Talvez três dos parágrafos mais diretos sobre a nossa responsabilidade a respeito do que sentimos, de tudo que sentimos, estejam abaixo, todos de autoria do filósofo, matemático e escritor russo Piotr Demianovitch Ouspensky, transmitindo o trabalho de seu mestre, o místico armênio George Ivanovich Gurdjieff (1866-1949), fundador do “O Quarto Caminho“. Uma síntese tão direta que receio que para alguns de nós seja difícil de acreditar de primeira: você é responsável por tudo que sente, ninguém mais, nenhuma circunstância mais. “Essa é uma das piores ilusões que temos. (…) Sempre pensamos que as emoções negativas são produzidas por culpa de outras pessoas ou por culpa das circunstâncias. Nossas emoções negativas estão em nós mesmos e são produzidas por nós mesmos”, diz P.D. Ouspensky, num dos trechos de “O Quarto Caminho — Registro de Palestras e Respostas a Perguntas Baseadas nos Ensinamentos de G.I. Gurdjieff” (The Fourth Way, A Record of Talks and Answers to Questions Based on The Teaching of G. I Gurdjieff).
Se auto-conhecimento é conhecer a si mesmo, então é inevitável que essa investigação passe pela dimensão do que sentimos, e seja levada a sério e profundamente, podendo verificar (ou não) o que Ouspensky diz de fato. Mas na miríade de eventos da vida cotidiana do homem comum, do “homem-máquina“, como dizia Gurdjieff, dificilmente a consciência desperta para esse interesse e essa investigação — pior, há uma forte cultura autômata ao seu redor, que replica a idéia das culpas alheias, das responsabilidades das circunstâncias, e pouco ajuda na elucidação da verdade.
Gurdjieff é autor do “Trabalho“, também chamado “O Quarto Caminho“, por ser um método de despertar da consciência diferente dos até então conhecidos, que seriam o do monge, do faqir e do iogue. Seu legado é imenso e compreende as danças sagradas (“de Gurdjieff”), do Eneagrama como símbolo universal e de compreensão da existência, a música e métodos de “Cristianismo Esotérico“. P.D. Ouspensky foi um de seus mais famosos discípulos, divulgando o trabalho em livros (como “Fragmentos de Um Ensinamento Desconhecido“, 1947) e palestras, algumas atendidas por figuras como Aldous Huxley e T.S.Eliot.
Boa leitura.
[1]Essa é uma das piores ilusões que temos. Achamos que as emoções negativas são produzidas pelas circunstâncias, enquanto que todas as emoções negativas são produzidas em nós, dentro de nós. Esse é um ponto muito importante. Sempre pensamos que as emoções negativas são produzidas por culpa de outras pessoas ou por culpa das circunstâncias. Sempre pensamos isso. Nossas emoções negativas estão em nós mesmos e são produzidas por nós mesmos. Não há absolutamente nenhuma única razão inevitável pela qual a ação de alguém ou de alguma circunstância deva produzir uma emoção negativa em mim. É somente minha fraqueza. Nenhuma emoção negativa pode ser produzida por causas externas se não quisermos isso. Temos emoções negativas porque permitimo-las, justificamo-las, explicamo-las por causas externas, e desse jeito não lutamos com elas.
— P.D. Ouspensky, em “O Quarto Caminho — Registro de Palestras e Respostas a Perguntas Baseadas nos Ensinamentos de G.I. Gurdjieff”
[2]Ainda não consigo entender porque todas as causas das emoções negativas estão em mim mesmo.
Se você se observar, verá que as causas externas permanecem as mesmas, mas algumas vezes elas produzem emoções negativas, outras vezes não. Por que? Porque as causas reais estão em você, existem apenas aparentes causas fora. Se você estiver em um bom estado, se você se lembra de si mesmo, se você não está se identificando, então nada que aconteça fora (relativamente falando, pois não estou me referindo a catástrofes) pode produzir uma emoção negativa em você. Se você está num estado ruim, identificado, imerso em imaginação, então tudo que possa ser apenas um pouco desagradável produzirá uma emoção violenta. É uma questão de observação.
— P.D. Ouspensky, em “O Quarto Caminho — Registro de Palestras e Respostas a Perguntas Baseadas nos Ensinamentos de G.I. Gurdjieff”
[3]Pessoas são máquinas. Porque o comportamento de máquinas deveria produzir emoções negativas? Se uma máquina esbarra em você, é culpa sua, você não deve ficar no caminho da máquina. Você pode ter uma emoção negativa, mas não é culpa da máquina, é culpa sua. Outras pessoas não tem tanto poder sobre você quanto você pensa, é apenas o resultado da identificação. Você pode ser muito mais livre se você não se identificasse, e algumas vezes você é mais livre. É por isso que eu digo que isso deve ser observado. Se você observar bem, você verá que às vezes você se identifica mais, outras menos; e por causa disso, algumas vezes você totalmente à mercê das forças das emoções negativas e outras vezes você tem uma certa resistência. Pode levar um bom tempo para aprender como resistir às emoções negativas, temos muito medo delas, consideramo-las poderosas demais. Podemos mostrar resistência a elas se persistirmos e não considerarmos que são inevitáveis ou onipotentes.
— P.D. Ouspensky, em “O Quarto Caminho — Registro de Palestras e Respostas a Perguntas Baseadas nos Ensinamentos de G.I. Gurdjieff”
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Interessante oque o senhor Gurdjieff dizia,mediante a falta de diálogo era um bálsamo os seus textos,mas para quem gosta mesmo do diálogo o negócio já mudou bastante este guru´mereceu um livro com o título o babuíno de madame blavatsky onde seus textos são verdadeiramente desmistificados agora a luz da razão e não da emoção como ele bem sabia explorar.Gurdjief foi o mair divulgador do gnosticismo psicótico mesmo,lançado idéias extravagantes e perigosas para a sanidade pessoal,fazia isso como um mestre da publicidade mesmo sendo encontrado depois nos prostíbulos russos.Para quem gosta de aventuras este russo era mesmo sedutor,mas para quem gosta da verdade este senhor nunca foi um bom camarada.Incrível como na rússia nem os religiosos conseguem acertar de rasputim a gurdjieff todos mestres da enganação.
Não conhecia esse livro babuíno, que aparentemente fala mal de – ou “desmistifica” – também outros nomes como Rudolph Steiner, Annie Besant e Jiddu Krishnamurti. Todos da Sociedade Teosófica, ou seja, parece um ataque direcionado. Imagino o trabalho que dá ignorar a obra e a sabedoria de alguém como Krishnamurti… Mas deve ter seu valor, mesmo que como curiosidade, ou fofoca.
Não é muito legal receber um comentário nessa vibração de julgamento e desqualificação, soa como um ad hominem (sem o diálogo que em si mesmo critica), e sem mencionar o conteúdo do post. Mas prezo que cada um use seu discernimento.
Da minha parte, considero o que li das obras de Gurdjieff e de Krishnamurti totalmente orientadas à sanidade. (embora talvez sejam personalidades incomuns e de escrita difícil para alguns).
Ótima resposta, Nando. Também me ficou evidente a postura ad hominem, julgamento e desqualificação, além do negacionismo do rapaz. Sua dicotomia generalizadora com foco na aversão aos russos chegou a colocar o armênio no meio. E onde há aversão, há apego, há passionalidade em lugar da análise.
Aliás, esse post dá ênfase àquilo que falo sobre a culpa da e foco na super materialistamente explorada “pandemia”, numa resposta a um post anterior. Explicando: houve muita dor e tristeza, mas houve muito mais marketing explorando isso para transferência de riqueza (das massas para os que têm poder político, religioso, financeiro e de mídia) por intermédio da apologia do medo.
Grande abraço!
FOI O MELHOR TRABALHADO QUE EU JA LI EM TODA MINHA VIDA..
POSITIVIDADE
POSITIVIDADE
positivida.
AOS CRITICOS SO DESEJO MAIS LEITURA ..
Gurdjieff não era russo.