“Todo átomo que você possui certamente já passou por muitas estrelas (e por Shakespeare)”: os átomos por Bill Bryson

Embora a Fí­sica Quântica já tenha tomado há algum tempo a função de nos desafiar na compreensão do que realmente somos feitos, o universo dos átomos ainda mantém sua própria capacidade de nos assombrar, maravilhar e revelar facetas grandiosas a respeito da vida humana e do que acontece no universo visível e invisível. No seu livro mais vendido, intitulado “Uma Breve História de Quase Tudo” (A Short History of Nearly Everything, 2003), o escritor americano Bill Bryson explora a onipresença dos átomos no universo, e, neste trecho abaixo, do capí­tulo “O Poderoso Átomo” (The Mighty Atom), nos lembra que nossos corpos e toda nossa existência dependem do fato de estarmos desde o iní­cio imersos na dança infinita e permanente dos átomos – desses “muito abundantes, muito duráveis e muito pequeninos átomos“.

A reencarnação como algumas escolas místicas (e outras nem tanto) descrevem ainda seja assunto de debate e controvérsia, essa reencarnação da qual Bryson neste trecho fala é um fato científico e observável.

E há uma curiosidade que aumenta ainda mais a assombrosidade dos dados que Bryson usa na edição original do livro. Segundo a Jupiter Scientific, que fez uma análise das estimativas de “transmissão de átomos” de um corpo para outro ao longo dos anos, o que está contido no livro é bastante baixo, e na verdade “é provável que cada um de nós tenha cerca de 200 bilhões de átomos que já estiveram uma vez no corpo de Shakespeare” (errata Wikidot). Não sei como é possível chegar a esse número, e tampouco como ele pode ser tão alto, mas deixo essa responsabilidade nas mãos de quem fez essas afirmações, que são especialistas na área (de qualquer maneira, eu já achava 1 bilhão um número macroscopicamente gigantesco para essa mesma conta).

Segue o trecho:

“Os átomos são fantasticamente duráveis. Porque eles tem vida tão longa, eles realmente se movem por aí­. Todo átomo que você possui certamente já passou por muitas estrelas e foi parte de milhões de organismos no seu caminho até se tornar você. Nós somos tão numerosos atomicamente e tão vigorosamente reciclados na morte, que um número significativo dos seus átomos – que chegam a um bilhão em cada um de nós – provavelmente já pertenceu a Shakespeare.

Um bilhão mais veio de Buda, Gengis Khan e Beethoven, e qualquer outra figura histórica que você lembrar.

Então somos todos reincarnações – apesar de breves. Quando nós morrermos nossos átomos vão se desarranjar e se direcionar para novos usos em algum outro lugar – como partes de uma folha ou outros seres humanos ou uma gota de orvalho.

Os átomos, no entanto, podem viver praticamente pra sempre. Na verdade ninguém sabe quanto um átomo pode viver, mas de acordo com Martin Rees é provavelmente algo em torno de 1035 anos – um número tão grande que eu fico até feliz de colocá-lo no papel”.

~ Bill Bryson, “Uma Breve História de Quase Tudo”

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Compartilhado pelo Instituto Aleph.

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10 Comments

  1. says: Isócrates de Oliveira Júnior

    I do not really care about having 200.000.000,000 atoms that belonged to Sheakspeare… o que interessa são os legados mais próximos,nossos avós, pais, filhos e dái por diante . Aí está a memória aplicável, atomicamente falando…

  2. says: norma

    Achei encantador o post de hoje por “n” razões. Muito obrigada.
    Boa Sorte!

    ++++++++
    Olha quem pegou “carona” no livro:
    A Brief History of Pretty Much Everything
    http://youtu.be/gNYZH9kuaYM

    Um vídeo feito em stop motion (com, segundo o criador, 3 semanas de trabalho em 2100 páginas de caderno) que mostra a história de quase tudo em pouco mais de 3 minutos. Bons desenhos, boa ideia.

  3. says: norma

    Pablo,

    O s/coment. a seguir do meu, ficou parecendo um revert, teu p/mim.

    Creio que vc sabe que “10” é o código internacional doenças, na área médica, seguido pelo nº da doença pp. dita. (princ. na área que envolva o psi.).
    Não sei se foi a tua intenção, mas o fato é que é.

    (a polícia tb tem o código seu 10).

    Fiquei pensando sobre o que pode ter levado o post acima, num Blog com as propostas do Dharmalog, a receber como comentário (oportunidade da participação do seguidor e do Administrador “sentir o pulso” do Blog e dirimir dúvidas), um código como “feedback”, à matéria em questão, como vc fez e que só servirá para se comunicar com uns poucos, numa espécie de ‘piadinha’ privada????

    Não rola… e meu tempo é curto. Até qq dia!
    Norma

    1. Norma, acho que é apenas 10 elevado à trigésima quinta (potência). Se for, provavelmente deve ser uma estimativa do total de átomos em um corpo humano. O que seria realmente impressionante, quase vertiginoso. :)

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