é uma vítima. Assim, ela passa a culpar o outro.
E como tem sido difícil desarmar esse mecanismo, pois ele é tão sutil e está tão profundamente enraizado na mente humana que se torna difícil identificá-lo. Você age a partir dessa vítima e não percebe. Você constantemente repete os jogos de acusação e não percebe. Essa é a distorção básica do feminino e é o que impede a aceitação de ser iluminada. É a ideia de vítima que impede que a aceitação seja iluminada. Se você não aceita não é possível criar união, porque na jornada existem florestas, desertos, montanhas, vales, entre outros muitos desafios. Você não pode vencer esses desafios se estiver isolado. Até porque esse isolamento é uma ilusão. Na verdade, estamos unidos. A resistência consiste em aceitar a verdade. Por isso a mentira é a nona matriz do eu inferior, pois ela age tão rapidamente que você não percebe, e acaba se identificando. Estando identificado com a mentira você teme a verdade, porque a verdade significa o fim da mentira.
Mas, qual é a sua parte? É fortalecer o observador. É reconhecer que a mente é um lugar de peregrinação e não se identificar com o que é transitório. É não se identificar com a mente, mas sim com o Eu divino. Esse é um tipo de trabalho que acontece de momento em momento, de instante a instante você se renova; você nasce a cada instante. Uma fração de segundo e já foi; volte para o presente. Porque você somente pode encontrar o Divino na presença. A identificação com o eu inferior ocorre com o tempo psicológico. Aprofundando a sua observação, você perceberá que quando está sofrendo, amargando no inferno, é porque está identificado com o eu inferior – você está no passado ou no futuro.
Você só vai para o futuro porque existe uma parte sua presa no passado. E é essa parte que cria a fantasia do futuro, e faz você sonhar acordado. Nas suas fantasias você está sempre tentando mudar o passado, tentando conseguir o que não conseguiu antes e fazendo com que as coisas aconteçam diferentes. Então, você precisa estar disposto a deixar os peregrinos passarem. Os peregrinos são os pensamentos.
Onde você está? Se você está aqui, não há obstáculo para a união. Se você está aqui, há aceitação. Aqui não existe apego. Eu estou lhe convidando a acordar do sonho a cada instante. Onde você está? Se você está na mente, há uma tendência de ser arrastado pelos pensamentos. Se você sustenta o vazio, você sustenta o silêncio; se você sustenta o silêncio, você sustenta o êxtase. Todo o segredo está em colocar a mente a seu serviço.”
~ Sri Prem Baba, em satsang de 22 de janeiro de 2013, Índia (veja na íntegra)
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Antes de iniciarmos nossa pratica conversamos e refletimos um pouco, ao chegar em casa abro o Dharmalog e muito do que foi dito consta aqui. Estou muito agradecida pelo aprendizado maravilhoso.
Dag
Namastê Dagmar. Sintonia maravilhosa, parece que esse assunto queria se apresentar mesmo ontem. Quem sabe onde mais ele esteve? …
Saudações,
Nando
seerá esse EU autocentrado que se defende, mas julga tudo e quanto mais o faz, mais sofre em sua claustrofobia até quando num momento deixa de ser por a mente se unificar com tudo e com todos na unicidade que somos ?
Sri Prem Baba diz isso claramente nesse trecho, Luiz. E vários outros também, deixo alguns links aqui do blog, por exemplo:
Jiddu Krishnamurti:
http://dharmalog.com/2012/02/29/e-possivel-nunca-ser-magoado-e-o-que-e-esse-eu-que-se-machuca-j-krishnamurti-responde-video/
Chogyäm Trungpa Rinpoche:
http://dharmalog.com/2012/08/07/a-fraude-gigantesca-que-e-o-ego-e-como-distorce-a-espiritualidade-e-ate-a-meditacao-por-chogyam-trungpa/
PD Ouspensky
http://dharmalog.com/2013/01/09/um-esquema-geral-do-homem-segundo-pd-ouspensky-o-discipulo-maior-do-filosofo-mistico-gurjdieff-trecho/
Saudações,
Nando
Amigos,
Esta mensagem me proporcionou uma compreensão mais ampliada desta colocação de Ítalo Calvino que me acompanha a (ou há?…kkkkk português falhando…) muito tempo:
“O Inferno dos vivos não é algo que virá a ser: se houver um, ele já está aqui, o inferno onde vivemos todos os dias, que criamos por estarmos juntos. Há dois modos de deixar de sofrer com ele. O primeiro é fácil para muitos: aceite o inferno e torne-se parte dele de tal forma que não o veja mais. O segundo é arriscado e exige constante vigilância e cuidado: procure e aprenda a reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não são inferno, e então faça-os resistir, dê-lhes espaço.”
Obrigada,
Áurea
Em tempo: foi assim que Ítalo Calvino terminou “Cidades invisíveis”.