Corrida de hamsters versus liberdade real: as consequências de venerar padrões, pelo o escritor David Foster Wallace

“Venere o poder e você acabará se sentindo fraco e medroso, e precisará de cada vez mais força sobre os outros para adormecer seu próprio medo. Venere o intelecto, sendo sempre visto como esperto, e você acabará se sentindo estúpido, uma fraude, sempre no limite de ser descoberto. Mas a coisa traiçoeira sobre essas formas de veneração não é que sejam malignas ou reprováveis, é que elas são inconscientes. São padrões.

São o tipo de veneração que você vai caindo gradualmente em sua direção, dia após dia, ficando cada vez mais seletivo sobre o que vê e como mede o valor sem nunca estar totalmente consciente que aquilo é o que você tá fazendo.

E o tão famoso mundo real não vai lhe desencorajar de operar pelo padrão, porque esse famoso mundo real de homens e dinheiro e poder cantarola alegremente numa piscina de medo e raiva e frutração e vício e veneração do ego. Nossa própria cultura atual angariou essas forças de maneiras que elas produziram um patriomônio extraordinário e conforto e liberdade pessoal. A liberdade de todos sermos senhores de nossos reininhos do tamanho de nossos crânios, sozinhos no centro de toda criação. Esse tipo de liberdade tem muito a sugestionar. Mas claro que existem todo tipo de liberdade, e o tipo que é mais precioso você não vai ouvir falar muito no grande mudno exterior de querer e conquistar… O tipo de liberdade realmente importante envolve atenção e consciência e disciplina, e ser verdadeira capaz de se importar com as outras pessoas e se doar pra elas repetidamente e de modos pequenos e não atraentes todos os dias.

Isso é liberdade real. Isso é ser educado e entender como pensar. A alternativa é ser inconsciente, o padrão, a corrida dos hamsters, o senso corrosivo constante de ter tido, e perdido, alguma coisa infinita.”

~ David Foster Wallace, escritor (1962-2008)

Um trecho do texto mais famoso de David Foster Wallace, um discurso de paraninfo para os formandos da Kenyon College, foi traduzido pela Revista Piauí em 2008 “A liberdade de ver os outros“. O texto é longo mas vale a pena. Num dos parágrafos, ele diz:

“Estou certo de que vocês já perceberam o quanto é difícil permanecer alerta e atento, em vez de hipnotizado pelo constante monólogo que travamos em nossas cabeças. Só vinte anos depois da minha formatura vim a entender que o surrado clichê de “ensinar os alunos como pensar” é, na verdade, uma simplificação de uma idéia bem mais profunda e séria. “Aprender a pensar” significa aprender como exercer algum controle sobre como e o que cada um pensa. Significa ter plena consciência do que escolher como alvo de atenção e pensamento. Se vocês não conseguirem fazer esse tipo de escolha na vida adulta, estarão totalmente à deriva.” (David Foster Wallace, Revista Piauí, 2008)

//////////

Compartilhado por Maria Popova @brainpickings.
Foto de Steve Rhodes/Wikiquotes.

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20 Comments

  1. says: norma7

    Um dos escritores mais admirados de sua geração, o americano David Foster Wallace se suicidou no mês passado, aos 46 anos, enforcando-se. Este texto foi tirado de seu discurso de paraninfo para formandos do Kenyon College, há três anos

    Revista Piauí
    Edição 25 > _despedida > Outubro de 2008

    +++++++++

    Comecei a ler. Volto outra hora.
    Grata p/postagem
    Norma

    1. says: norma7

      “Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho.” (discurso c/paraninfo)

      Revista Piauí
      Edição 25 > _despedida > Outubro de 2008

      +++++

      1) Parar o mundo e descer dele é a solução? Hmmmm… Pensar, Professor, pensar…

      2)- Mãe, o que é isso no teu rosto?
      – É uma máscara maravilhosa, receita secreta da família, que a mamãe conhece para ficar bonita!
      – É? E por que não fica?

      Nac♥

  2. says: julio

    Com todo o respeito, mas bem a caráter seria mais ou menos isto: “não seja porra louca, deslumbrado, que o mundo do pensamento original está ainda virgem!”

    Embora o panorama do mundo mostre esse quadro de cima pra baixo até os completamente, completamente. rsrsrsr

    Mas, por outro lado não é tudo Maya? o que seria então um modo independente de pensar, agir e ser?

    “Seja você mesmo” então!

    Mas sempre haverá uma seta lá ferente ou no alto com uma cor que alguém pintou antes.

    Até mesmo depois de um curso desses que ensinam a pensar ou profunda meditação pensamos por outros, mesmo que pensemos pensar inteiramente por nós mesmos.

    Dentre muitas frases famosas e bem certas, esta de Kunaton após seu despertar olhando o mundo, diz bem: “Nada de novo debaixo do Sol”

    1. says: norma7

      ” O demônio é o ser mental, dotado da razão, guerreiro,
      pragmático, e quando indignado torna-se reativo e interage
      em conjunto com o anjo rebelde, quando surge o herói ou
      o ditador cruel, numa escala maior”
      (Saturno marca o tempo….)”
      do Cavaleiro Solitário

      Ele faz mais que isso. É a banca examinadora. É o: ‘você não se preparou. Você (ainda) não é bom o suficiente! Pode voltar’.
      É o portal (Se esconda. Mate a aula e ele se manifesta no mundo das formas – rs). Depois dele, as ‘coisas’ apertam um cadinho: Precisa ser ‘casca grossa’ para responder a um Plutão, com segurança: E aê, essa é a tua verdade? Pela qual vives e morrerias? Vixê…

      Julio, isso é só para enfeitar (e alimentar os meus ‘deuses’), e capear, carinhosamente, uma pergunta:
      Por que o DHARMALOG não consta da lista dos Blogs que o ‘Cavaleiro Solitário’ segue?

      Boa Sorte, Norma

      P.S.: Me arranje uma terceira via, Seu Julio! Não quero ser herói (só da m/Jornada) e muito menos um ditador cruel – Pisc*) Nac♥

  3. says: julio

    Norma minha amiga, a terceira via é você mesma;
    claro que todo mundo precisa de um farol, mas o seu parece tão acesso! rsrsr de verdade.
    Sigo este blog como nenhum outro, até mais que o “cavaleiro solitário”.Sem dúvida um dos melhores e mais sérios dentre muitos que vão por esse mundo virtual afora.

    O titular dele é o João?

    Obrigado pela visita lá e voltem sempre.

    NORMA7 1.3.7 a chave das chaves.

    O Anjo Rebelde é o Quinto Planetário.
    Um Planetário tem as duas faces: a face do Luzeiro, Segundo Trono; e a do Planetário, e como bem diz o nome, encarnado e se expressa como Avatara. Este Quinto tem além destas duas faces a outra, criada pelas egrégoras com forma e tudo… bem, mas esse está com as igrejas que o adotaram e lhe serve de algum modo rsrsrs
    Já quem exerce o papel de julgador é o Senhor Karuna durante um ciclo de evolução.
    Ao final Ele mesmo, o Quinto, seu Irmão, o Sexto e quem a Lei achar por bem que participe, e naturalmente sem faltar o Senhor Karuna.
    Quando se fala em Quinto e Sexto Senhores se fala em Michael e Gabriel, numa alegoria digamos mais profana.
    O fato é que não estamos sozinhos, e isto sim anima um pouco a gente, diante de tanta violência e fundo do poço político.
    Como diz o jovem, “tamo junto”!

    1. says: norma7

      1) Obrigada p/retorno _/\_
      É o ‘Eu’, a 3ª via, o caminho do meio, distante das ‘qualidades’ da dicotomia do mundo? Sim, com certeza plena. Mas foi bom ouvi-lo de ti :)

      2)Julio, lembra do diálogo na barca (os 40 dias Jesus X Diabo) – O Evangelho segundo Jesus Cristo do Saramango? Que imensa ‘sombra’ para fazer contraponto com tanta Luz. Sempre: “Quebra-Nozes” e esse livro = Natal.
      (…) quando o Diabo (Pastor) propõe e tenta Deus aceitando que este governe o mundo desde que seja perdoado e recebido junto aos seus anjos mais fiéis. Em nome da salvação da humanidade, Pastor abre mão de ser Diabo, abre mão inclusive de ser Lúcifer, o Archote, já que admite estar na última e humilde fila dos anjos a servirem Deus, além de se reconhecer arrependido. O Diabo quer evitar todo o sofrimento futuro da humanidade. Se na Bíblia Satanás tenta Eva e o Diabo tenta Jesus no deserto, nesta obra de Saramago o Diabo tenta diretamente Deus. Sabem ambos, porém, que tal proposta é inaceitável já que põe por terra a razão mesma da existência de Deus: “Não me aceitas, não me perdoas” – indaga o Diabo; “Não te aceito, não te perdôo, quero-te como és, e, se possível, ainda pior do que és agora, Por quê, Porque este Bem que eu sou não existiria sem esse Mal que tu és (…) Se tu acabas, eu acabo, para que eu seja o Bem, é necessário que tu continues a ser o Mal” (p. 328). Não existe, assim, um bem em si mesmo, da mesma forma como não existe um mal em sim mesmo. Ambos só são possíveis na alteridade, não relação com um outro. (…)

      Fique Bem,♥

      P.S.: 1.3.7 a chave das chaves.
      = 11 (mestre – oi ???) Bjo.

    1. says: norma7

      Sim! (e espero que por um longo e profícuo espaço de tempo).

      O que eu notei (ao entrar na tua casa pela ‘cozinha’, quis saber quem era o meu anfitrião e a melhor maneira p/mim é namorando sua ‘biblioteca’) foi a ausência do seu nome na lista dos blogs seguidos, já que penso que como eu, você, também, elegeu o Dharmalog como uma das mais fundamentais fontes de conhecimento, no nosso cotidiano.
      Pura observação…
      Boa Sorte, Norma

    2. Quero o link de todo mundo. Tenho que atualizar a seção de blogs e links com muitos que passaram por aqui e que conheci esse ano. É ótimo que todos colocam seus links no nome aqui nos comentários, assim podemos encontrar e trocar.

      Gostei do Cavaleiro Solitário. :)

      Saudações,
      Nando

  4. says: julio

    Claro, Norma! Sem o mal não haveria o bem.
    Mas temos que o mal original é a sabedoria e o bem a bondade, que ao correr dos tempos se invertem e chegam ao ponto de realmente o mal se manifestar pela cegueira mental e aí já em fúria ardente, irracional eis o crime.

    No Plano Universal entre os dois Irmãos Jefersus e Lúcifer a coisa é diferente.
    Trata-se de um plano para acelerar a evolução humana.

    E o atrito entre essas duas forças cósmicas teve como resultado esta nossa evolução atual.
    Por isso o Anjo Rebelde é Rebelde rsrsrr
    e o seu irmão o Amoroso do Segundo Trono
    figurado no Arcano 16, a casa de Deus.
    Seu Irmão, é o Senhor do Arcano 15, aquele que age como Astaroth… o que aplica armadilhas, mas é também o Senhor da sabedoria aos homens.
    Embora num Plano ainda mais elevado e até mesmo antes Deles existirem, a polaridade era Ele, Pai; e Ela, Mãe; Purusha e Prakriti, Espírito e Matéria; e desde aí um não existe sem o outro.
    Sempre as duas faces do Eterno que em concurso Primordial o 1 em essência, com ela se faz 3 na manifestação… e 7 na evolução. Sete Espíritos Diante do Trono, Sete Anjos de Presença, sete Auto-Gerados, Sete Sóis Primordiais e desde aí descendo envolvidos cada vez mais de maya chegarem ao dogma e ao mistério das crenças, os sete Arcanjos.
    7 é então a base da evolução tanto do universo, quanto para sintetizar compor uma sinfonia com as sete notas; uma tela com as sete cores;um mini ciclo de sete giradas em torno do sol astral que nos ilumina uma semana, até o sete vezes quatro, padrão e ritmo da terra e os vinte e oito dias do ciclo lunar da mulher…
    E isto é antes de tudo tão bonito. tanto quanto a medida áurea padrão das formas concretas e “abstratas”.

  5. says: André Resende

    Inspirado pelo post, legendei o discurso completo do David Foster Wallace na Kenyon College. Vou deixar o link e espero que seja útil a quem se interessar.

    youtube.com/watch?v=ticsIl5O8TA

    Grato!

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