“Não medite para consertar a si mesmo, para se curar, para melhorar ou para se redimir: em vez disso, faça como um ato de amor, de profunda e afetuosa amizade consigo mesmo. Dessa maneira não existe a menor necessidade da sutil agressão do auto-aperfeiçoamento nem da infinita culpa de não estar fazendo o suficiente. Esse jeito oferece um fim para a incessante roda de tentar com tanto esforço que amarra a vida de muitas pessoas em um nó. Ao invés disso agora há a meditação como um ato de amor. Como isso é infinitamente maravilhoso e encorajador.”
~ Bob Sharples, em “Meditation: Calming the Mind”
Durante a pesquisa para a tradução desse trecho acima, encontrei algumas matérias que falavam dos “n benefícios da meditação“, das mais variadas maneiras, como já é de praxe na mídia e nos costumes ocidentais (fazer uma coisa por causa do que ela vai trazer), e uma ou duas dessas matérias citavam inclusive esse próprio trecho do livro “Meditation: Calming the Mind“, do Bob Sharples, psicólogo australiano e professor de meditação. Mas meditar “pelo benefício de” é praticamente o oposto do que ele fala neste trecho. Sem planos, sem benefícios, sem expectativas é que é possível estar finalmente aqui, com o melhor amigo no maior ato de amizade que você já deu e recebeu – de você para você mesmo. A crença de que algo deve ser melhorado, consertado ou mesmo curado está descrita como absolutamente desnecessária por Sharples, e mais do que isso, um obstáculo.
E quem nunca sentiu a “infinita culpa de não estar fazendo o suficiente” (que expressão sinificativa!)? Nunca nada parece ser o suficiente para nosso ir e vir de constante busca e escassez. O que fizemos hoje? Por onde fomos, o que procuramos? E quais os “planos pro fim-de-semana”? Na meditação, como Sharples lembra, é hora disso tudo dar um tempo, ir embora, por inteiro, sem nem uma necessidadezinha qualquer que possa atrapalhar a grande amizade e o grande ato de amor que está acontecendo ali. Nem a de um a almofada melhor, ou de um apartamento com menos barulho. Tudo está incluído.
O livro “Meditation: Calming the Mind” não precisa ser comprado nem lido para que a profunda amizade descrita acima possa ser permitida existir. Mas, para quem quiser, pode ser adquirido na Amazon em inglês (ainda não foi publicada em português).
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Foto de MacEst (licença de uso BY-NC-SA Creative Commons)
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E quem nunca sentiu a “infinita culpa de não estar fazendo o suficiente” (que expressão significativa!)? Nunca nada parece ser o suficiente para nosso ir e vir de constante busca e escassez. O que fizemos hoje? Por onde fomos, o que procuramos? E quais os “planos pro fim-de-semana”?
Foi legal, muito legal, “ouvir” isso agora. Agradecido. :-D
:-)
Oba, um membro do ‘Clube’. Alguém que entende: Meditação – “Faça esse carinho em você!”
Grata e Boa Sorte.
Norma
P.S.: Se quiser dar uma caprichada no ‘presente’, se dê tb, uns 15 mins. na posição cadáver (Obrigada, Prof. Hermógenes!), antes de voltar à ativa. Tudo estará te esperando. Do mesmo jeito (ou é impossível que alguma ‘solução’ tenha aparecido – Pisc*) Se houver modificação é em você. E como tudo ocorre dentro…
Pra começar vale tudo: salas de esperas, no chuveiro, intervalos de aulas, voltar mais cedo do almoço. 5 mins que seja (aki tem um post de Meditação 5 mins). Tente. Bjo Nac
Delicia de mensagem!!!
Entre “agressão do auto-aperfeiçoamento nem da infinita culpa de não estar fazendo o suficiente” X “faça como um ato de amor, de profunda e afetuosa amizade consigo mesmo”, eu prefiro um ato de amor. Tão óbvio e tão difícil de ver a diferença!!!
Obrigada e abraços com afeto para todos.
“Sutil agressão do autoaperfeiçoamento”. Chic!
Hum…, Pedro, achei (realmente) interessante!
Dá para desenvolver?
Quem disse essa frase? Vejo que está entre parênteses.
Vc acha que eu possa ‘usá-la’ na hipótese de: ao dar uma canelada contra um mível e ao levar a mão para frincionar o local dolorido (algo que fazemos instivamente), eu esteja em pleno exercício de uma “sutil agressão” à situação vigente (dor), já que busco o meu ‘bem estar’ e quero voltar ao estado de equilíbrio anterior?
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Dados antigos. A “agressão” (bem + violenta) em dias atuais é bem maior:
“A venda do ansiolítico clonazepam (“Rivotril para mim é água”, ouvido de alguém recém-chegado aos 30 anos – Nac) disparou nos últimos quatro anos no Brasil, fazendo do remédio o segundo mais comercializado entre as vendas sob prescrição.
(…) Entre 2006 e 2010, o número de caixinhas vendidas saltou de 13,57 milhões para 18,45 milhões, um aumento de 36%. O Rivotril domina esse mercado, respondendo por 77% das vendas em unidades (14 milhões por ano). Reportagem de Cláudia Collucci, na Folha de S.Paulo.
O levantamento foi feito pelo IMS Health, instituto que audita a indústria farmacêutica (…)
Para os psiquiatras, há um abuso na indicação desse medicamento tarja preta, (…).
Eles apontam algumas hipóteses para explicar o aumento no consumo: as pessoas querem cada vez mais soluções rápidas para aliviar a ansiedade e o clonazepam é barato (R$ 10, em média).
Médicos de outras especialidades podem prescrever o ansiolítico e há falta de fiscalização das vigilâncias sanitárias no comércio da droga. (…)”
Fonte:http://www.ecodebate.com.br/2011/01/18/venda-de-calmante-dispara-no-brasil-dependencia-pode-ocorrer-apos-3-meses/
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Claro que há casos e casos, mas entregar a minha necessidade de ‘solução’ à uma caixinha de remédios (milagroso? Â-hâ!) receitado por alguém que possa estar vivendo uma situação pior do que a minha, SEM TENTAR outras alternativas, tipo meditação (não falo de religião. falo de autocuidados amorosos, já que está provado – cientificamente – seu campo de atuação na pressão arterial, batimentos/
arritimias cardíacas, entre outros), me parece uma, isso sim, “explícita agressão” ao autoaperfeiçoamento.
Abçs.
Boa sorte, Norma
“Dessa maneira não existe a menor necessidade da sutil agressão do auto-aperfeiçoamento nem da infinita culpa de não estar fazendo o suficiente.”
Pedro, tens razão. Como é ‘chic’ – a construção e o que ela descreve. É uma grande seta em neon, facilitando a Vida e apontando “This way, pls” – é por aqui. Não complique…
+ 1X grata!
ei, Norma, a frase está no texto do Bob Sharples, que abre o artigo. Instigante, né? abs
Ô querido, grata!
Forte abraço, Nac