5 Trechos de “SOBRE A BREVIDADE DE VIDA” de Sêneca (1) “Não dispomos de pouc

5 Trechos de

“SOBRE A BREVIDADE DE VIDA”

de Sêneca

(1)

“Não dispomos de pouco tempo, mas desperdiçamos muito. A vida é longa o bastante e nos foi generosamente concedida para a execução de ações as mais importantes, caso toda ela seja bem aplicada. Porém, quando se dilui no luxo e na preguiça, quando não é despendida em nada de bom, somente então, compelidos pela necessidade derradeira, aquela que não havíamos  percebido passar, sentimos que já passou. É assim que acontece: não recebemos uma vida breve, mas a fazemos; dela não somos carentes, mas pródigos. (…) Por que nos queixamos da natureza? Ela se revelou benigna: a vida será longa se souberes utilizá-la”.

(2)

“É consenso que nenhuma atividade pode ser bem exercida por uma pessoa ocupada, nem eloquência, nem estudos liberais, dado que seu espírito sobrecarregado não absorve nada de modo mais profundo, mas rejeita tudo como se lhe tivesse sido imposto. Nada é menos peculiar da pessoa ocupada do que viver.”

(3)

“Há quem, depois de obter a magistratura que cobiçara, anseia por deixá-la, logo dizendo: “Quando é que vai acabar este ano?”. Outro patrocina os espetáculos públicos, que ele muito apreciou lhe terem sido sorteados, e então indaga: “Quando me livrarei disso?”. Aquele outro é um advogado disputado por todo o foro, e o faz lotar com grande multidão, para além de onde pode ser escutado: “Quando”, diz ele, “é que virá o período de recesso?”. Cada um apressa sua vida e sofre a ânsia do futuro e o tédio do presente.”

(4)

“Nunca lhes (os ocupados) é possível voltar-se para si mesmos. Se alguma vez lhes advém casualmente algum repouso, agitam-se, tal como em alto-mar, onde mesmo depois dos ventos subsiste a turbulência, e jamais se veem desocupados de seus desejos.” 

(5)

“Ouvirás a maioria dizendo: “Aos cinquenta anos me dedicarei ao ócio. Aos sessenta, ficarei livre de todos os meus encargos”. Que certeza tens de que há uma vida tão longa? O que garante que as coisas se darão como dispões? Não te envergonhas de destinar para ti somente resquícios da vida e reservar para a meditação apenas a idade que já não é produtiva?”

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3 Comments

  1. says: ALEXANDRE FREIXO ??

    Desafio e ter a sabedoria e conhecimento desde cedo para isso. Importante é fazer o melhor com muito amor ao longo da jornada. ??????????????

  2. says: Lene Saldanha

    O 3 e o 5 são os que mais vemos e fazemos. Costumo me lembrar que o dharma é representado pelo nó infinito…não tem começo nem fim. Ininterrupto. Mesmo que eu não consiga senti-lo assim todos os dias, tenho tentado me lembrar. A prática não pode ser só nos retiros, nas pausas, no silêncio. A prática é ininterrupta e no nosso dia a dia. Não é fácil. Mas não podemos esquecer nunca…

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