“Todo apego implica medo, a suposição equivocada que algo precisa ser segurado”: discursos do sábio chinês Wu Hsin

O Mestre iniciou:

 

Entrar no Absoluto exige deixar o particular pra trás. Nós nos desengatamos ou desapegamos. Esse desapego não é feito pela pessoa, é feito de uma pessoa.

 

Todo apego implica medo, a suposição equivocada que algo precisa ser segurado.

 

É só quando o punho da morte é aberto que a verdadeira liberdade de todo medo por ser conhecida.

 

Todo desejo acontece por causa de um senso equivocado de insuficiência.

 

Todos as realizações de desejos são como uma refeição de arroz: pouco tempo depois e você está com fome de novo. Quando você percebe que não falta nada, que tudo que há é você e é seu, o desejo termina.

 

Desmonte o pêndulo do medo e desejo.

 

O chão debaixo de você é a Fonte e o Apoio.

 

~ Wu Hsin, em “Behind the Mind (the Short Discourses of Wu Hsin)” (2012)

Há poucos registros dos ensinamentos do mestre chinês Wu Hsin (403-221 AC, data não-confirmada) na atualidade, de fato foi apenas muito recentemente, pela “descoberta” do tradutor americano Roy Melvyn, que morou na China e entrou em contato com manuscritos passados por séculos entre gerações, que ele foi traduzido para o inglês e publicado. Os dois livros já existentes com seus ensinamentos, “The Lost Writings of Wu Hsin: Pointers to Non-Duality in Five Volumes” (Wu Hsin e Roy Melvyn, 2011)” e “Behind the Mind: The Short Discourses of Wu Hsin” (2012), tem agora um terceiro livro, o recém-publicado “Solving Yourself: Yuben de Wu Hsin” (2013).

Como vivemos numa época de super-informação, a busca por mais fontes sobre o autor e as origens da tradução são naturais, e por esses motivos, e também por interesse de alguns leitores, fiz contato com Roy Melvyn por email e ele deu mais informações sobre como conheceu os ensinamentos de Wu Hsin, do qual é hoje seu maior tradutor. Ainda assim, algumas pessoas acreditam que possa ser um personagem fictício — o que não seria uma grande surpresa, haja visto a presença de cada vez mais autores de “ensinamentos da abordagem não-dualista” nos últimos anos. O relato de Roy Melvyn, entretanto, é um testemunho da existência do mestre, com pesquisa in loco e o trabalho de tradução.

Sobre a história de Wu Hsin, Roy Melvyn escreveu:

“As informações sobre Wu Hsin são muito limitadas. Lembre-se que estamos falando sobre alguém que viveu na obscuridade por mais de 2000 anos. Os detalhes biográficos que eu juntei e usei como referência nos livros de Wu Hsin é o resultado do que colhi com o povo local de Hunan, que pode fazer não muito mais do que me dizer o que foi transmitido oralmente por séculos. Nunca persegui a “história” de Wu Hsin muito mais longe porque, embora eu entenda que todos gostamos de uma boa narrativa, meu propósito era disseminar seus ensinamentos. Qualquer “história” serviria apenas como distração, da mesma maneira que “quem pintou aquela pintura?” tira a atenção da pintura. (Roy Melvyn)

Sobre a fonte e o estilo do texto dos ensinamentos, Roy Melvyn informou o seguinte:

(…) “A fonte do conteúdo são pergaminhos que passaram pelas minhas mãos no período em que vivi na China. A aparente contemporaneidade  natural de alguns escritos é em parte devido à liberdade que tomei em alguns momentos na tradução”. (Roy Melvyn)

PS: Um dos casos onde outras pessoas falam do pintor e, logo depois, da pintura (em inglês).

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9 Comments

  1. says: *varrial*

    Do contexto, a forma mais visual:

    Um mapa para a auto-realização(Absoluto)
    http://i.imgur.com/bvgqkes.jpg
    (Baseado na sabedoria dos ensinamentos de Maharaj)
    – – – – – – – – – –

    Eu acredito que Wu Hsin tenha realmente existido. Não acho relevante questionar sua existência. Se o conhecimento é Bom, eu aprecio.
    Contudo, por mais que seus ensinamentos possam soar de modo contemporâneo, não devem ser levados ao ‘pé da letra’ -em geral, também os mestres da época. Devido a uma evolução filosófica que nós já possuímos, faze-la entrar em conflito, é ‘conflitante’ para nós transpassar essa barreira mítica do pretérito mais-que-perfeito aos dias atuais, não desconsiderando as influências históricas. Mas sim, visando como um dever de casa, para que nos faça lembrar de nossa origem.

  2. Boa tarde Nando Pereira, gostaria de o parabenizar pelo projeto do site “Dharmalog” saiba que estar cooperando para abstrair o pior do males humanos que é a “ignorância”.
    Eu escrevi uma poesia sobre a função da morte na nossa vida, pois vejo a morte como uma das melhores dádivas divina existente, espero que você leia e me diga o que achou posteriormente, neste endereço (http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=24784)

    1. Oi Vinicius, obrigado pelas palavras. E pelo convite para o poema, que já li e estou entrando em contato com você por email.

      Repasso a recomendação da leitura do poema, que é bem interessante.

      ABS,
      Nando

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