“Antes que a morte leve o que foi dado a você, dê o que você tem para dar.”
// JALALADIM MAOMÉ RUMI
“O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.”
// FERNANDO PESSOA
“Antes que a morte leve”: a conscientização de que a morte chega e vai nos levar, e tudo que temos em nós. Porque ela vai levar, a gente não é tão avestruz assim para conseguir fingir eternamente que isso não vai acontecer. Vai acontecer.
“o que foi dado a você”: isso é bonito, deixa implícito que nós recebemos algo precioso. Recebemos essa vida. E a possibilidade de percorrê-la, vivê-la, descobri-la, experimenta-la, revelá-la, e nessa manifestação há esse “algo”, uma jóia, algo que está conosco e faz parte desse nosso trajeto particular de viver. Você tem o seu, eu tenho o meu, e fazemos uma troca. Não é o romantismo de uma missão vocacional épica ou algo assim, mas aquilo que podemos ofertar a partir de quem somos, do nosso modo de viver, de viver, de sentir, de pensar, de querer, de criar e funcionar. Pode ser pequeno, médio ou grande, não importa. Importa que a gente dê isso, que a gente não se isente da grande rede de “interser” que somos.
“dê o que você tem pra dar”: podemos conectar isso àquele poema “a gente se acostuma, mas não devia”. A gente se acostuma a não dar. A morrer com nossa música presa dentro da gente. Se acostuma a viver para a sobrevivência, ou a manter um conforto quando a sobrevivência já se resolveu, ou a se perder em rotinas automáticas em que buscamos as coisas só pra nós, num vetor que não oferece. Aí ficamos ali, naquele cubículo. Nos acostumamos a sermos engrenagens de uma cultura pasteurizada que não acredita que temos algo. Que não temos (e não somos) jóia nenhuma. A gente se desacostumou a dar, a oferecer algo. Tipo, de graça. Não precisa ser de graça, pode ser cobrado, está bem cobrar. Mas oferecer.
Entregar à roda da vida isso que nos foi dado, que é o que temos pra dar, para que os outros usem, assim como nós usamos tanta coisa oferecida por outros.
Antes que a morte leve.
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#morte #oferenda #jóia #vocação #autoconhecimento #proposito
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à vida!
??
Aquela sensação da vida chamando que não atendemos por mais nítida e presente que seja. E como é gratificante quando flui, ajudamos sem nada em troca. Dividimos um pouco do que a vida deu… ??
Texto tocante, lindo ? Gratidão!
Inúmeros seres são responsáveis
por eu estar viva e ter seguido até aqui!
Meus pais me geraram, cresci no útero de minha mãe, um médico salvou minha vida e nasci. Só nesse começo, já teve tanta gente envolvida: aquele motorista que nos acudiu rapidamente, o amigo de meu pai que o tirou do jogo de futebol, a enfermeira, muitos parentes, funcionários, os técnicos que cuidavam da manutenções de equipamentos, a faxineira do centro cirúrgico, a cozinheira do hospital, o agricultor que produziu o alimento da minha mãe, o solo e seus micro-organismos, o sol, o oxigênio, a água… a mãe de minha mãe e a mãe dela. Meu avô, seus pais, meu pai, seus irmãos, amigos…desde esse comecinho de minha vida, que já dura meio século, tantos seres envolvidos. Eu nasci prematura, fiquei numa incubadora e minha avó achava que a pequena rã não sobreviveria. Para que eu esteja hoje aqui, tanta gente trabalhou e deu o melhor de si. Precisei do tempo precioso da vida deles: me alimentaram, me deram afeto, atenção, amor. Essa é apenas uma existência – nas outras vidas, nas incontáveis situações, milhões de seres envolvidos.
Sempre penso que ofereço muito pouco!
Estamos vivos! Que maravilhoso isso.
Somos apenas lembranças. Então bora se esforçar pra deixar mais energia boa do que densa e pesada ??
????
Maravilhoso! Penso nisso todos os dias… Busco fazer e trazer o máximo de amor, cura, alegrias e bênçãos para a minha vida e a de todos…????????
Que linda reflexão! ??
Rumi…?? “dê o que você tem para dar”. Nem mais, nem menos. Seu Dharma. Isso nos basta. Porque não precisamos idolatrar e nem sentir repulsa por nada. Só doar o que temos para doar. E assim, não sentirmos tanto medo da morte quanto ela chegar…viver já é uma doação preciosa. Morrer também deveria ser…linda postagem, Nando. ??????
Sempre um dia a menos (como disse Fernando Pessoa). E, se a gente não sabe qual é o dia que acaba, só resta aproveitar. Recentemente perdi uma amiga (dói muito!) e a morte, materializada na enxurrada que levou a casa dela, foi implacável. A morte é difícil de aceitar, o único alento é se vive todos os dias e (só) se morre uma vez.