Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, recebe uma aula completa sobre desabar. A q

Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, recebe uma aula completa sobre desabar. A questão é: o que fazer com os pedaços? Algumas pessoas se agacham na pilha de pedaços e aceitam, como macacos cuidando de suas cabras. Outros começam a quebrar o que restou em pedaços cada vez menores e mais esmigalhados, como crianças chutando pilhas de folhas secas. E algumas pessoas, passando por entre as peças espalhadas daquele grande quebra-cabeça, começam a pegar um peça aqui, peça ali, munidas de uma noção vaga, mas irresistível, de que talvez algo possa ser feito para remontar tudo novamente. ”
– MICHAEL CHABON

Há dois pontos que gostaria de ressaltar. O primeiro é logo o início, que diz que todos nós vamos aprender sobre nos quebrarmos. Sobre desmoronarmos, desabarmos, nos afundarmos num buraco sem fundo ou numa (aparente) grande imopressão dederrota, em nossa vida pessoal. O problema, como diz o monge Thich Nhat Hanh, não é que as coisas são impermanentes, é que nós não queremos que elas sejam. Assim, não há como evitar um colapso. Um ou vários. Aquela sensação de que “deu tudo errado” ou “jamais poderia imaginar que isso ia acontecer”.

Até onde consigo ver, não há como não receber essa aula. Todos realmente passamos por esse tipo de experiência, e se alguém ainda não passou, prepare-se. Ou reveja se não há uma negação dominante na sua vida.

O segundo ponto é o que fazer com isso. Michael Chabon dá três possíveis caminhos. Mas o que fica implícito é que sobrevivemos. Não quero generalizar em relação à diferença das situações, porque elas variam muito, de um colapso no trabalho a uma doença ou perda extremamente séria. Mas existe uma lição em tudo, um aprendizado pessoal. Não é algo místico como uma aula planejada por Deus com passo-a-passo para você, em particular, mas uma oportunidade para vermos as coisas de maneira mais verdadeira e rreal. Como vê-las como impermanentes.

Desmoronamentos e colapsos acontecem a tudo que é construído. Algumas vezes é como a água do mar sobre a areia, suave e inofensiva, outras vezes é como uma avalanche, pesada e mortal.

“Tudo que é ganho será perdido”.
– Sri Ramana Maharshi

Arte: Kyra Coates.

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5 Comments

  1. says: José Anchieta

    grato pelas palavras! desmoronei de vez em 2018 e estou na tentativa de juntar as peças do quebra-cabeça que se formou… não desistamos de nós! ??hari om…

  2. says: Jacqueline Crescente Scola ?

    Perdi meu filho aos 21 anos de um câncer violento. Ja se passaram 2 anos e meio e ainda estou juntando os pedaços. Ressignificando a vida???

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