Pema Chödron sobre a morte, aos 80 anos: “Suponha que você tenha 20 anos e esteja ouvindo isso”

pemachodron-80anos-impermanencia

A monja budista Pema Chödron fez 80 anos no último dia 14 de julho e publicou um vídeo com uma mensagem de 8 minutos sobre o medo da morte e a realidade da impermanência, se dirigindo a todos, mas especialmente àqueles mais jovens — “na verdade, quanto mais jovem você for, melhor para ouvir essa mensagem, pois pode se preparar durante toda a sua vida”. Ao se preparar, ela diz que os medos se vão, são vistos como momentos passageiros e que a vida ganha um tipo de apreciação mais vibrante, como se fosse uma “experiência a Van Gogh“, segundo suas próprias palavras.  Citando seu mestre, o célebre tibetano Chögyam Trungpa Rinpoche (1939-1987), Chödron enfatiza o que aprendeu dele há muito tempo, que cada respiração é um nascimento e uma morte, cada momento é um nascimento e uma morte, “e lembro que quando ouvi isso pela primeira vez senti um certo pânico, porque acho que entendi”. Uma sensação de “estar sem chão imensa“.

E o principal, ela diz, é se acostumar com essa sensação de estar sem chão. “Você percebe que é apenas aquele medo como sentimos antes de pular de pára-quedas, é apenas um estalo, e pronto”. Com o tempo, ela diz que “se aprende a relaxar durante aquele momento todo”.

É curiosa essa leitura, porque realmente temos muito mais momentos de “estar sem chão” durante a vida do que a morte final, que é apenas um momento (e, se tudo der certo, haverá algum tempo para experimentar a vida). Ao treinar para essas sensações durante a vida cotidiana, aceitando a impermanência de todas as coisas, nas crises, mudanças, dificuldades, facilidades, etc, a mesma sensação de medo de qualquer fim e de qualquer apego passa por essa prática de relaxamento e por essa compreensão. “E o medo se vai, sobrando apenas aquele senso de que as coisas estão se movendo, que são impermanentes, que realmente não há o que se agarrar, e essa é uma experiência muito preciosa, não é nada abismal, talvez seja um momento meio Van Gogh, vendo as coisas com mais vibração, observando todas as coisas muito vivas e preciosas, você aprecia detalhes e aprecia bastante as outras pessoas”.

Assim, aos 80 anos, ela afirma tranquilamente que não há o que temer na morte.  “Sabe quando as pessoas vão se aproximando da morte e fazendo aquelas reflexões sobre o passado? Então, isso está acontecendo comigo, e a impressão é que minha vida passou assim (faz um gesto estalando os dedos), e se foi“, diz ela.

“Quando as aparências desta vida se dissolverem
Possa eu com calma e grande felicidade
soltar todo apego a esse mundo,
como um filho ou uma filha retornando para casa”.
— Dzigar Kongtrul Rinpoche

Eis o vídeo, em inglês, com legendas disponíveis em português (que precisam ser ativadas nos comandos na base do vídeo, primeiro em Configurações e depois em Translate). Abaixo o link para o vídeo com legendas em espanhol já embudita no vídeo.


Link para o mesmo vídeo com legendas em espanhol embuditas: aqui.

/////////

Compartilhado por Budismo en Vigo (legendas do segundo vídeo por Daniela Speranza).

More from Nando Pereira (Dharmalog.com)
happiness, freedom, courage.
“The secret of happiness is freedom. The secret of freedom is courage.”...
Leia Mais
Join the Conversation

1 Comment

Leave a comment
Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *