“A felicidade consiste em encontrar precisamente o que poderia ser “aquela coisa

“A felicidade consiste em encontrar precisamente o que poderia ser “aquela coisa necessária” em nossas vidas e, alegremente, renunciar a todo o resto”.
– THOMAS MERTON (em “Homem Algum é Uma Ilha”)

É difícil definir felicidade em uma frase, mas essa é interessante. Há um senso de realização pessoal nela, de sentido íntimo e autêntico. E também evita bem a confusão entre felicidade e prazeres efêmeros.

“Aquela coisa necessária” é uma expressão também bastante interessante. Pode significar algo como “aquilo que sinto que deve ser feito (por mim)”, ou “aquilo que somente eu sinto com certeza que quero fazer e dedicar meu tempo para”. É um misto de alegria – presente em “alegremente” na fala de Merton – com dever – presente em “necessária”.

Dessa alegria e dedicação ao “necessário”, aparece uma paz e uma realização, uma presença de ser e uma ausência de querer. Talvez seja isso que chamemos de felicidade.

“Renunciar a todo resto” pode parecer radical, ou pode soar como uma pregação de um monge acostumado a privar-se de coisas, como Merton era. Mas se você observar com lucidez, a presença verdadeira tem a renúncia a todo o resto dentro dela. Nós, com nossa memória, nossa mente cheia de histórias, nosso conhecimento de tantas “opções” no “grande cardápio” da vida, é que ficamos ansiosos com tudo que não está aqui, respirando erraticamente e querendo algo que imaginamos melhor. No fundo, “todo o resto” é uma alucinação.

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Isso não precisa ser um trabalho. No filme Matrix 4 (que acabamos de assistir em uma sessão coletiva aqui), mostra o personagem principal Thomas Anderson (Keanu Reeves) identificando “aquela coisa necessária” como investigar aquilo que está além do seu insatisfatório cotidiano mundano. Para isso, ele cria recursos de programação e fuça os dilemas da realidade. Envolveu seu trabalho, mas foi além dele.

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5 Comments

  1. says: Daniela Fregonese

    Renúncia a coisas externas para encontrar uma única, específica – “aquela coisa necessária”, que torna futuras renúncias algo natural, feito alegremente. Lindo!

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