Se em 1972, ano em que essa pergunta foi feita, já se sentia confusão pelos inúmeros sistemas de meditação existentes, imagine agora, mais de 40 anos depois – que é pouco tempo se levarmos em consideração a história do Ioga e do Budismo, mas um tempo grande se olharmos para a enorme explosão mundial do acesso à informação (via redes de televisão, Internet, etc) e a velocidade de propagação a todos os cantos do mundo que aconteceu nesse pequeno período. O venerável mestre budista Ajahn Chah (Phra Bodhiñana Thera, 1918-1992), da Thai Forest Tradition, um dos responsáveis pelo estabelecimento do Budismo Theravada no Ocidente, responde à pergunta de um monge sobre qual ou quais as diferenças entre os sistemas de meditação existentes, e como lidar com a confusão de tantos professores e sistemas. A pergunta foi disponibilizada em inglês no site de Ajahn Chah, foi traduzida por este blog e está publicada abaixo, em mais um pequeno exemplo de como a informação é oferecida e viaja rápido e longe, multiplicando o conhecimento de cada vez mais escolas e ensinamentos e visões sobre as práticas de auto-conhecimento.
Como um aprendiz e também como jornalista, já fiz (e ainda faço, de certa forma) isso que Ajahn Chah fala na resposta, de procurar conhecer sistemas diferentes e métodos de meditação e auto-conhecimento diversos. Vejo que quase todo mundo faz isso um pouco, até pela quantidade de livros e sites disponíveis hoje. É um efeito colateral desta nossa era da informação. A leitura, a descoberta, a tradução e a disponibilização desse tipo de ensinamento também é um dos objetivos deste site. Mas percebi também que o mergulho e dedicação profundas a uma escola que sentimos nos falar intimamente e o contato verdadeiro com um professor ou mestre são o início real do encontro com si mesmo. Hoje quase todo mundo é auto-didata, mas esse é um campo difícil demais. Mesmo Buda, Dogen, Adi Shankara, Sri Ramana Maharshi e outros grandes buscaram mestres e se dedicaram à prática com a ajuda deles, pelo menos por algum tempo.
Mas vamos à resposta de Ajahn Chah.
Pergunta: E os outros métodos de prática? Em nossa época parece haver tantos professores e tantos sistemas diferentes de meditação que chega a ser confuso.
Ajahn Chah: “É como ir pra cidade. Você pode chegar pelo Norte, pelo Sudeste, por muitas estradas. Geralmente esses sistemas só diferem externamente. Seja qual for a maneira que você percorra uma ou outra, rápido ou devagar, se você for consciente, é tudo a mesma coisa. Há um ponto essencial que toda boa prática deve eventualmente chegar – não se apegar (segurar). No fim, todos os sistemas de meditação devem ser abandonados. E também a pessoa não pode se apegar ao professor. Se um sistema leva ao desapego, a não segurar, então é prática correta. Você pode desejar viajar, visitar outros professores e experimentar outros sistemas. Alguns de vocês já fizeram isso. É um desejo natural. Você vai descobrir que mil perguntas feitas e o conhecimento de muitos sistemas não leva você à verdade. Eventualmente você vai ficar cansado. Você verá que apenas parando e examinando sua própria mente você pode encontrar o que falava Buda. Não há necessidade de buscar fora de si mesmo. Eventualmente você deve retornar e encarar sua própria natureza verdadeira. Aqui é onde você pode entender o Dharma.”
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“E agora, Zaratustra?”
Alguns nomes do budismo, seja de uma escola ou de outra são notáveis. Citando apenas 3: O Monge Peregrino Thây (Thick Nhat Hanh); a Sublime Monja Jetsunma Tenjin Palmo e Ajahn Chah são ótimos.
Ocorre que sabemos que o hormônio da serotonina produz um estado de euforia e um sentimento de plenitude na pessoa, e a meditação também. Ora, a meditação de forma geral, busca dar ao praticante a “mente vazia” – parece que o “não pensar em nada” é o objetivo principal definido da meditação. Mas então, quando nossa mente esteja assim (vazia) não seria uma oportunidade inigualável para influenciarmos nosso subconsciente dando-lhe ordens. Exemplo: “Neste momento de profunda paz, peço a minha consciência que me faça largar de fumar de forma pacífica; sem traumas, etc….”
A hipnose é uma ferramenta fantástica para nos disciplinar e as sugestões pós hipnose fornecem soluções incomuns para nos livrarmos de vícios indesejáveis. A meditação então, não seria uma ferramenta fantástica para “sugestões pós-meditação”
“Após sair desta posição do Lótus, durante as 24 horas do dia eu me tornarei uma pessoa mais tolerante”, por exemplo.
Toninho Claro – Lins, SP – Brasil
(Audiobook) Meditação para Principiantes, Experientes e Avançados – Ajaan Brahmavamso
“Meditação é Fácil” (Ajaan Brahm). Descubra como neste guia completo elaborado com base em livretos publicados pelo Bodhinyana Monastery e palestras de Ajaan Brahm.
Apenas disponível no Acesso ao Insight. Traduzido e editado por Michael Beisert.
http://www.acessoaoinsight.net/audiobook.php#meditacao