Li o pequeno trecho abaixo (que é um capítulo inteiro de uma obra) de passagem numa livraria e achei de uma singeleza divertida: é do livro “Tipos de Perturbação” (Companhia das Letras, 2013), da contista americana Lydia Davis, que esteve presente na 11ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) em julho passado. Davis também é romancista, ensaísta e tradutora do francês para o inglês de autores como Marcel Proust e Gustave Flaubert. Numa entrevista recente concedida no Brasil ao G1, Davis disse que está preocupada com a nova geração que não está mais aproveitando o momento (“quando há um momento de silêncio durante uma conversa, logo pegam o celular para ver se tem alguma mensagem” e também que “estamos perdendo a habilidade de focar em uma coisa por vez“.
Apesar do conto abaixo tratar do movimento do pensamento (que lembra meditação e outros auto-contatos), o livro trata de assuntos diversos da vida e do cotidiano, e foi indicado ao National Book Award em 2007.
Segue o pequeno conto:
Conhecendo seu corpo
“Quando seus globos oculares estão em movimento,
quer dizer que você está pensando, ou prestes a pensar.
Se não quiser pensar neste momento,
tente manter seus globos oculares parados”.
~ Lydia Davis, em “Tipos de Perturbação”, cap. “Conhecendo seu corpo” (p. 79)
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Imagem: trecho da capa de “Tipos de Perturbação”, edição Companhia das Letras (2013).
Opa! “ou prestes a pensar.” – lembrou-me o G. Wener-. será que impulsos elétricos (no caso ligados ao nervo óptico) surgem antes do próprio pensamento?
Não é um cap. grande mas é um grande capítulo!
Bom findi, Norma
Para estar neste momento fique com o observador do pensamento e penetre no mistério. Os pensamentos, as emoções e todos os fenômenos são auto-exibições da mente primordial. Perder-se no que aparece é a distração, uma das facetas da continuidade do sofrimento.
” focar em uma coisa por vez” eh vipassyana, a visão clara dos budistas. Samadhi eh a mente que observa o nascer e o morrer dos fenômenos, sem se perder nos objetos. De novo, Alan B Wallace, em ” A Revolução da Atenção”
tudo é digno de observação, não há muito aprendi a observar meus movimentos, e claros quando pego absorto me vejo meditando é o nada encontrando-se com o todo, neste momento sou o cosmo, deixo a minha pequena existencia para ser o todo, e me sinto quieto em plenitude parte do todo a não necessidade do movimento, isto é o quietar do globo ocular. o todo sem movimento e com todo o movimento