“Não meditamos para ver o paraíso, mas para acabar com o sofrimento.” – AJAHN CH

“Não meditamos para ver o paraíso, mas para acabar com o sofrimento.”
– AJAHN CHAH

E acabar com o sofrimento é primordial para ver qualquer paraíso.

Normalmente, “ver o paraíso” é uma propaganda muito mais atraente para a meditação. Talvez isso ajude a explicar porque muita gente vai deixando a prática morrer em suas vidas: porque acabar com o sofrimento só se torna uma missão prioritária quando ele atinge um nível em que temos que parar tudo para cuidar dele. “Paz absoluta”, “puro amor”, “visões celestiais”, “ver o paraíso”, e coisas assim, são as metas que chamam mais nossa atenção.

E, convenhamos, quem não se sentiria atraído?

O problema fundamental é que “ver o paraíso” geralmente é uma motivação iludida para a meditação. Ela parte do hábito da mente que foi condicionada a comprar experiências boas no mercado, e que deve suprimir todas as outras. Esse é geralmente o estado de ignorância em que estamos quando nos lançamos na meditação.

Além de ser uma condicionamento cego, esse tipo de motivação torna a meditação – e a vida – uma guerra. É muito mais uma fonte de fuga, de obsessão pelo prazer e de resistência do que de meditação em si. Sem aceitação, abertura e relaxamento, não há visão profunda e verdadeira da realidade. E, sem isso, não há nenhum paraíso possível.

Se há paraíso, aqui e ali, numa experiência ou outra, ele não consegue ser sustentado por mais do que alguns minutos ou horas. Logo a base do sofrimento se manifesta sobre elas.

Porque o sofrimento não são pedras inertes que você move facilmente. São crenças, hábitos, ilusões profundas e firmes a respeito de nós mesmos, das nossas atitudes, dos outros e do mundo inteiro. São as coisas que não gostamos de ver, e por isso não saem de onde estão, ficam empacadas. E assim, quando queremos estabelecer as experiências paradisíacas em nosso ser, há uma disputa de espaço, uma guerra.

Se não vemos que somos nós mesmos que plantamos o sofrimento, e como é dificil se desfazer de algo tão arraigado, como poderemos extinguir essa batalha em nós?

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