O pequeno grande texto abaixo é uma pérola para quem está genuinamente interessado na arte de viver e no auto-conhecimento – e também em meditação. A conhecida monja budista Pema Chödrön, autora de “Comece Onde Você Está” e “Quando Tudo Se Desfaz” e discípula de Chögyam Trungpa Rinpoche, traz uma reflexão valiosíssima para nossa vida: tentar mudar a si mesmo é uma auto-agressão que esconde nossa maior riqueza, a de vermos como somos e porque somos como somos, e de perceber a verdade que está aí. “Isso não é um projeto de aprimoramento“, diz ela. “O objetivo não é se livrar da sua raiva (…) mas de perceber totalmente o sentimento, de ver claramente com precisão e honestidade“.
O texto faz parte do livro “A Sabedoria de Não Ter Saída” (tradução livre de The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness), publicado pela primeira vez em 1991.
“Meditação é ver claramente o corpo que temos, a mente que temos, a situação doméstica que temos, o trabalho que temos, e as pessoas que estão em nossas vidas. É ver como reagimos a todas essas coisas. É ver nossas emoções e pensamentos simplesmente como são agora, neste exato momento, neste exato lugar, neste exato assento. Não tem a ver com tentar fazer algo ir embora, nem tentar se tornar melhor do que somos, mas ver claramente com precisão e gentileza. (…)
Isso não é um projeto de aprimoramento; não é uma situação em que você tenta ser melhor do que você é agora. Se você tem um temperamento ruim e você sente que agride a si mesmo e aos outros, você pode pensar que sentando em meditação por uma semana ou um mês fará seu temperamento ruim acabar — que você será aquela pessoa doce que você sempre quis ser. Que nunca mais uma palavra dura irá sair dos seus lábios de lírio branco. O problema é que o desejo de mudar é fundamentalmente uma forma de agressão contra si mesmo. O outro problema é que nossos curtos circuitos, felizmente ou infelizmente, contém nossa riqueza. Nossas neuroses e nossa sabedoria são feita do mesmo material. Se você jogar fora sua neurose, você também vai jogar fora sua sabedoria. Alguém que é muito agressivo também tem muita energia; aquela energia é o que enriquece. É a razão pela qual as pessoas amam aquela pessoa. O objetivo não é tentar se livrar da sua raiva, mas de fazer as pazes com ela, de ver claramente com precisão e honestidade, e também de ver com gentileza. Isso significa não julgar você mesmo como uma pessoa má, mas também não forçar a si mesmo dizendo que “é bom que eu esteja com raiva deles” o tempo todo. A gentileza envolve não reprimir a raiva mas também não atuar com ela. É algo muito mais sutil e mais coração aberto do que isso. Envolve aprender como, assim que você perceber totalmente o sentimento de raiva e o conhecimento de quem você e do que você faz, de soltar e deixar ir. Você pode se soltar da rotineira historinha ridícula que acompanha a raiva e pode começar a ver claramente como você mantém a coisa toda acontecendo. Por isso, seja raiva ou desejo ou ciúme ou medo ou depressão – o que quer que seja – a idéia não é de tentar se livrar disso, mas de fazer amizade com isso. Significa conhecer isso completamente, com um tipo de suavidade, e aprender como, uma vez que você experimentou isso inteiramente, deixar ir.”
~ Pema Chödrön, em “The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness”, 1991 (pags 18 e 19)
Mais informações sobre Pema Chödron, seu trabalho e seus livros em shambhala-brasil.org.
concordo com a Pema Chodron pois me identifiquei comas situações colocadas por ela, quando ela diz. ..conhecer isso e. ..deixar ir…
“Significa conhecer isso completamente, com um tipo de suavidade, e aprender como, uma vez que você experimentou isso inteiramente, deixar ir.”
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O temperamento é o que nasce conosco, o carácter é o nosso temperamento trabalhado pela formação, e a personalidade é a parte externa de nós mesmos.
Aceitar seus “defeitos” é um processo lento. Corrigi-los, mais lento ainda. Mas você precisa começar de um lugar. Meditação pode ser o caminho para a sintonia com sua alma. Caminho dos mais seguros para alcançar equilíbrio e serenidade. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para saber o que podemos fazer para tornarmos a pessoa que desejamos ser. ( e não o que o outro “desejaria” que fôssemos para o seu maior conforto e segurança, guardada as devidas proporções).
Vá com o cuidado necessário para não jogar fora a ‘criança’ junto com a água da bacia, ou seja, o embrião do grande comunicador que existe na criança tagarela, por exemplo.
A própria IRAa pode ser a única via de saída encontrada, em uma situação de acomodação no ‘fundo do poço’, quando o laço aperta no pescoço e aí….
Transformar essa energia em coragem, decisão, otimismo e confiança em seu taco – é o ‘trabalho’, é a alquimia a ser feita.
Nac♥
“Desde o início da vida lhe disseram como você deveria ser. Ninguém nunca lhe disse que você é bom assim como é; eles sempre puseram programas na sua mente.
Aceite-se – essa é a oração. Aceite-se – essa é a gratidão. Relaxe internamente – é dessa maneira que Deus queria que você fosse.” Osho (*)
(*) Todas essas ferramentas (qualidades e defeitos) são suas. Tem o seu nome gravado. Vocês as adquiriu de alguma forma e têm serventia no projeto original que leva o SEU NOME. Olhe-as com carinho. Nac.
Brilhe a vossa Luz! disse Jesus.
É assim que sinto tão belo Post.
Grata e Boa Sorte, Norma
Defeitos? Corrigir? Se tornar?
“Isso não é um projeto de aprimoramento”…
O que pode ser pior que nossa ignorância (ou chamar a ilusão de verdade)?
Só vendo o fenômeno inteiro é possível se libertar do engano.
PS: Norma, o que é “Nac”?
Namastê,
Nando
Haikai
Nenhuma paisagem.
Janela Limpíssima.
Ninguém olhando.
Lindíssimo!
A quem dirijo os cumprimentos?
A ti?
_/\_ (gasshô)
Muito Bom. :)
Nando,
Vou tentar te responder:
(p/eventuais Astrólogos de Plantão: ñ tenho Merc. em combustão. Porém ele (bem aspectado)é a mil. – rs.)
Nac = Norma + os sobrenomes como constam do meu end. eletrônico = iniciais.
Colocando as autorias e de assumindo o que escrevo. Pisc*
“defeitos” = coloquei entre aspas, (pôxa!), pensando ser de fácil entendimento ( = o que vc gostaria de deixar sair da sua presente existência), até citei o Osho e sua visão da perfeição do ser humano.
corrigi-los = mantendo a mesma linha de raciocínio do “defeitos” = a transformação buscada, o que vc quer ver partir…
“se tornar” = alcançar a ‘serenidade’ de se saber no caminho.
“Isso não é um projeto de aprimoramento”… CLARO QUE NÃO!
(Nac)
Nando, de todas as interpretações possíveis essa foi a que não me ocorreu para: projeto original que leva o SEU NOME.
Considere como “missão espiritual”, ou a descoberta do que “você veio fazer aki”, qualquer coisa, menos a acima.
Pema Chödrön fala em “suavidade”, “em fazer amizade” – a mim parece ser uma ação paulatina, delicada da “partida” do que já não tem mais serventia ou da conscientização a que se chegou.
Ver o “fenômeno inteiro” já não traz em si a ideia já de um certo caminhar, num patamar superior ao que foi abordado no Post?
Se for… eu ainda estou ‘cuidando’ do abaixo, em TODOS os aspectos do meu cotidiano:
Cedo ou tarde você vai perceber
que há uma diferença entre conhecer o caminho … e percorrer o caminho.
Filme Matrix
Eu penso que “CHAMAR A ILUSÃO DE VERDADE” é pior que a total ignorância. Para mim, eu AINDA vejo-as como situações diferentes e a 2ª demanda um pouco mais de ‘consciência’ para fazer a correção de rumo. ;)
Creia, Nando, continua fazendo sentido entre o título do Post “Meditação não é tentar ser melhor… voçê é agora” e o que eu ‘tentei’ transmitir de m/vivência.
Lamento, foi de boa Fé…
Boa Sorte(*), Norma
(*) Boa Sorte – é a forma que o os seguidores de ND/Budismo se despedem. Porém, acabei de receber um convite do Kaikan Sol da Paz, no qual, aborda outro significado:
“No poema Canto da Estrada Aberta, o poeta W. Whitman resumiu em sua obra a ideia que concorda com a visão do Budismo sobre a Fé:
A pé e de coração leve
Eu enveredo pela estrada aberta,
Saudável, livre,
o mundo a minha frente.
(…)
Daqui em diante
Não peço mais boa sorte,
Boa sorte sou eu.”
Fiquem Bem, Nac.
Estou te provocando, Norma. :)
E também criando contraste e sintetizando, apenas para reforçar a mensagem para eu mesmo (e pra quem mais ler, né). Acho que, mesmo sendo meio óbvio depois que a gente lê da boca da Pema Chödrön, a gente vai escorregando e caindo da amizade suave para o aprimoramento (até porque tudo lá fora faz crer no aprimoramento) e aí já viu. Caídos ficamos.
Namastê
“saudável, livre,
o mundo à minha frente”
Nando
Provocações, né? A La Ambujamra? Com a ♥vibe♥ presente no Dharmalog?
Tranquilo!
São bem-vindas! Todas!
Afinal, TODOS somos ‘diamantes’ cujo o polimento só é conseguido via contato com outro diamante(o Budismo fala em “atrito” – hehehe!).
P.S.: Afinal, o espaço do Blog é tão do ‘bem’, que os comentários nem são monitorados ‘a priori’, não dependem da aprovação prévia do administrador. Um beijão pelo feito, haja vista a raridade do fato!
Boa Sorte, Norma
Eu conheço o dito que diamante não existe sem “pressão”.
“No pressure, no diamonds”.
Nossa, fiquei emocionada com tantas coisas que eu me identifiquei. Nesse último ano, parece que colocaram um espelho na minha frente, e vi como o meu diamante está bruto ainda. E no intuito de me lapidar, fiquei paralisada, fragilizada. Praticar o “aqui e agora”, e o “deixar ir”, não é fácil, mas acho que estou no caminho. Pelo menos já tomei consciência que a responsabilidade é minha, de mais ninguém.
Obrigada pelas palavras tão doces e verdadeiras.
Namastê
B. Domingo, Marluce:
Eu sempre marco os Posts que comento para seguir os ‘coments’.
Hoje, na minha ‘Inbox’ tinha o seu e eu, de repente, me dei conta de que nunca conheci alguém a quem eu pudesse chamar de Marluce, de “Mar de Luz”. Parabéns, pelo lindo nome.
Agora, o ineditismo do seu nome não se extende às alegorias “espelho e diamantes”.
E, apenas como exemplo, já que procuro focar nas semelhancas das religiões e não em s/diferenças, cito o Budismo de N. Daishonin que fundamenta-se na afirmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação.(síntese do Budismo Mayahana).
Espelho = “Sua mente, agora desnorteada pela escuridão inata da vida, é como um espelho embaçado, mas, se polir, é certo que tornar-se-á claro como cristal de iluminação das verdades imutáveis. Manifeste-se na prática da fé, polindo seu espelho incessantemente, dia e noite.” (*) – Nitiren Daishonin
Diamante = Até já li que qualquer “Chuck Norris” batendo palmas pode transformar um carvão em diamante…. (rs), porém para cortá-lo (vc já viu como diminui de tamanho, ficando só o seu essencial?), lapidá-lo, criar facetas extraindo o seu ‘brilho’ máximo – vc precisa de um esmeril com outro diamante na ponteira…).
A transformação de um diamante bruto faz-se pelo atrito com os outros diamantes.
Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros. Simples, mas profundo, preciso. É nos relacionamentos que nos transformamos. Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela ideia e sentimento do outro.
“Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz? As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas. À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas. Assim também agem nossos contatos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida. A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato. Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.” – Cá Azevedo.
No pensamento desta linha de budismo (ND), existe a felicidade relativa, que é aquela obtida através da satisfação de um desejo ou da eliminação de um sofrimento, e a felicidade absoluta, aquela que surge da própria vida da pessoa, não causada pelas situações exteriores. O objetivo da recitação do ‘daimoku’ é construir uma vida que não seja derrotada pelos obstáculos, e que tais obstáculos sejam uma oportunidade para o crescimento, ou seja, para o alcance da felicidade soluta.
Boa Sorte!
Norma
P.S.: Sim, eu creio que o ‘Estado de Buda’ possa aflorar em plena fila do caixa do mercado, numa Ferrari ou num Shopping…
Pisc* – Nac♥
Concordo com o que disse a MARLUCE. PRATICAR “O AQUI E AGORA” E O “DEIXAR IR” É DIFÍCIL ,MAS NÃO IMPOSSÍVEL.
Meditar, como disse a monja Pema não é querer ser melhor… é conhecer-se mais profundamente.Praticar a gentileza conosco e com os demais. Aceitar suas características próprias e aprender a lidar com elas.
Nando,
Ao postar o reply para a “Mar-luce”, , reli o Post.
Pema Chödrön e sua capacidade para escolha dos títulos é simplesmente o máximo: “Comece Onde você está” e “A Sabedoria de Não Ter Saída”, é bem tipo: É o que tem! Junte as suas ‘ferramentas, arregace às mangas e comece no AGORA!
“Dilícia”. Mais 1 X Tks.
Nac♥
Bom Dia Dharmalog,
Notei que o plugin do facebook logo abaixo do post está com erro. Após curtir, deveria ser postado o texto no nosso perfil e contabilizado mais 1 like. Mas isto não acontece.
Aprecio muito o conteúdo que vcs disponibilizam aqui. E sempre gosto de compartilhar com todos que eu conheço. Por isso peço que ajustem, para facilitar o compartilhamento das ideias.
Grato pelo conteúdo!
Boa noite!
Há muito busco conhecimento sobre meditação,e a (filosofia do Budismo em especial).Sealguem puder me direcionar e estar ao meu lado me orientando por apenas alguns dos meus novos passos ,desde já agradeço.
Caso haja o interesse em me ajudar no estudo favor entrar em contato via e-mail ou me indique uma outra forma que seja seguro.
Muito agradecida .
Interessante participei de um estudo que conclui exatamente o que acabei de ler, todos temos várias facetas positivas, negativas,, o importante é vc lidar com cada de forma a não agredir a si próprios e os que estão a sua volta, novamente falo em exercício, uma reeducação. Parece tão difícil e é … mas caso isto não aconteça as consequências tomam uma proporção sem controle. O melhor é se conhecer, dar um tempo a si mesmo, se aceitar, depois tudo fica mais fácil. Ontem brinquei com uma amiga, as pessoas em geral morrem de medo da solidão, acho isto um desperdício,, é a oportunidade que temos de nos conhecer, domar os nossos limites, aceitar-se. Mas isto causa pãnico, acho que já entendi um pouco porque…num momento como este você percebe claramente que a verdade nua e crua que embora sempre pessoas vão estar a nossa volta, mas a tua vida é tua e tudo depende unicamente de você e depois disso não será possível encontrar culpados por algo que não deu certo. Abraços.