Conectoma é o mapa de conexões neurais em um cérebro, um termo novo (2005) de uma ramo novo da neurociência e que tem naturalmente grandes ambições: descobrir se somos, de fato, nosso conectoma. O Professor de Neurociência Computacional do MIT, Sebastian Seung, autor do livro “Connectome: How the Brain’s Wiring Makes Us Who We Are” (Conectoma, Como as Conexões do Cérebro Criam Quem Somos, 2012), é um dos principais pesquisadores deste campo e explica nessa palestra de 17 minutos no TED Talk quais os estudos que estão sendo desenvolvidos neste momento e como a ciência poderá chegar, talvez, um dia, a mapear e a descobrir se a vida do ser humano é seu conectoma. A tese de Sebastian é simples: “Você é mais que seu genes. Você é seu conectoma“.
A discussão da origem e da particularidade do ser humano pode não ser tão simples, pois além do cérebro, há a mente e há, segundo defendem escolas de sabedoria orientais, a consciência. A probabilidade da existência humana ser algo (muito) maior que conectoma é grande, mas isso não reduz necessariamente a exploração da identidade e da particularidades das expressões individuais da vida que o conceito do conectoma traz (mais rico e além do mapa genético). Embora existam diferença entre os termos aplicados, Sebastian Seung contempla essa possibilidade:
(mostrando a foto de um córrego no meio de um campo verde) O que há nessa foto? Um córrego de água fria e refrescante, vocês dizem. O que mais? Não esqueçam dessa fenda na Terra chamada de leito do córrego. Sem ela, a água não saberia qual direção seguir. E com o córrego, eu gostaria de propor uma metáfora para o relacionamento entre a atividade neural e a conectividade. A atividade neural está mudando constantemente É como a água do córrego; nunca fica parada. As conexões da rede neural do cérebro determinam os caminhos pelos quais cada atividade neural flui. E assim o conectoma é como o leito do córrego. Mas a metáfora é mais rica do que isso. Porque é verdade que o leito do córrego orienta o fluxo da água, mas no longo prazo, a água também reformula o leito do córrego. E como eu lhes disse há pouco, a atividade neural pode mudar o conectoma. E se vocês me permitirem ascender a alturas metafóricas, lembrarei que a atividade neural é a base física — ou assim pensam os neurocientistas — dos pensamentos, sentimentos e percepções. E assim podemos até falar de fluxo de consciência. A atividade neural é a água e o conectoma o leito.
~ Sebastian Seung, TED Talk “I Am My Conectome“
Para saber mais, acesse o site de Sebastian Seung ou o do Projeto do Conectoma Humano.
Segue o vídeo da palestra (19min25seg), com legendas em português:
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Nem genes, nem conectoma, nem biologia, nem o meio social. Somos quem somos, quem podemos ser, somos o amor, o tudo ou o nada, somos qualquer coisa, menos um conectoma.
Abs!
:)
Cada vez mais as ciências biológicas buscam trazer a explicação de quem somos ,rasgando todo o véu de grandes trabalhos e pensadores que não resumem o ser humano em categorias , mas sim algo que transborda, que vai muito além de sinais químicos…
Gente,
Não sei se pela postura das pernas ou pelo traje, mas fiquei esperando pombos e quilômetros de lenços emendados saindo de suas mangas. Há um ‘ar’ de mágico profissional no palestrante … (deve ser ‘conceito’meu – rs)
Também penso que não somos SÓ os nossos gens, nem SÓ o nosso conectoma, nem SÓ nosso habitat. Somos muito mais e além.
Obrigada e Boa Sorte, Norma
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
(Engenheiros do Hawaii)
Hahahaha, também achei, até esquisito para um cientista. Mas acho que tava curtindo o palco.
“Os seres humanos possuem uma ampla gama de faculdades psicológicas, que se exercem nas circunstâncias da vida, quando percepcionamos, pensamos e raciocinamos, sentimos emoções, queremos coisas, fazemos planos e tomamos decisões. A posse e exercício dessas faculdades definem-se como as espécies de animais que somos. Podemos indagar acerca das condições neurais e concomitantes, para as dominar e exercer. É a tarefa da neurociência, que vai descobrindo cada vez mais acerca delas. Mas as suas descobertas não afetam de modo nenhum a verdade conceitual de que estas faculdades e o seu exercício na percepção, pensamento e sensação são atributos de seres humanos , e não das suas partes – em particular, não são atributos dos seus cérebros.”
HACKER; BENNETT. Fundamentos filosóficos da neurociência, 2003, p. 17