Anjos e bodhisattvas: a visão do físico Amit Goswami sobre a natureza de seres realizados após a morte [LIVRO]

De malas prontas para vir ao Brasil para mais um workshop de “Ativismo Quântico“, o professor indiano e Ph.D em Física Quântica pela Universidade de Calcutá (Índia) Amit Goswami estudou e escreveu um livro a respeito da possibilidade da existência da alma e da reencarnação do ponto de vista da física quântica e, entre os assuntos pesquisados, está uma breve análise sobre a natureza física dos anjos e dos bodhisattavas. Intitulado “A Física da Alma” (320 pgs, Editora Aleph), o livro é uma viagem de investigação sobre a possível sobrevivência de uma entidade chamada alma, ou mônada quântica, e como isso aconteceria no âmbito do que na cultura ocidental se conhece por anjos e na cultura oriental budista por boddhisattvas (seres de sabedoria realizada). Ambos, segundo eles, seriam “pessoas que renascem na forma sambhogakaya, que é uma metáfora para dizer que essas pessoas não se identificam mais com corpos encarnados, não precisam mais das mônadas quânticas para transmigrar propensões e tarefas inacabadas de uma vida para outra”. Um dos bodhisattvas do cânone budista citados por Goswami é o célebre Avalokiteshvara (imagem).

Um trecho do livro que fala exatamente sobre isso segue transcrito abaixo – Capítulo 7, páginas 103 e 104. Apesar do capítulo ser um dos finais do livro e ser melhor compreendido com a leitura das partes anteriores, a explicação abaixo é perfeitamente compreensível em separado.

Para saber mais sobre o workshop de Amit Goswami no Brasil, de 8 a 11 de novembro, em São Paulo, visite amitgoswami.com.br.

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ANJOS E BODHISATTVAS” [TRECHO] Por Amit Goswami

“Anteriormente, apresentei a idéia de que os anjos pertencem ao reino transcendente dos arquétipos. São os anjos sem forma.

Pessoas que renascem na forma sambhogakaya, que é uma metáfora para dizer que essas pessoas não se identificam mais com corpos encarnados, não precisam mais das mônadas quânticas para transmigrar propensões e tarefas inacabadas de uma vida para outra; elas cumpriram suas obrigações contratuais. Logo, suas mônadas quânticas desencarnadas tornaram-se acessíveis para todos nós, e podemos tomar emprestado seus corpos mental e vital, caso sejamos receptivos a seu serviço. Elas se tornam um tipo diferente de anjo, um anjo na forma de uma mônada quântica realizada (a forma sambhogakaya). (Para recentes perspectivas sobre anjos, ler Parisen, 1990.)

No hinduísmo, há o conceito de arupadevas e rupadevas. Arupadevas — devas sem forma — são puramente contextos arquetípicos, representando entidades diferentes; têm corpos vital e mental individuais (incluindo os mapas mentais do intelecto). São as mônadas quânticas desencarnadas, de pessoas libertadas.

De modo análogo, no budismo, há bodhisattvas arquetípicos e sem forma como, por exemplo, Avalokitesvara, o arquétipo da compaixão. Em contraste, os budistas libertados, quando morrem, tornam-se bodhisattvas na forma desencarnada da mônada quântica realizada; optam por sair do ciclo morte-renascimento e nascer no reino sambhogakaya. Este renascimento, como a mônada quântica desencarnada por trás do ciclo nascimento-morte, é parte daquilo que os tibetanos chamam de experiência do quinto bardo.

De maneira geral, pede-se que o budista se torne um bodhisattva — para ficar prestes a se fundir com o todo, não o fazendo enquanto toda a humanidade não se libertar do samsara. E daí o célebre voto de Quan Yin: “Nunca procurarei nem receberei a salvação individual e particular; nunca entrarei sozinho na paz final; mas por todo o sempre, e por toda a parte, viverei e me empenharei pela redenção de todas as criaturas do mundo”. Encontramos uma prece semelhante no Bhagavata Purana dos hindus: “Não desejo o estado supremo… nem a libertação dos renascimentos; que eu possa assumir a tristeza de todas as criaturas que sofrem, e entrar nelas, para que se libertem de seu pesar”.

Pensemos nisso de outro modo. Ellen Wheeler Wilcox escreveu sobre a idéia de se encontrar frente a frente com Deus, ou de ver a clara luz em seu poema “Conversação”:

Deus e eu a sós no espaço… ninguém mais à vista…
“E onde estão todas as pessoas, meu Senhor”, disse eu,
“a Terra sob nós
e o Céu acima
e os mortos de minha lista?”

“Foi um sonho”, Deus sorriu
e disse: “O sonho que parecia
ser real; não havia pessoas
vivas ou mortas; não havia Terra,
e nem o Céu acima,
havia apenas eu em você”.
“Por que não sinto medo?”, perguntei, “encontrando-o aqui neste momento?
Pois pequei, sei disso muito bem
e existe céu, e inferno também,
e será este o Dia do Julgamento?”
“Não, eram apenas sonhos”,
disse o Grande Deus,
“sonhos que não existem mais.
Não existe isso de medo e pecado;
não existe você… nunca houve você no passado. Nada existe, senão eu”.

Sim, essa é a realidade da clara luz; na clara luz, nada acontece, e isso deve incluir a contemplação da própria clara luz. Para que a criação continue, a aparência da separação deve continuar. E como a consciência continua em sua brincadeira ilusória, por que não continuar a brincadeira nela? Primeiro, brinque-se no corpo físico; depois, sem ele. Mas que se brinque, pois brincar é alegria!

E é assim que os vaishnavitas da Índia postulam que a mônada individual (chamada jiva, em sânscrito) sempre mantém sua identidade. Faz sentido. Se a brincadeira é eterna, o mesmo se pode dizer da (aparente) separação entre jiva e o todo.

O serviço, ou a alegre brincadeira dos anjos, rupadevas e bodhisattvas, não surge apenas pela espetacular escrita automática, que nos deu o Corão ou A course in miracles, mas também como inspirações e orientação em nossos momentos mais difíceis. Bodhisattvas e anjos estão disponíveis para todos nós. Sua intenção de servir é onipresente. Quando nossa intenção se ajusta à deles, tornamo-nos correlacionados; eles atuam e servem por nosso intermédio.

Quando o sábio do leste da Índia, Ramana Maharshi, estava morrendo, seus discípulos lhe pediram para que não se fosse. E Ramana acabou respondendo: “Para onde eu iria?” Com efeito, uma mônada quântica desencarnada como a de Ramana viveria para sempre no campo de sambhogakaya, criando quem precisasse de sua orientação. ”

//////////

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28 Comments

  1. says: norma

    Prof. A.Goswami de volta – :) – a Ciência debruçada sobre à Metafísica de lupa e telescópio. “High five!”

    “um bodhisattva — para ficar prestes a se fundir com o todo, não o fazendo enquanto toda a humanidade não se libertar do Samsara”

    “Não desejo o estado supremo… nem a libertação dos renascimentos; que eu possa assumir a tristeza de todas as criaturas que sofrem, e entrar nelas, para que se libertem de seu pesar”.

    (o UCEM bebe dessa Fonte, assim como estudos elevados da Umbanda)

    Bodhisattvas – nos Dez Estados de Vida – o nono estado é o Estado de Bodhisattva (Bosatsu). (Literalmente Bodhi significa sabedoria do Buda, e sattva, seres sensíveis).
    Uma pessoa na condição de vida de Bodhisattva manifesta uma vida plena de benevolência, pois sua característica é dedicar-se à felicidade das demais). Benevolência neste caso, difere do conceito comumente interpretado como compaixão.

    O 15º capítulo do sutra de Lótus (Yujutsu) refere-se aos Bodhisattvas da Terra, descritos neste sutra como pessoas que emergiram da terra. A “terra” que está usada no sentido figurativo na frase significa as profundezas últimas da vida,a Lei Mística que é a própia energia vital cósmica. A Lei Mística existe dentro da nossa vida. A esta, o Budismo chama de natureza de Buda.

    Para erradicar os sofrimentos de uma pessoa é necessário algo que tenha o poder de “mexer” com a vida desta, fazer manifestar a força inerente da vida, ou seja, o Estado de Buda. E eu (NAC♥),pelos meus ‘filtros’, associo, de forma indelével, à entidade que respondia pelo nome de Madre Teresa de Calcutá, levada a essa conclusão, pelos seus pensamentos e principalmente, ação, entre outras.

    ++++++++

    A “Conversação” da Wilcox é um “paraíso” melhor do que todos anteriormente prometidos.
    (só falo p/mim)

    Esse Deus que – “Ninguém jamais viu a Deus” (João 1:18, 6:46)- do alto da solidão de só SER (Eu Sou) e não se ‘saber’ (não se vê) – CRIOU, para se CONHECER. Se expandiu e observou.
    A volta ao lugar de origem (assim vejo o Poema – gera o diálogo: Já me conheço em você. Já me VI.
    “Inlakesh” (Eu sou você e você sou eu – Idioma Maya). Retome o teu lugar. Estou satisfeito …!

    Tudo Maya, mas há beleza aí… e muita!

    Grata pelo tema e Boa Sorte, Norma

  2. says: michele

    olá amigos, sou leitora assídua do blog e venho aqui dividir com vocês uma nova ciência que descobri navegando na internet ‘The Institute of Noetic Sciences™’ o site é em inglês e todos seu artigos também são, mas pra quem domina a língua, é uma leitura fantástica e libertadora. Espero em breve ver algum post sobre essa nova ciência aqui. Segue abaixo o link do site e de um trabalho acadêmico da presidente do instituto.

    http://noetic.org/about/overview/

    http://media.noetic.org/uploads/files/JCS_17_7-8_018-036.pdf

    1. Oi Michele, já existem alguns vídeos do IONS aqui, certamente aparecerão outros. Agradeço a sugestão do trabalho do presidente do instituto.

      A Teoria do Campo Noétic é mais ampla do que o trabalho do Instituto, que acho que colocou o nome mais porque é uma definição que se encaixa mais ao seu conceito de estudos da mente e da consciência do que outras expressões mais convencionais do conhecimento científico.

      Obrigado,
      Nando

  3. O texto me recordou o livro “A Física Quântica e o Misticismo Oriental” que li há três anos. Creio que a ciência está comprovando, pouco a pouco,a pluralidade existencial e chegará, a explicar com certa facilidade,no futuro próximo, o Deus Uno que habita em cada um de nós e que se expressa – na verdade – pelo “Sentimento de Buda”. Quando a mônada estiver plenamente realizada, atinge esse estado de perfeição e não terá mais que existir como tal.Gostei do exemplo que a Norma deu:Madre Tereza de Calcutá.Também creio nisso.

  4. says: Felipe

    Nando, eu considero deturpação conceitos e teorias científicas começam a ser usadas para explicar coisas que não correspondem ao seu domínio de estudo, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

    Até que esse texto aqui começou certo, pois não colocou num tom de verdade essa relação entre espiritualidade e mecânica quântica. Mas o senhor Goswami não faz isso. Ele afirma categoricamente a relação entre religião e mecânica quântica, e afirma que é algo comprovado cientificamente. Daí, surgem bizarrices como o tal Ativismo Quântico. É como diz esse texto aqui: http://ads.tt/zLioow

    1. Entendo teu ponto, Felipe, mas não considero uma crítica válida quando ela simplesmente ataca a fonte sem nenhum argumento válido. Esse link que você passou é um artigo que ataca sem nenhum argumento válido, ele não cita trechos dos trabalhos e apresenta a argumentação que comprova que é um engano ou um erro científico. Sendo assim, eu teria que acreditar na confiabilidade do autor, mas se essa for a medida, esse autor pode dizer qualquer coisa que seria acreditada, já que a medida é sua confiabilidade e não seu argumento.

      Se é fácil para um cientista fazer conexões com o mundo religioso ou espiritual e ser aplaudido por leitores ansiosos de comprovação científica para a vida após a morte (por exemplo), é igualmente fácil para um outro cientista acusar o primeiro de pseudo-cientificidade só porque falou de um campo de conhecimento que não era o seu original. Não me interesso por nenhum dos dois tipos de cientistas.

      Um dos fenômenos frutíferos e positivos da nossa época é a síntese de informações, conhecimentos e sabedorias. Pessoas de um campo de conhecimento percebem conexões com outro campo e se arriscam a estudar e a escrever sobre essas conexões. E faz algum tempo já que o Oriente vai pro Ocidente e vice-versa. Nesse sentido, acho que o background e a pesquisa do Dr Goswami se diferenciam dos dois tipos de cientistas mencionados. Mas nem tenho a pretensão de estar certo, tenho apenas a pretensão de trazer o trabalho e os argumentos para que cada um observe e façamos algo com isso. Portanto, não me preocupo muito com o avanço de um campo sobre outro, desde que seja feita de maneira séria (então, o avanço de um campo sobre o outro não é o problema, mas a seriedade do trabalho).

      Não fiz o curso, mas o Ativismo Quântico me parece um serviço salutar para nos ajudar a trocar um paradigma por outro. Como se fosse um “Ativismo Heliocêntrico” na época de Copérnico (acho que um ativismo heliocêntrico ainda é necessário hoje, no mundo de algumas religiões…). O ativismo quântico, nesse caso, é um serviço de esclarecimento e tradução/popularização – até porque o heliocentrismo é bem mais fácil de entender do que a realidade quântica.

      Por isso eu te pedi os argumentos, porque acho que pode ajudar a entender melhor caso você esteja vendo deturpação. Ninguém quer deturpação aqui, só Verdade. :)

      Um abraço grande,
      Nando

  5. says: julio

    Felipe, crê existir, em termos científicos
    ou metafísicos algo definitivo?
    Dentro do conceito de Maya, Indiana,
    tudo é ilusão. Tudo que nasce morre, inclusive o Universo.
    O que o Nobre pesquisador Amit Goswami consegue com assombrosa propriedade e consciência é unir o que há muito deveria ter sido unido.
    Há, afinal, um mundo concreto e um mundo abstrato para o qual pouco se olha, embora seja aí onde tudo teve inicio.
    As dimensões revelam bem essas fronteiras,
    e para rompê-las são necessários muitos olhares… e estes, certamente Amit Goswami tem. Eu tomaria muito cuidado antes de criticar uma mente tão brilhante quanto essa.

    1. says: Felipe

      Sim, tudo é impermanente. E acho que isso é uma verdade científica também.

      “O que o Nobre pesquisador Amit Goswami consegue com assombrosa propriedade e consciência é unir o que há muito deveria ter sido unido.”

      Acho que ele está unindo coisas com muito desleixo. Muitas das coisas tem uma relação de analogia somente, mas ele coloca como se fosse uma relação de…como posso dizer…ontológica. Como se as duas abordagens tivessem sempre se referindo às mesmas coisas. Não confundamos uma coisa com a outra.

      “Eu tomaria muito cuidado antes de criticar uma mente tão brilhante quanto essa.”

      Ele se diz cientista, mas é no máximo filósofo…Não que seja uma desqualificação, mas acho que ele quer fazer junções impróprias.

      http://dragaodagaragem.blogspot.com.br/2007/12/o-guia-ctico-para-assistir-o-segredo_20.html

      http://dragaodagaragem.blogspot.com.br/2007/05/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html

  6. says: Norma

    Alô Felipe,
    Não conheço Física p/trabalhar COM vc a fim de chegar a um lugar comum ,por tanto não me considero apta a defender nenhum lado.Mas ‘aprendi’ que tudo depende do observador…

    (E que tal se os misticos aprendessem fisica de verdade (e não estou me ref, ao Dr. Goswani) e os fisicos por sua vez, metafisica e outros ramos da filosofia, mas em especial mesmo a metafisica …)

    Aparentemente, outros cientistas tb pensam assim e estão se juntando ao Dr. Goswani.

    Eu, por ter gostado da teu “Espírito de Procura, vou perguntar se vc já ouviu falar que:

    A alma é um computador quântico conectado ao universo?
    (o Sir Roger Penrose – tem um CV “de responsa” – Pisc*)

    Em uma tentativa de inserir na ciência os conceitos de “alma” e “consciência”, os cientistas Stuart Hameroff (diretor do Centro de Estudos da Consciência na Universidade do Arizona, EUA) e Sir Roger Penrose (físico matemático da Universidade de Oxford, Inglaterra) criaram a teoria quântica da consciência, segundo a qual a alma estaria contida em pequenas estruturas (microtúbulos) no interior das células cerebrais.

    Eles argumentam que nossa “consciência” não seria fruto da simples interação entre neurônios, mas sim resultado de efeitos quânticos gravitacionais sobre esses microtúbulos – teoria da “redução objetiva orquestrada”. Indo mais longe: a alma seria “parte do universo” e a morte, um “retorno” a ele (conceitos similares aos do Budismo e do Hinduísmo).

    De acordo com Hameroff, experiências de quase morte estariam relacionadas com essa natureza da alma e da consciência: quando o coração para de bater e o sangue deixa de circular, os microtúbulos perdem seu estado quântico. “A informação quântica contida neles não é destruída, não pode ser; apenas se distribui e se dissipa pelo universo”. (tem um vídeo bem legal lá)

    http://hypescience.com/mecanica-quantica-explica-a-existencia-da-alma/

    Boa Sorte.

    Nac♥

    P.S.: Nunca desejei tanto usar um Ctrl+Bold num texto :D

  7. says: norna7

    Dec03
    Norma
    Your comment is awaiting moderation.

    Alô Felipe,
    Não conheço Física p/trabalhar COM vc a fim de chegar a um lugar comum ,por tanto não me considero apta a defender nenhum lado.Mas ‘aprendi’ que tudo depende do observador…

    (E que tal se os misticos aprendessem fisica de verdade (e não estou me ref, ao Dr. Goswani) e os fisicos por sua vez, metafisica e outros ramos da filosofia, mas em especial mesmo a metafisica …)

    Aparentemente, outros cientistas tb pensam assim e estão se juntando ao Dr. Goswani.

    Eu, por ter gostado da teu “Espírito de Procura, vou perguntar se vc já ouviu falar que:

    A alma é um computador quântico conectado ao universo?
    (o Sir Roger Penrose – tem um CV “de responsa” – Pisc*)

    Em uma tentativa de inserir na ciência os conceitos de “alma” e “consciência”, os cientistas Stuart Hameroff (diretor do Centro de Estudos da Consciência na Universidade do Arizona, EUA) e Sir Roger Penrose (físico matemático da Universidade de Oxford, Inglaterra) criaram a teoria quântica da consciência, segundo a qual a alma estaria contida em pequenas estruturas (microtúbulos) no interior das células cerebrais.

    Eles argumentam que nossa “consciência” não seria fruto da simples interação entre neurônios, mas sim resultado de efeitos quânticos gravitacionais sobre esses microtúbulos – teoria da “redução objetiva orquestrada”. Indo mais longe: a alma seria “parte do universo” e a morte, um “retorno” a ele (conceitos similares aos do Budismo e do Hinduísmo).

    De acordo com Hameroff, experiências de quase morte estariam relacionadas com essa natureza da alma e da consciência: quando o coração para de bater e o sangue deixa de circular, os microtúbulos perdem seu estado quântico. “A informação quântica contida neles não é destruída, não pode ser; apenas se distribui e se dissipa pelo universo”. (tem um vídeo bem legal lá)

    http://hypescience.com/mecanica-quantica-explica-a-existencia-da-alma/

    Boa Sorte.

    Nac♥

    P.S.: Nunca desejei tanto usar um Ctrl+Bold num texto :D

    1. says: Felipe

      “Aparentemente, outros cientistas tb pensam assim e estão se juntando ao Dr. Goswani.”

      Sim, Norma, da mesma forma que existem leigos e MÉDICOS que acreditam na homeopatia, apesar de ainda não existir evidência de que ela funcione.

      “A alma é um computador quântico conectado ao universo?”

      Não importa quem afirme tal coisa, Norma, o que importa é que não existe evidência de tal coisa. ALiás, essa frase em si já é uma má interpretação do que quer dizer quântico e do que é um cmputador quântico. Acredito até que a ANALOGIA seja possível, mas afirmar que isso tem rigor científico só porque pegou emprestado o termo quântico da física não faz sentido.

      “criaram a teoria quântica da consciência, segundo a qual a alma estaria contida em pequenas estruturas (microtúbulos) no interior das células cerebrais.”

      Sim…o problema é que essa hipótese não foi verificada e eu nem vejo como possa ser. Vcs vêem?? Além disso, para que ela seja veriicada é preciso descrever bem precisamente esse termo tão plural e passível de mil interpretações que é “alma”. A palavra pode ser usada em nível de metáfora, literal, metafísico, místico, esotéricos, religioso, psicológico…Mas não vejo como nalguma dessas interpretações possa ser apoiada pela mecânica quântica.

      “efeitos quânticos gravitacionais sobre esses microtúbulos”

      Nem sei o que achar disso. Sò o que posso dizer é que nem existe uma teoria quântica da gravidade ainda, como eles poderiam falar cientificamente que a alma ou a consciência teriam algo a ver com isso?

      Bom, obrigado pela disposição em argumentar, Norma

      Abraço! :)

  8. says: Norma

    Só acrescentando:

    “Amit Goswami é professor emérito do Institute of Theoretical Science da University of Oregon, nos Estados Unidos.

    *Professor emérito é provavelmente a maior distinção que um professor universitário pode obter, reservada para aqueles que se distinguiram em suas carreiras a ponto de sua instituição não desejar que eles dela se afastem no momento de sua aposentadoria.*

    Boa Sorte.

  9. says: julio

    Felipe, faço coro ao Nando quanto à especificidade da deturpação que vc vê na Obra desse Gigante, desculpe, mas é isso que eu percebo nesse autor, seja pelo saber cientifico bastante aprofundado, seja pelo domínio esotérico com que fala dessa vertente, seja pela maior de todas as virtudes, que é a humildade.

    Natural pela sua origem Indiana, e num ponto essencial o Nando toca e deixa bem claro, que é o seu domínio da cosmologia esotérica, muito bem casada com a física.

    Há, entretanto um aspecto em sua obra, que é de uma coragem e riqueza para o Ocidente sem precedentes, nesse tipo de literatura.

    Felipe, vc sabe muito bem que a Física parte do princípio de que as formas vão desenvolvendo a consciência, e Ele corajosamente defende o contrário, a consciência é que cria as formas para se manifestar. Neste sentido, eu que sou um humilde observador concordo inteiramente com essa ideia.
    Vc falava da Impermanência e de fato o universo e tudo que nele vai é impermanente, todavia há um inicio, há uma matriz universal e essa é Permanente, Eterna, Absoluta como o Oriental gosta de chamar; e quando resolve ser verso d si mesmo o faz com a sua Mega Vontade, digamos assim e esta é também um Mega Atributo da Mente, portanto CONSCIÊNCIA que busca a forma de se expressar. Não acha razoável essa ideia?
    Einstein, por exemplo, também compartilhava com ela quando diz: “Quero conhecer os pensamentos de Deus,o resto é detalhe.” Os pensamentos de Deus não seriam a consciência e os detalhes a forma posterior?
    Enfim, por tudo que Amit Gosswami vem fazendo pelo espírito Ocidental tendo em vista a hora do Ocidente e nomeadamente o Brasil como capital espiritual do mundo, sob a Égide do Rei do Mundo, com os Orientais Chamam Melk-Tsedeque,lhe sou grato, muito grato enquanto mero observador, mas vigilante pelo Brasil.

    1. says: Felipe

      “Felipe, vc sabe muito bem que a Física parte do princípio de que as formas vão desenvolvendo a consciência, e Ele corajosamente defende o contrário, a consciência é que cria as formas para se manifestar.”

      Nando, a Física nem fala de consciência. Isso é coisa da psicologia e da neurociência.

      “Não acha razoável essa ideia?”

      Na verdade, olhando imparcialmente, ela pode ser razoável filosoficamente, e mesmo assim tenho minhas dúvidas. Dizer que o Amit ou qualquer outro físico deu suporte de evidências pra isso não faz sentido, sério, sem querer ofender. rs Não ´é porque uma hipótese filosófica usa termos da física que ela vai ter que ser enquadrada dentro da física pu receber o status de hipótese ou teoria científica.

      Agora, dando um parecer mais pessoal, de acordo com o que eu acho…bom, eu sou bem próximo do Zen budismo, pratico zazen e tal…Então, eu não acho que faça muito sentido a idéia de uma consciência global que tem desejos vontades, quer se expressar e tal. Essas idéias pra mim não fazem sentido primenramente pelo fato de que esses termos só poderiam ser usados como analogia, na falta de outras palavras para se referir a algo tão amplo, imperscrutável e inominável como o Todo do Universo, em todas as suas Leis, digamos. E as religiões, no fundo, falam exatamente disso…dessa esfera na qual as palavras são insuficientes para definir. Então, a idéia de um Deus pessoal e quase humano, pra mim soa como bem primitiva.

      “Einstein, por exemplo, também compartilhava com ela quando diz: “Quero conhecer os pensamentos de Deus,o resto é detalhe.” Os pensamentos de Deus não seriam a consciência e os detalhes a forma posterior?”

      Não…Einstein era panteísta, nos moldes de Spinoza, o que significa que ele não acreditava num Deus pessoal e nem separava-o da natureza. Para ele a própria Natureza era Deus. Mas no sentido sobrenatural e pessoal que estamos acostumados no Ocidente. Então, conhecer a mente de Deus não tem a ver com consciência, mas com conhecer as Leis da Física.

    2. Opa, não fui eu quem disse os parenteses que está na tua resposta, Felipe. Rebobina aí. :)

      Mas eu gostaria de dizer algo sobre a “idéia de uma consciência global com desejos vontades”, pois isso é claramente uma fabricação pós-judaico-cristã e pré-qualquer coisa mais decente. É um conceito racionalista reativo, de quem se apercebeu do primitivismo religioso e não sabe o que tem pela frente – Spinoza também totalmente reativo nesse sentido. Desejos e vontades são atributos totalmente humanos, e até subhumanos talvez (rs).

      Mas essa mistura de religião com filosofia, ou pior, com escola de sabedoria oriental, é muito triste. É um desserviço ao esclarecimento e aos caminhos de tanta gente que está buscando com sinceridade. Uma filosofia, em tese, pode ser qualquer coisa, qualquer crença ou defesa racionalista de uma visão da vida. No Ocidente você pode ser dizer filósofo e inventar um ramo e uma corrente qualquer. Mas escola de sabedoria está anos-luz disso, é por princípio uma tradição com seres auto-realizados, com instruções muito avançadas de conhecimento da realidade, milenares, e geralmente conectados a um entendimento superior.

      Ken Wilber já falou disso:
      http://dharmalog.com/2012/08/20/as-imensas-e-ainda-ignoradas-diferencas-entre-as-muitas-formas-de-espiritualidade-e-religiao-por-ken-wilber-video/

      ABS,
      Nando

      PS: Esse sistema de comentários tá bagunçando o que é réplica do que aqui, tenho que dar uma olhada nisso.

  10. says: julio

    Felipe, acho que entendi onde pretende chegar.
    Em primeiro lugar não se falou aqui em Deus Pessoal.
    Eu acredito no Deus, Teo, Zeus, Absoluto, Fonte, Raiz… de Einstein e de Spinosa, pois não seriam eles levianos de não acreditarem numa fonte… que não muda nada chamá-lo de Deus ou Natureza, apenas porque as religiões o antropomorfizam.
    Quanto às leis da física a que vc se refere e que ele deseja conhecer, são leis da natureza, e não foi nem é a física que as criou ou cria, apenas as vai descobrindo; e os pensamentos de Deus sim, são essas leis universais, que não acredito que nenhum pesquisador, salvo os materialistas as neguem. Agora lhe faço uma pergunta: conhece algum físico que atribua à inteligência a criação de formas? ao contrário, não seguem a linha de que as formas se tornam inteligentes de acordo com as necessidades do meio, onde se desenvolvem?
    Já na questão alma e do conjunto ser humano há muita confusão em relação aos planos e dimensões, vibrações e veículos através dos quais a vida flui… e tem um proposito evolutivo. Como essa evolução se dá depende da escola e da medida de cada um.
    Num cântaro de vinte litros, por exemplo, não cabem quarenta. Deus pessoal, objeto da fé preenche um espaço tempo necessário à manutenção da alma do crente, assim com as leis da física, que são as mesmas leis universais que regem os Universos, alimentam os físicos dos quais, se muito mais andarem nossos cientistas não irão muito além deste nosso. Segundo as fontes de pesquisa esotéricas do Dr. Goswami,salvo engano este seria o quarto universo…
    E isto, não importa a linguagem não muda na sua estrutura fundamental. O principio inteligente cria as formas pelas quais se desenvolve e volta á casa paterna, que é a fagulha universal informe sem gunas Anjo, e com forma com gunas Bodhisattva. Bodhi: sabedoria; Satwa: qualidade superior da matéria ou ainda sabedoria de satwas, a mais alta; e sete Bodhisattvas, por exemplo formam Um Buda. Não confundir com Sidarta Gotama, na verdade também ele um Bodhisattva.

  11. says: norma

    Oi Felipe,

    Nesse exato momento, tornei mais um aluno-esponja ouvidente do
    Sim, Norma, da mesma forma que existem leigos e MÉDICOS que acreditam na homeopatia, apesar de ainda não existir evidência de que ela funcione.

    1. says: norma

      Oi Felipe,

      Nesse exato momento, tornei-me mais um aluno-esponja ouvinte do qualquer outra posição:

      “Sim, Norma, da mesma forma que existem leigos e MÉDICOS que acreditam na homeopatia, apesar de ainda não existir evidência de que ela funcione.”

      Eu poderia contra-argumentar é verdade, mas Homeopatia… não sei não.
      O que cura mesmo é a Fitoterapia!

      E vc poderia me responder: mas é claro inúmeros remédios são processados de ervas. Mas esse não foi o processo usado por mim para que a fitoterapia entrasse no meu sistema de crenças. Sei que não é muito análitico ou científico o meu método de plena atenção ao que está ocorrendo no meu sistema. É acima de tudo, se e como funciona comigo. As ‘evidências’ comprovando ou não sua eficácia não modificariam a minha FÉ na resposta do meu organismo, por exemplo.
      Aliás. não nego eventos, evidências, comprovações de fatos que ocorrem comigo. Na verdade, não me nego, apesar de ser extremamente critoriosa em meu olhar (*). Sei que as Leis Universais são para todos, independente se você as conhece ou não e que comprovações de postulados cientificas são importantes, mas facilito bastante a minha vida, já que sou a ‘Rainha de Copas’ desse meu mini universo, decretei: Funciou? Quantas vezes? Não foram conscidências? Vamos importar (trazer de fora, pra dentro!

      F. é sempre um prazer!
      Boa Sorte, Norma♥

      (*) Quando eu comecei a suspeitar que funfava cmg. Matriculei-me, num Curso (diziam que era o melhor, no momento), acordava às 05:30 todos os domingos, durante 1 ano, saia de Ipa, pegava 2 conduções para ir à uma Chácara em Jacarepaguá. Em relação à pesquisa científica, foi o máx que cheguei. Pisc* Nac

  12. says: Monica Facó

    Nossa! Só agora li esse tema aqui e o maravilhoso debate que gerou; bom ler e “ver” o debate ocorrendo…Em momentos diversos concordei e descordei de todos e deliciei-me com a pretensão minha.
    Não dei conta de ler de forma convincente o “Ativismo Quântico” do Goswami, mas leio e releio, e releio, o “O Ser Quântico” da Danah Zohar. Busco muito compreender a medida do compromisso e da responsabilidade que nos faz dar significado e valor à existência e ela é demais na colocação disso.
    Parabéns a todos. Bjuuus.

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