“Mas quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é pre

“Mas quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa: nada nos garante — em nenhum instante — que não possamos cair em erro ou em perigo mortal. Pensamos talvez que haja um caminho seguro; ora, esse seria o caminho dos mortos. Então nada mais acontece e em caso algum ocorre o que é exato. Quem segue o caminho seguro está como que morto.”
— CARL G. JUNG (em “Memórias, Sonhos e Reflexões”)

O caminho seguro é seguro porque alguém já fez antes e aparentemente “garante” que ele leva a algum lugar, sem erros, sem riscos, sem “novidades”. Ou seja, não é um caminho, é apenas a reprodução de uma fita gravada. Que vamos andar por cima achando que é o “nosso caminho original”.

O caminho já trilhado antes pode ser útil para muitas coisas, como a rua de asfalto que leva até o trabalho. Mas quando se trata da vida, da própria vida, dos próprios processos de evolução, não é útil. É uma armadilha: para fugir do medo, para fugir da insegurança, para ter uma imagem louvável, para ser reconhecido pelos amigos, para agradar aos pais, para fugir da vida. E nossa cultura também aprendeu a se beneficiar disso, vende garantias e oportunidades “certas” e “seguras” para toda essa gente.

É importante essa reflexão: para que eu quero um caminho seguro? O que me leva a optar por um caminho seguro?

Existem infinitas situações de vida onde optamos pelo caminho seguro. Faculdade, oportunidade de emprego, tipo de trabalho, o cônjuge, o tipo de relacionamento conjugal, o tipo de postura que se tem na vida, as prioridades da própria vida, etc.

Mas o caminho de alguém não pode existir previamente a essa própria pessoa, nem previamente a este momento. Previamente implica que o presente estará só servindo a uma agenda passada, sendo estofo de preenchimento. Se o presente é apenas cumprimento de um plano do passado, ele está morto. É um cadáver. É a isso que Jung se refere. Quando experimentamos este dia baseado na agenda de ontem, não há dia para nós hoje. Não há vida. Apenas um cadáver sendo levado pra lá e pra cá.

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Arte: @jaxon_roberts

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