O que, até agora, verdadeiramente amaste, o que atraiu tua alma? Nietzsche e a lei fundamental de cada um de nós

“No fundo, todo homem sabe muito bem que ele, como unicum (único), está no mundo apenas uma vez, e que nenhum acaso tão curioso misturará pela segunda vez, numa unidade como ele, tão admirável e colorida variedade.

Ninguém pode construir para ti a ponte sobre a qual precisamente tu tens de passar sobre o rio da vida, ninguém além de ti mesmo. Decerto que há inumeráveis atalhos e pontes e semideuses que te querem carregar através do rio; mas apenas ao preço de ti mesmo; tu te darias em penhor e te perderias. Há no mundo um único caminho que ninguém pode trilhar além de ti: para onde conduz ele? Não perguntes, prossegue. Um homem jamais se eleva mais alto do que quando não sabe para onde seu caminho ainda o pode conduzir.

O que, até agora, verdadeiramente amaste, o que atraiu tua alma, o que a dominou e ao mesmo tempo a felicitou? Coloca diante de ti a série desse venerados objetos, e talvez eles te proporcionem, por sua essência e sucessão, uma lei fundamental própria de ti mesmo. Compara esses objetos, vê como um complementa, alarga, sobrepuja, transfigura o outro, como eles formam uma escada, sobre a qual tu agora te elevaste para ti mesmo; pois tua verdadeira essência não jaz profundamente oculta em ti, mas imensamente acima de ti…”

~ Friedrich Nietzsche (1844-1900), em “Schopenhauer como Educador”

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Compartilhado por A Casa de Vidro.
Foto por Jeff Kramer (licença de uso BY Creative Commons)

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11 Comments

  1. says: norma7

    “Os filósofos são um descuido de Deus.”.
    (do ‘filósofo de plantão’ (?) do Blog Alcaverna, lido hoje)

    Ele é isso para mim um ‘descuido’. Uma bobeada. rs.

    +++++
    “Deus está morto” – “Além do bem e do mal” – “Super-Homem” – Nietzsche

    “A respeito de vários assuntos, Nietzsche defendeu o pró e o contra. Não à toa, quase todos os movimentos culturais e políticos concebidos no século XX se apropriaram de idéias do filósofo. O exemplo mais célebre é, sem dúvida, o do nazismo. Amparados em passagens de seus livros que fazem um elogio da força, da virilidade, da “vontade de poder”, e ainda em páginas nas quais ele falou de questões raciais e do judaísmo, muitos intelectuais nazistas citaram Nietzsche à farta, adotando-o como uma espécie de ideólogo.” – Publicado na Veja on-line/2000.

    Freud não gostava de Nietzsche: “Ele me bloqueia”

    Doutor Fausto (T.Mann) foi baseado em sua vida e obra.

    2 fãs de C.Veloso escreveram uma tese sobre a influência de sua obra nas letras do músico.

    A abertura de Conan, o Bárbaro de John Millus, começa com a frase: “O que não me mata, me fortalece”, do livro Crepúsculo dos Ídolos.

    Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004), de Michel Gondry – diálogos do livro mais famoso Nietzsche, Assim Falou Zaratustra.

    “Para voar, deve aprender primeiro a se erguer e a andar. Não se pode voar num relance”. Segundo Akeem, o personagem de Eddie Murphy em “Um príncipe em Nova York”, essa frase é de Nietzsche.

    “Temos a arte para não morrer da verdade”. – É dele também.

    Então, Nietzsche é tudo isso e ainda é POP!
    Ainda vai influenciar muita gente boa…, por muito tempo.

    Norma

  2. says: Camila

    Norma, penso que deveria considerar que a apropriação de trechos, falas e frases é uma prática muito comum e que muitas vezes quando tiradas de seu contexto, podem parecer o que não são. A utilização de pensamentos de um mesmo autor convenientes por momentos diversos e controversos entre si é comum não apenas a Nietzsche. E com certeza ao longo de uma vida de produção filosófica é normal, saudável e importante que um autor evolua durante esse período e, assim como nós, mudando certas visões, crescendo conforme amadurecemos.
    Não deixando também de lembrar do contexto histórico vivido pelo autor.
    E que “descuido” (ou seja, negligência e erro) é uma palavra muito forte… se existe um Deus e se por ele os seres humanos foram “criados”, dizer que quem quer que seja foi um descuido de Deus é no mínimo um julgamento muito precipitado e que ninguém tem o direito de exercer.

    1. says: norma

      Oi Camila,

      Vou por partes, porque, definitivamente, não entendi a tua interpretação do meu comentário.

      Em primeiro lugar, esclareço que aqui não há ‘apropriação”, nem frases tiradas de seu contexto original. É citado textos/frases com os seus respectivos links de origens. Facilmente e sem muito esforço traçáveis por qualquer motor de busca, tipo o próprio Google.

      (…) “filosófica é normal, saudável e importante que um autor evolua durante esse período e, assim como nós, mudando certas visões, crescendo conforme amadurecemos.”

      Claro, Camila, que concordo com você. Só não vejo em que momento do meu texto, o seu parágrafo acima foi contradito.
      Mesmo porque, sequer mencionei que Nietzsche morreu de uma infecção pulmonar, vítima de uma demência progressiva e com uma paralisia de origem sifilítica. Inclusive com um crancro no cérebro.

      “No início desta loucura, Nietzsche encarna alternativamente as figuras de Dionísio e Cristo, expressa em bizarras cartas, afundando depois em um silêncio quase completo até a sua morte” (Wikipédia).

      Aparentemente, Camila, o amadurecimento (faleceu aos 55/56 anos) não teve a possibilidade de trazer ao filósofo a evolução que você e eu gostaríamos de acompanhar em suas obras… para podermos avaliar a veracidade do teu postulado.

      DESCUIDO – lamento, mas vou discordar frontalmente. É uma palavra lírica usada por grandes Poetas:

      Felicidade se acha é em horinhas de descuido
      Guimarães Rosa

      (e você sim, acabou de tirá-la de seu contexto…..)

      O Filósofo (não um Blogueiro) do excelente Blog de Filosofia ALCAVERNA cunhou a frase que tanto te contrariou, tenho certeza, com a mesma liberdade poética usada pelo grande G.Rosa.

      “dizer que quem quer que seja foi um descuido de Deus é no mínimo um julgamento muito precipitado e que ninguém tem o direito de exercer.”

      Camila, eu sou Budista, portanto, para mim Deus não é essa figura antropomórfica preocupada com o uso apropriado das palavras e quanto a sua frase acima, preservo a tua opinião, mas a mim não cabe JULGAR se alguém tem ou não direito de exercê-lo.

      Fique Bem,
      Norma

      Pour Memoire: descuido = distração

  3. says: norma7

    Bom Dia, Nando!

    Todas às vezes que tenho de falar do ‘óbvio’ sinto que estou na ‘estrada’ errada.

    1) Links são colocados com a função de indicar a onde pode ser ‘conseguidas’ maiores/adicionais informações, em caso de interesse e/ou dúvidas sobre o assunto. Tornando-se desnecessário a repetição de toda a matéria.
    ( “Fui procurar agora a reportagem em si e talvez se tivesse postado o período inteiro, ficaria mais real e eu não teria me incomodado tanto com a reportagem, que lida inteira, gostei”)

    2) De modo geral, não costumo dar maior atenção aqueles que nem se dão ao trabalho de ‘realmente’ ler o que foi escrito ou que a cada reply apresente concordâncias com o que tinha sido anteriormente condenado, para no final terminar com um ‘gostei’. O assunto já está exaurido e não me trouxe nada de avalia que já NÃO SOUBESSE anteriormente ou que não fosse de fácil acesso em qq livraria. E perdeu-se o foco (já que debatemos tanto uma ‘palavra) do Auto… e da Expansão… propostas pelo Blog.

    Grata e Boa Sorte,
    Norma

    P.S.: “Morde e assopra’ – nunca me pareceu ser uma boa técnica. E para praticar a Maiêutica Socrática, conheço lugares mais apropriados. Já deu! Nac♥

  4. says: norma7

    Nando,

    Observo que 2 (dois) comentários da Camila que originou apenas mais um (1)reply a ela, foram retirados, apesar de lá em cima ainda constarem como 9 (nove) coments. e apenas exibirem 7 (sete) no total.
    Perdendo em muito o sentido do suposto ‘debate’.
    Expansão de consciência é bom, auto-conhecimento também, mas não podemos nos esquecer da ÉTICA.
    Você sabe o que ocorreu?

    Antecipadamente grata,
    Norma Cardoso

    1. Não há porquê tomar as coisas pessoalmente assim, Norma. Essa inquisição sobre ética é dirigida a quem? Aqui esse valor é padrão, ninguém precisa exigi-lo nem se gabar de tê-lo.

      Estou verificando o que aconteceu, pois por algum motivo os comentários foram para a fila de moderação.

      Mas, na minha impressão, não vejo ataque nem direção pessoal, e sim uma preocupação sobre o Nietzsche e seus contextos (e de uma outra matéria, não desse post). Acho que os comentários parecem claros, ainda que discordantes, se alguém não entendeu pode perguntar. Se alguém se sentiu ferido, por favor, dê um desconto e vamos em frente.

      Saudações,
      Nando

  5. says: norma7

    Nando,

    Com certeza, não cabe ao Blog e/ou ao seu Adm.
    Pela falta de sentido que se formou, eu mesma gostaria de saber como se deleta os coments. emitidos.

    Obrigada pelo pronto retorno :)

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