“A real viagem da descoberta não consiste em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhos”.
– MARCEL PROUST (em “Em Busca do Tempo Perdido”)
Novos olhos, para Proust, era ver com os olhos dos outros, experimentar a existência sob outras óticas, de outros seres, para ver tantas outras dimensões e universos.
Mas isso pode ter um sentido ainda mais orientado a trabalhar sobre a própria mente (que é a que vê). Ter novos olhos seria, numa interpretação mais particular que faço aqui (que pode não ser a intenção original de Proust), seria abrir mais a mente, desenvolver mais as capacidades internas, a consciência, mais do que se dedicar às atividades e conquistas externas. A real viagem da descoberta, lembrando também um pouco de Jung, consistiria não em buscar lá fora, mas em abrir mais os olhos a partir de dentro.
Consistiria assim não em realizar inúmeras trajetórias externas, mas em desenvolver o espaço interno.
Não em satisfazer o desejo de novo e de novo, mas em conseguir ver e compreender mais e mais.
Não em buscar incessantemente o externo, mas voltar-se para o interno e descansar.
Não em acumular novas experiências, mas estabelecer-se na própria presença.
Não em mudar de chão, mas em mudar de capacidade de ver e entender.
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