“Aprenda a ler as cartas de amor enviadas pelo vento e pela chuva, pela neve e pela lua”.
– IKKYU (1394–1481)
O alvo original dessa frase era a monges que se dedicavam à leitura dos sutras e ensinamentos: “Todos os dias, os sacerdotes examinam a Lei e cantam sutras complicados sem parar. Antes de fazer isso, eles deveriam – aprender a ler as cartas de amor enviadas pelo vento e pela chuva, pela neve e pela lua”.
Há uma adaptação dos monges para nós, e um imperativo (“aprenda”) no início da frase.
Só que 600 anos depois de Ikkyu, nós pouco lemos a Lei e muito menos ainda cantamos sutras complicados (mesmo eles estando muitíssimo mais disponíveis hoje). Nós preferimos estar perdidos em um monte de atividades mundanas, em desejos pobres de curto prazo ou metas iludidas de longo prazo, cheios de planos de felicidade mas entulhados a cada dia com tarefas que não nos levam a lugar nenhum.
Somos os tais zumbis, completamente desprovidos de vida e sedentos por algo que parece muito bom logo ali na frente, mas não aqui. Nesse vento. Nessa chuva. Nessa neve. Com essa lua. Nossos olhos esbugalhados, nossa taquicardia, nosso desejo nos colocam quase fora do próprio corpo, atropelando-nos uns aos outros em busca de coisas vivas.
Enquanto isso, o vento sopra.
A chuva vem.
A neve cai.
A lua brilha.
As cartas de amor estão todas voando por aí e por aqui.
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