“Para viver neste mundo deves ser capaz de fazer três coisas: amar o que é mortal; agarrar-se a ele com teus ossos sabendo que tua própria vida depende disso; e, quando chegar o tempo de deixá-lo ir, deixá-lo ir.” (Mary Oliver)
Acho que os ensinamentos budistas não sugeririam tanto as duas primeiras coisas, mas, como reles mortais que somos, não vejo como escapar de imediato. Amar é amar também o que é mortal, pois tudo aqui neste mundo é mortal. Talvez a segunda coisa possa ser amenizada: não agarrar-se tanto.
Mas, enfim, o poema tem sua alma e sua força tal como é.
Veja ele inteiro abaixo:
“BLACKWATER WOODS”
por Mary Oliver
“Olha, as árvores
estão transformando
seus próprios corpos
em pilares
de luz,
estão emitindo a abundante
fragrância de canela
e satisfação
as longas velas feitas
de tábuas
estão desmoronando e flutuando sobre
as margens azuis
dos lagos,
e cada lago,
sem se importar com
seu nome, é
sem nome agora.
Cada ano,
tudo
que aprendi
em minha vida
me leva de volta a isto: os incêndios
e o rio negro da perda
cuja outra margem
é a salvação
cujo significado
nenhum de nós jamais saberá.
Para viver neste mundo
deves ser capaz
de fazer três coisas:
amar o que é mortal;
agarrar-se a ele
com teus ossos sabendo
que tua própria vida depende disso;
e, quando chegar o tempo de deixá-lo ir,
deixá-lo ir.”
– MARY OLIVER (em “Blackwater Woods”)
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Maravilhoso ??
Amar tudo que você tiver e ao mesmo ter ser desapegado a tudo que tem forma, pois tudo aquilo que tem forma passa, apenas o não manifesto permanece!?
Mas o poema, ao dizer que ” quando chegar o tempo de deixá-lo ir, deixá-lo ir” demonstra sutilmente que não houve esse apego desmedido, pois se houvesse, não aconselharia deixá-lo ir. É como uma brincadeira amorosa…viva o aqui e ame-o. Mas ame-o sabendo que um dia terás que deixar ir. ??
??
E viva a impermanência ??
Maravilhoso ???
Li os comentários, aprendo muito pois há sempre uma luz que pode passar despercebida.. e sobre o poema, acrescento que na minha interpretação da segunda parte ‘agarrar-se a ele…como se a propria vida depende disso’. Vejo que essa declaração está ligada ao inicio do poema qdo a poeta diz: ‘Olha, as arvores estão transformando’. Vendo o ciclo que ela sugeriu que víssemos (Olha!).. que árvore, de luz emitindo fragrâncias (nao era uma árvore comum), passou a vela e que desmoronando e flutuando apenas deixou-se ir. Reflito…Qual o sentido da Vida se em cada etapa de transformação (arvore, vela e destroço) nao houver um profundo ‘amor’/ conhecimento de si mesmo (agarrar-se com teus ossos, ‘ser mortal que és’) para alcançar as realizações possiveis dentro daquilo que somos levados pelos proprios movimentos da Vida. Creio que k equilíbrio está nessa serenidade do ciclo bem reconhecido em si. Amei ler o poema… muito profundo qdo ela nos aconselha ‘Olha!’. Grata ?
Uma das coisas que tua amizade comigo me ensinou… @taalitamesquita ??