O egocasting e a liberdade

Matéria riquíssima sobre os caminhos que estamos escolhendo com a tecnologia moderna, publicada na Wired, que começa da seguinte maneira: “We have moved beyond (broadcasting and) narrowcasting into ‘egocasting‘ – a world where we exercise an unparalleled degree of control over what we watch and what we hear,” writes Christine Rosen in The New Atlantis: A Journal of Technology and Society.” O Dr. David Frawley é que dizia que *o homem moderno ocidental busca a liberdade material para conquistar seus desejos, e não a liberdade espiritual para transcendê-los*”. A sociedade moderna triunfa ao buscar a liberdade material, isso é óbvio, e esse “controle egocástico” demonstra como estamos evoluindo em banda larga nessa direção. Mas no mundo capitalista de livre mercado isso muitas vezes é apenas uma premissa (“correta”) para a escravização pelo desejo. Hoje, esse desejo é por imagem. Magro, bonito, cult, cabeça-feita, independente, bem-sucedido, pc, rico, geek, dark, resolvido, zen, sarado, eclético, etc. Não é nem um desejo autêntico, de uma vontade pessoal genuína. É de consumismo ininterrupto, de não-auto-aceitação, de adequamento robótico – um desejo fraco, sem dúvida, passivo, imposto. Inconsciência. Veja, nada disso que eu digo é anti-liberdade material, pelo contrário. O egocasting existe e é uma evolução da civilização moderna, mas mais evoluído é o sujeito que realmente controla esse egocasting, que controla o desejo e que sabe a imagem que estão lhe vendendo. Ou seja, o desenvolvimento em paralelo da nossa *liberdade espiritual* é a saúde e a sanidade dessa realidade. Não é o apocalipse (eu acho), mas a busca consciente da liberdade real e a não-indulgência nas liberdades insuficientes é o próximo degrau. E ele chegou. Enquanto nós precisarmos comprar tudo que não precisamos e quisermos ser tudo que não somos, evitando a aceitação e a liberdade genuína, continuaremos cada vez mais escravos desta deficiente liberdade material.

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5 Comments

  1. says: Nessa

    concordo com vc. belo post!

    acho muito triste ver gente que entrou nessa onda, principalmente jovens…
    mas, felizmente, cada vez mais tenho encontrado gente que tem mais consciência das coisas realmente importantes.

  2. says: sales

    caraco, nando. me até um arrepio aqui qdo vi o aloha 2005. ficou muito legal. tá muito bacana. afudê! nem sei o q falar. esse wordpress… muito bom! parabéns, nando. e um abraço forte tb! sales;

  3. says: Dauro

    Tema de alta relevância. Vale aprofundar. Tenho minhas dúvidas sobre o dito “unparalleled degree of control over what we watch and what we hear”. A maioria ainda não chegou lá, embora a mudança de paradigma já esteja aí, como aponta a Wired.

  4. says: nando

    A frase “it’s unparalleled” não depende de maioria, depende de comparação com tudo o que já foi ou que conhecemos. Absolutamente unparalleled.

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