“Observação significa silêncio, não? Se minha mente está tagarelando, não estou observando você”.
– JIDDU KRISHNAMURTI
Isso é bem simples de perceber. Se você está em alguma conversa mental, com alguma ocupação mental enquanto observa algo ou alguiém, não está realmente observando. Está apenas julgando, classificando, aprovando, rejeitando, inferiorizando, superiorizando, se defendendo, atacando, temendo, controlando, calculando, etc etc etc. Está apenas envolto em idéias, conceitos e interpretações que pouco ou nada tem a ver com a coisa observada. São apenas movimentos mentais que agem a partir das próprias memórias e gravações mentais, como uma máquina de lavar roupa misturando o passado com a tagarelação mental presente – mas que não tem a ver com o presente, pois para estar realmente presente e conseguir observar qualquer coisa, é necessário o silêncio.
Krishnamurti diz no mesmo momento dessa palestra (feita na Inglaterra, em 1976) que essa tagarelação pode ser qualquer coisa, como “não gosto dessa cor, não vou com sua cara, prefiro preto ou marrom ou roxo”. É preciso então ver esses preconceitos, esse mundo de idéias para que se possa estar livre deles.
“Mas você não quer fazer nada disso, você quer atingir o paraíso instantâneo!”, afirma.
Talvez possamos traduzir a indignação dele numa pergunta simples: como poderemos chegar a algum paraíso se não conseguimos ficar em silêncio e observar uma única coisa com a qual fazemos contato?
Krishnamurti enfatiza que um caminho é ter clareza na observação. Quanto mais clareza tivermos na observação, menos tagarelação mental teremos. Pois estamos envolvidos em perceber a coisa observada, e não mais tanto interessados em nos perdermos nos abismos internos da nossa tagarelação mental.
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