O HOMEM SEM SOMBRA
“O “homem sem sombra” é justamente o homem estatisticamente mais comum, aquele que acha que é só aquilo que ele se importa em saber de si mesmo… Mas o confronto com (o que ele é) representa um problema ético de primeira ordem, que ele só consegue perceber quando se depara com a necessidade de integração da sua personalidade, quando tem uma neurose ou quando sente que sua situação mental não é satisfatória. Certamente não é o caso da maioria; quem é indivíduo-da-massa, por princípio não entende nada… Mas aquele que sabe que algo é responsabilidade dele, ou que pelo menos algo deve ser (responsabilidade dele), sente-se responsável por sua situação mental e tanto mais claramente vê como deveria ser para ser mais saudável, mais estável e mais apto.”
– CARL G. JUNG (em “The Structure and Dynamics of the Psyche”)
Geralmente é assim: a gente só busca terapia quando a coisa tá feia, a gente só busca algo mais profundo quando a vida entra em colapso, a gente só entra na espiritualidade quando “nada mais dá certo”.
Em outro trecho desse mesmo discurso Jung diz que “infelizmente nem o chamado homem religioso nem o homem da pretensa ciência” escapam a essa vala comum – pois em ambos pode não existir o senso de responsabilidade. Um talvez mais às leis imutáveis ou à ausência de sentido, outro mais à espera de salvadores externos.
Jung diz que o homem comum “age sobre a égide de não perceber nada, nem precisa perceber, porque pra ele a única coisa que comete erros é aquela vasta anonimidade conhecida por nomes como Estado ou Sociedade”.
Ou, simplesmente, o “outro”.
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Foto: Carl Jung
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