“Buda, proponente da Verdade, disse que todos os medos e os incomensuráveis sofrimentos surgem apenas da mente”.
// SHANTIDEVA (em “Guia de Estilo de Vida do Bodisatva”)
Na sequência ele diz:
“Quem criou intencionalmente as armas que ferem os seres nos infernos?
Quem criou aquele chão de ferro em brasa?
E de onde surgiram as tentadoras alucinações?”
As armas que ferem nos infernos podem ser atitudes violentas, acusações injustas.
O chão de ferro em brasa pode ser a raiva descontrolada queimando até a sola dos pés de uma pessoa.
As tentadoras alucinações são as invejas, ciúmes e paranóias que adentramos ao sermos tomados por emoções perturbadoras.
Esses dias assisti de novo ao Reels publicado aqui há 3 semamas em que Carl Jung aparece falando da necessidade de conhecermos muito mais da mente humana, e dessa vez percebi algo novo, que é quando o entrevistador pergunta a Jung:
“Você acha que há pecado e mal na natureza humana?”
Ao que Jung responde:
“Bem, é óbvio”.
Está bem no final do Reels. Se Jung não fosse tão civilizado e tranquilo, arrisco que teria dado uma gargalhada alta nessa resposta. Claro que se fosse óbvio para o entrevistador, ele não teria perguntado. Para Jung, pelo jeito que ele responde, é evidente e indiscutível.
Imagine então o que é compreender essa fala de Shantideva, que é a fala de Buda, de que todos os medos e os sofrimentos vem da mente.
Já consigo ouvir de alguns vasculhando as gavetas de argumentos para listar situações em que nossa mente não é a origem dos medos e sofrimentos. É a guerra, são os políticos deploráveis, as injustiças sociais, as doenças, os tsunamis, etc. Eu entendo, mas antes disso, pause um pouco as questões referentes ao “mundo” e contemple a origem do SEUS medos e dos SEUS sofrimentos. Se isso for bem feito, as outras questões do mundo estarão encaminhadas.
E qual o sentido de se aproximar da visão profunda sobre o papel da nossa mente nas aflições e dores da vida? Largar a insistente ilusão e projeção de que os outros ou o mundo são a causa dos nossos medos e sofrimentos.
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Eu e o outro. Interessante reflexão! Eu acho que a humanidade caminha na direção de uma visão mais sistêmica, em que todos somos partes de um único corpo – cada um, uma peça de um complexo mecanismo em que tudo e todos estão ligados. A divisão nítida e exata eu e o outro, eu e o universo, a separação artificial de todos elementos sem correlação já é obsoleta! Nossa pele, uma sutil fronteira que não bloqueia trocas corporais, físicas e energéticas. Nesse processo de interdependência, todos geramos pensamentos e situações e a nossa própria mente é responsável, sim!
“Bem, é óbvio”. ???? ( aquelas perguntas que fazemos pq ficamos tão presos nas respostas que deixamos de ver o óbvio…) Jung ??