O drama dos índios Guarani-Kaiowá por suas terras no Mato Grosso do Sul e a mobilização na Internet

A carta em que “Índios Guarani-Kaiowá anunciam suicídio coletivo no Mato Grosso do Sul” (Coluna Felipe Patury, Revista Época, 17/10/12) iniciou um movimento de divulgação nacional em torno do drama das tribos do Centro-Oeste brasileiro que tomou as redes sociais no Brasil esta semana, principalmente o Facebook. A carta não é exatamente um suicídio coletivo, mas uma confissão de resistência praticamente sem chance de sobrevivência frente a fazendeiros armados. A quantidade de pessoas que divulgou apelos, vídeos, resumos da situação dos índios à margem do rio Hovy, números e links foi realmente imensa, e, como forma de tentar amplificar mais um pouco e colaborar com a consciência da situação dos índios do nosso país, seguem abaixo alguns dos principais textos, vídeos e links sobre a situação dos índio Guarani-Kaiowá. Segundo a jornalista Rosa Gauditano, o povo Guarani-Kaiowá possui aproximadamente 30 mil índios e, de todas as 233 etnias indígenas brasileiras, esta é “a que está em pior situação”.

Primeiro, um relato do jornalista e antropólogo Spensy Pimentel, que resume a situação:

“Para quem está conhecendo agora a a situação kaiowá e guarani, por conta da carta do pessoal de Pyelito Kue, e tem interesse em ajudar, seguem alguns links, abaixo. Creio que, neste momento, é importante ter em mente duas coisas: 1) Pyelito é um grupo guarani-kaiowá, dentre mais de 60 – há 30 terras indígenas e mais de 30 acampamentos em beiras de estrada e fazendas, e cada um desses lugares tem suas próprias lideranças, elas se reúnem todas na grande assembleia, a Aty Guasu, que existe, como organização de luta, desde os anos 80; 2) a luta em MS já vem de muito tempo, e vai durar muito tempo ainda, porque o processo de regularização das terras é extremamente complicado – portanto, para quem estiver sensibilizado, é importante construir o entendimento de que é preciso persistência e paciência, e que as coisas não vão se resolver da noite para o dia. Oxalá seja evitado o despejo do pessoal de Pyelito! Mas, quando isso acontecer, não deixem de prestar atenção à situação lá! Para quem acompanha a luta guarani-kaiowá há mais tempo, episódios como esse são quase rotineiros – a cada 3 meses aparece uma ordem de despejo ou uma nova ocupação de terras em que ocorrem conflitos…”
~ Spensy Pimentel, na página “Mães de Maio

Uma matéria do mesmo autor está publicada na Carta Capital, sob o título “O Desafio da Paz” (14/02/2012).

Uma pesquisa recente da ONG Repórter Brasil também traz preciosas informações sobre a situação da ocupação das terras indígenas por usinas e pelo agronegócio: Estudo denuncia produção de soja e cana em terras dos Guarani-kaiowá. O estudo contém mapas detalhadas sobre todas as usinas e fazendas, os nomes dos proprietárias, as empresas envolvidas com a produção dessas áreas, e pode ser lido na íntegra em PDF aqui.

Abaixo, alguns vídeos que mostram caciques e outros integrantes das tribos dos Guarani-Kaiowá fazendo apelos e falando sobre sua situação, além de filmes que mostram abordagens do problema no Mato Grosso do Sul.

GUARANI KAIOWÁ – O Conflito da Terra“, por Rosa Gauditano (parte 1, 5min35seg):

Algumas palavras do povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul” (5min08seg):

Apelo Guarani-Kaiowá” (9min54seg)

Filme com entrevista e cantos indígenas, “Mbaraka, A palavra que age” (26min45seg):

Filme “À Sombra de Um Delírio Verde” (29min39seg), que mostra a polêmica do etanol e as consequências para o povo Guarani-Kaiowá:

Também algumas das imagens que estão circulando no Facebook esta semana:

 

Uma petição foi criada no site Avaaz em defesa dos índios Guarani-Kaiowá: acesse aqui.

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Foto superior deste post do cacique guarani-kaiowá Nisio Gomes (1952-2011), Divulgação.

Compartilhado por O Bosque De Berkana, Evânia Reichert, Joyce Amaral Mattos, Shakyamuni Swami e Celio Nunes Leite.

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2 Comments

  1. says: norma

    Nando,

    Eu sou apoiadora do Avaaz e já tinha assinado a petição.De certa forma vou acompanhando.

    Hoje de manhã, com espanto, li a notícia abaixo:

    24/10/201211h07
    Conselho Indigenista Missionário nega “suicídio coletivo” de kaiowás e guaranis em Mato Grosso do Sul

    http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/10/24/cimi-divulga-nota-negando-suicidio-coletivo-de-kaiowas-e-guaranis-em-mato-grosso-do-sul.htm?cmpid=ctw-cotidiano-mix1

    “Segundo a nota, “os kaiowás e guaranis falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las”.
    A nota demonstra ainda indignação contra a distorção dos fatos: “É preciso desencorajar a reprodução de tais mentiras, como o que já se espalha por aí com fotos de índios enforcados e etc. Não precisamos expor de forma irresponsável um tema que muito impacta a vida dos Guarani Kaiowá”.”

    De qualquer forma, algo lamentável (e muito triste) está ocorrendo de fato, quando o CIMI se pronuncia assim, penso que minimiza e banaliza à real situação e não explica a média de 1 suicídio p/semana:

    “O suicídio entre os Kaiowá e Guarani já ocorre há tempos e acomete sobretudo os jovens. Entre 2003 e 2010 foram 555 suicídios entre os Kaiowá e Guarani motivados por situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas. Nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada.”

    Há que existir um profundo respeito no trato com o Homem e com as ‘coisas’ da Natureza e no caso dos Índios, maior ainda, pois são interligadas e inseparáveis.

    Boa Sorte, Norma

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