No quadrinho, um rapaz diz ao amigo que teve uma Experiência de Quase-Vida, uma ironia à Experiência de Quase-Morte (EQM), que acho que todo mundo deve ter alguma idéia a respeito. Ele está falando isso aparentemente defronte a uma tv, o símbolo dos mortos-vivos, mas poderia estar com os olhos em um celular ou tomando uma cerveja ou algo assim. Seu amigo ao seu lado no sofá, aparentemente dormindo (ou de alguma forma perdido de si e da realidade), está longe de ter uma experiência de quase-vida.
Minha impressão é que com o avanço da tecnologia, do entretenimento e do consumo, e com a conversão de várias atividades e hábitos ao uso online (principalmente depois da pandemia), há mais de nós dentro de uma zona de entorpecimento permanente por distração. É como se fosse um ciclo auto-renovável de sair das atividades obrigatórias para as de distração e de volta para as obrigatórias e então de volta para as de distração e assim ininterruptamente, sem intervalos perceptíveis.
Não há silêncio, não há percepção clara, não há respiração consciente nem corpo relaxado (a não ser com Dorflex, álcool etc) em nenhum momento do dia. Se houver, é um acidente. Uma experiência de quase-vida. Que logo é “reparado”, com uma tv, um celular, compras, alguma agenda ou distração.
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Isso lembra um pouco o ambiente do filme “Wall-E” (2008), em que os humanos são seres semelhantes a marshmallows com braços e pernas, constantemente comendo e sendo servidos pelo entretenimento e pela tecnologia. Um tipo de apocalipse diferente, sem trovões e erupções vulcânicas, mas com a criação de um universo de humanos inconscientes mimados pela alta tecnologia e vivendo em bolhas de bem-estar isoladas da realidade.
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E lembra Matrix também, né. Consequências da pílula azul.
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o bonde desandou de vez quando o mercado se juntou com quem estuda a mente humana (neurocientistas, psicólogos etc). é a gente contra uma estrutura que sabe tudo sobre nossos mecanismos de atenção, satisfação etc. é tanta distração por algoritmo, que buscar viver no momento presente é cada vez mais um ato de revolução/insubordinação
Nando, estava pensando em algo similar ontem. Sobre como a vida tem passado por nós e não nós por ela. As coisas são tão rápidas, tão apressadas, tão urgentes que a possibilidade de saborea-las quase inexiste.
A gente reage muito, sente tão pouco, elabora menos ainda e quase não age verdadeiramente.
Genial!
Essa é a típica reflexão que nos acorda pois parecemos entorpecidos, anestesiados como zumbis diante da sedução desse mundo paralelo que nos afasta da vida real, do contato humano real e do concreto. Realmente sentimos pouco e pensamos menos ainda por nós mesmos, no meio dessa enxurrada de informações e distrações tecnológicas ininterruptas. Texto perfeito da vida contemporânea. Sequer percebemos estar nessa situação.
Quadrinho incrível! Se não houver uma energia e atitude de sair do lugar comum da sociedade, não vivemos de verdade, passamoa pela vida pulando de distração em distração.
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Como os sábios falavam olhe pra dentro de você,está cada vez mais difícil essa conexão com a centelha, as armadilhas mentais estão a todo vapor…????
Meditar é o novo escovar os dentes… “Tem que” meditar!
?????? ui que medá ?
É total sobre isso!!!!!
Reflexão necessária! ??????
Como já diria Trainspotting: “choose life” ;)
Adorei ? Nando
A gente vive assim mesmo !
Que estupidez nao ?
??
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