“A maioria de nós prefere dinheiro a riqueza tangível. E um grande evento é algo quebrado pra nós a não ser que possa ser fotografado. E ler sobre ele no dia seguinte é estranhamente mais divertido pra nós do que o evento original. Isso é um desastre.”
// ALAN WATTS
Mais um discurso antigo, este de 1971, que parece se encaixar muito bem aqui na terceira década do século XXI, mais de 50 anos depois.
O discurso continua, e direciona a ênfase para nossa desconexão com a natureza:
“Como resultado de confundirmos o mundo da natureza com meros sinais, como um extrato bancário ou negócios fechados, estamos destruindo a natureza. Estamos tão presos em nossas mentes que perdemos nossos sentidos e não percebemos que o ar fede, que a água tem gosto de cloro, que a paisagem humana parece uma pilha de lixo e que muita da nossa comida tem gosto de plástico. É hora de acordarmos.”
A diferença de 71 pra cá é que não é “só” a natureza que sofre, mas nós mesmos estamos muito mais doidos, perturbados, assolados por ansiedades, tristezas, fugas da realidade e tantas outras confusões de cunho mais psíquico e espiritual. Estamos mais doentes por dentro.
E, obviamente, não é só um “rolo” de fotografia que temos pra ver, como na década de 70. Temos Instagram com milhares de fotos, nossas e dos outros, dos eventos mais infâmes e irrelevantes. E também não temos apenas os jornais impressos pra saber das notícias no dia seguinte. Temos incontáveis fontes, do jornalismo profissional aos registros informais de Twitter, blogs, etc, pra falar dos eventos, dos pequenos aos grandes, de tudo.
Toda essa tecnologia e acessibilidade tem uma dimensão muito positiva e evolutiva pro ser humano, isso me parece inegável, mas ao mesmo tempo, parece que quanto mais aparelhos temos de registros, mais perdidos nos tornamos. E mais longe da realidade vamos ficando. Isso é um desastre.
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Video-arte de @2ncs ?
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