Um dos magníficos poemas do filósofo e poeta libanês Khalil Gilbran (1883-1931), considerado o terceiro poeta que mais vendeu em toda a história (atrás apenas de Shakespeare e Lao-Tsé*), sobre a dor e o que ela significa. O poema está na mais clássica de suas obras, “O Profeta“, de 1923, em seu capítulo 16, intitulado “Pain” (dor). O livro conta a história do profeta Almustafa, que viveu numa cidade estrangeira chamada Orphalese por 12 anos e está prestes a embarcar em um navio de volta pra casa, quando é parado por um grupo de pessoas com quem discute muitas questões da vida e da condição humana — cada capítulo contém um dos diálogos.
[ Foto por paloetic, direitos BY-NC ]“Sua dor é o quebrar da concha
que contém sua compreensão.
Assim como a semente da fruta deve quebrar-se
para que seu coração apareça ante o sol, deste mesmo modo deveis conhecer a dor.
E se você pudesse manter seu coração no maravilhamento
dos milagres diários da vida, sua dor
não iria parecer menos maravilhosa que sua alegria.
E você aceitaria as estações de seu coração, como sempre aceitastes as estações que passam sobre seus campos.
E você contemplaria com serenidade pelos invernos de sua aflição.
Muito da sua dor é auto-imposta.
É a poção amarga pela qual
o médico dentro de você cura sua alma doente.
Portanto confie no médico, e beba
este remédio em silêncio e tranquilidade:
Porque a mão dele, apesar de pesada e dura, é guiada
pela tenra mão do Invisível,
E a taça que ele traz, embora queime seus lábios,
foi feita com o barro em que o Oleiro
umideceu com Suas próprias lágrimas sagradas.”
~ Kahlil Gibran