A história do sujeito que fugiu da Morte em Barcelona para encontrá-la em Marrakesh

Você encontra seu destino na estrada que você pega para evitá-lo.
– JEAN DE LA FOUNTAINE (1621-1695)

Não sei quantos contextos pode ter essa frase, mas um deles certamente é a de que não podemos fugir das coisas. E se fugimos, é porque já estavam em nossa rota. Ao alterar nossa rota por causa dela, estamos de alguma maneira fortalecendo sua presença e importância. Essas coisas não são externas, não acontecem ao acaso como se fosse um tufão passando por um chão de folhas secas, elas estão acontecendo a partir da uma matriz, que somos nós mesmos. Ao fugir, estamos alocando uma quantidade de energia e um sistema de evitação enormes que estarão sempre dedicados a essa tarefa de evitar e fugir dessas coisas. Essas mesmas coisas que teremos que resolvê-las algum dia. Porque fugir não as soluciona, mas as prende. “O que você resiste, persiste“, dizia Carl Jung.

É o próprio ato de evitar que suspende a fruição das coisas e estabelece a necessidade da resolução – que aqui entende-se como uma resolução em um tempo futuro, e usa-se a palavra destino.

Conta-se a história de um cara que ao sair de um mercado em Barcelona encontrou a Morte vindo em sua direção na calçada oposta. Quis mudar de direção para que a Morte não o visse, mas se deu conta que não era mais possível. No dia seguinte fez as malas e rapidamente viajou para Marrakesh. Chegando lá, assim que saía do hotel para jantar, esbarrou com a Morte. Ela disse: “Olá! Fique tão surpresa ao encontrá-lo ontem em Barcelona. Porque eu sabia que tinha um encontro com você hoje em Marrakesh“.

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