“Porque é dando que se recebe”.
– FRANCISCO, de ASSIS
Dar o que? Receber o que?
E qual a importância disso para o auto-conhecimento? Quem afinal está interessado em dar, quando já nos falta tanto?
Geralmente pensamos que os atos e a mensagem de São Francisco de Assis se referem mais à bondade e à simplicidade de não ter riquezas materiais e se entregar à natureza e ao ensino religioso. Realmente se refere a isso, mas não”só” a isso: esse dar (que está na célebre oração) tem uma significado e um poder revolucionários para a mente e a compreensão humanas.
Dar é devastador para o ego. Exige que seu sistema alicerçado no receber, no obter, no conseguir, no ter, seja virado de cabeça pra baixo. Subverte o paradigma da escassez, no qual estamos todos afundados até a cabeça, através de uma atitude simples, de dar. Dar algo, dar um bem, uma ajuda, um tempo, uma presença, um talento. Dar-se.
Dar é amar. E amar muda tudo. Foi o ensinamento do mestre de Francisco.
Ao dar, estamos secando a fonte da nossa pior doença, o egoísmo. Estamos limpando a mente de seus venenos, abrindo-a para ver as coisas verdadeiras. Estamos abandonando os esforços paralisantes ao redor do “eu” e abrindo espaço para ver quem realmente existe aqui além desse “eu” que tudo exige e busca e quer.
Dar significa que você tem. Significa o contato com a abundância perdida pela inconsciência e pela obsessiva busca por algo que não sem tem ou não se é. Dar relaxa o sistema mental e corporal tomados pela tensão do eu quero, eu preciso, eu conseguirei, eu comprarei, eu terei, eu serei.
Esse ensinamento é “velho”, mas permanece praticamente intocado, inusado. À espera de ser realmente realizado, experimentado, testado. Se ficar só numa frase de rede social, ou se for dito numa oração só da boca pra fora, continua intocado.
Vamos nos inspirar a realmente dar algo? A dar-nos?
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