“Ter liberdade não significa fazer o que se quer. A verdadeira liberdade vem quando você disciplina sua mente para fazer o que é certo, independente do que você quer”.
– BHAGAVAD GITA, 3.34
A tradução do verso da Gita não é exatamente esta, que foi reproduzida pela indiana Munmun Ganeriwal, e sim fala do “gostar” e “desgostar” causados pelos órgãos do sentidos, e que não deveríamos nos basear demais neles pois podemos ser enganados.
Sri Swami Sivananda, o grande yogue de Rishikesh, faz um comentário a esse trecho do Capítulo 3 da Bhagavad Gita, que diz o seguinte:
“Discipline o mais baixo Ser pelo mais alto Ser. Sujeite a mente inferior à mente superior. É difícil conquistar o desejo porque ele é de uma natureza complexa e incompreensível. Mas o indivíduo de discriminação e desapego, que faz prática espiritual constante e intensa, pode conquistá-lo de maneira bem fácil”.
Usando o verso original e esse comentário de Sivananda, podemos chegar perto da interpretação da frase de Ganeriwal, que contém uma coloquialidade interessante pro nosso entendimento. Seguir a mente e seus condicionamentos não é uma atitude realmente yogue, pois não há consciência nem disciplina na mente. É quase como a mente de um animal, que se move por cheiros, visões, audições. Pela prática espiritual se desperta aquilo que é chamado da mente superior, e aos poucos vai se percebendo esse “mais alto Ser” – Atman. O desejo, os gostares e os desgostares, podem assim serem controlados e subjugados por algo que se percebe como verdadeiramente superior. Sem despertar nada além dos sentidos, sobrará apenas a permanente dúvida de “quem é esse superior que deve decidir”.
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