Uma palavra (e uma sugestão) do coach Clarence Thomson para quem está “procurando motivação” no trabalho

O texto abaixo é uma tradução livre de um post do autor e coach americano Clarence Thomson, no blog EnneagramCentral, intitulado “Tá motivado?” (“Got motivation?“), e traz uma elucidação simples sobre um problema bastante comum e que provavelmente está acontecendo neste momento em algumas salas e baias e departamentos corporativos por todo lugar: a ausência de motivação. Teólogo, especialista em Eneagrama e Mestre em Comunicação Social, Clarence tem bons insights sobre problemas e “motivações” profissionais e fala de maneira simples e esclarecedora, a começar pela própria palavra, “motivação“.

//////////

Tá Motivado?
Por Clarence Thomson

“Motivação é uma palavra sinistra, radicada numa duplicidade pessoal e corporativa. Os gerentes perguntam, “Como posso motivar meus empregados?”, e as mães perguntam a mesma coisa sobre estudantes teimosos. A pior maneira de “buscar” motivação é sair procurando por ela. “Não consigo achar minha motivação” é um argumento recorrente que usamos para mentir a nós mesmos.

A correta tradução de “estou procurando por motivação” que vai resolver um monte de problemas é “Eu não quero”. A mãe ou gerente não querem apenas que o empregado ou filho façam o trabalho. Eles querem que você QUEIRA. Só aprender a ler não é suficiente; professores, pais e as pessoas interessadas todas querem que a criança tenha algum prazer na leitura. O garoto peralta deve querer ler quando ninguém estiver olhando. Gerentes tem um instinto que empregados que odeiam que estão fazendo bem ainda são problema.

Por isso, ao invés de dizer a você mesmo ou aos outros, “Encontre motivação”, tente palavras honestas em bom português. “Não consigo encontrar uma maneira de gostar do que eu não gosto”. (…)

Então, da próxima vez que um gerente disser, “Como eu motivo meus empregados”, pergunte-o(a) se eles gostam do trabalho, e o que eles possivelmente não gostam que esteja dentro do seu alcance.

“Gostar” é uma palavra curta, honesta e emocionalmente rica. “Motivação” é uma abstração e é inerentemente dúbia. Eu poderia escrever mais sobre isso mas não quero.”

//////////

Imagem por verydemotivational.com,

More from Nando Pereira (Dharmalog.com)
Observando as sensações do corpo com a meditação Vipassana, na palestra de Eilona Ariel no TEDxJaffa [VÍDEO]
“Vinte e seis séculos atrás existiu um cientista brilhante, o Buda, que...
Leia Mais
Join the Conversation

7 Comments

  1. says: Áurea Lacerda Cançado

    Hahahahaha…acho que se gastássemos a energia que usamos para camuflar a verdade realizando o trabalho que não gostamos, sobraria muuuuuuuuito mais tempo para o que naturalmente gostamos.
    Valeu!

  2. says: Áurea Lacerda Cançado

    Voltei para dizer que este post trás um excelente exemplo de como ser “impecável com a palavra” (vide o post sobre a filosofia Tolteca)

  3. says: Norma

    Oi, Nando,

    Respondendo a um comentário teu (a bastante tempo atrás) sobre PALAVRAS:
    Sim. Culpada.

    1) http://youtu.be/Adzywe9xeIU

    The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore

    2) e em prol da maltratada “última flor do Lácio”, o idioma da nossa ‘Mátria’ – ‘torço para que alguém tenha ideia de semelhante originalidade e leveza para dar uma força ao nosso combalido, mas ainda belo português.’:

    Save The Words lets you adopt a dying word, feel smarter
    (The words are weird (estranhas) – E como são. As ‘agonizantes’ gritam para chamar a tua atenção: Eu, eu! Não, eu! Aqui! Alô!
    Quando se adota uma, firma-se o compromisso de usá-la durante certo tempo.

    http://savethewords.org/site.swf

    “Language is a living thing. As the world changes, new words are invented, and older ones fade away and go out of circulation.
    Save The Words is a project that’s related to Oxford Dictionaries. It lays out a large canvas of endangered words in front of your eyes, and when you click a word, a dialog pops up with its meaning. The definitions are simple (perhaps a tad too simple) and very easy to understand.”

    3) Há, também, o um projeto ligado ao Instituto Cervantes (Espanha)

    http://www.eldiae.es/ El dia E – la fiesta de todos los que hablamos español

    onde se vota na favorita como a palavra mais bonita:

    http://www.eldiae.es/vota-tu-palabra

    “Sustantivos o verbos, llanas o esdrújulas, compuestas o simples. De las miles de palabras que componen nuestra lengua, un grupo de personalidades de habla hispana de los más diversos campos del saber han elegido más de una treintena de ellas. ¡Vota tu favorita!”

    La palabra favorita de Isabel Allende : Espírito

    http://youtu.be/BvxLwIGh3i0

    Grata.

    1. Aparentemente o corporativês e o marketês invadiram nosso vocabulário, Norma. Fomos infectados com palavras orientadas à produtividade e ao lucro. Na verdade, toda nossa educação ainda sofre com um direcionamento da era (da produtividade) industrial – e há alguns posts aqui sobre isso, de Rubem Alves a Ken Robinson. Afinal, o que é um “recurso humano”, não é?

      Temos como resgatar isso com adoção de palavras? Não sei… Artisticamente é simpático, interessante, mas pragmaticamente é ineficaz. Por isso gosto da tradução direta de uma palavra infectada – como “motivação” – do jeito que o Clarence Thomson fez: isso é quase uma vacina. Ou uma infecção com algo que tem alma. Quem lê passa a andar com a “nova tradução” na cabeça, quase à prova de nova infecção. Não podemos nos motivar por qualquer coisa – mas ninguém vai salvá-lo de qualquer coisa a não ser você.

      O filme dos livros voadores do Sr Morris é muito bom. Seria aquele vento no início algum símbolo disso tudo?

      Pelo menos já temos o Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, e a Gramática Expositiva do Chão. Isso sim é “motivação”!

  4. says: Norma

    Sim, para o vento que abre os ciclos (novos?). Tb vejo-o como símbolo. Com certeza, para tudo ‘o’ mais que foi dito, por vc.
    O contexto do m/comentário refere-se a uma inserção (que não localizei e não sabia onde colocá-lo) tua onde comentas algo semelhante:’parece-me que gostas de palavras’ e não ao texto do Clarence Thomson, propriamente. Isso posto,só me resta agradecer ao seu revert e reiterar que eu acho que há palavras lindas e outras não (palatáveis). Quer por sonoridade (ex. de horrível: bueiro) ou por conceito (ditto). Gosto de palavras como gosto de jogar Batalha Naval (coisa que acima dos 6 anos, aparentemente, ninguém gosta!) simples assim.

    Grata

Leave a comment
Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *