O autor do livro “Fight Club” (Clube da Luta), que virou célebre filme na direção de David Fincher (1999), lançou esta semana um novo livro nos Estados Unidos, intitulado “Damned“, e revelou algumas de suas interessantes visões artísticas e filosofias de vida numa entrevista ao site Lit Reactor, ao repórter Kasey Carpenter. Afirmando que “toda ficção é autobiográfica“, Palahniuk é perguntado até onde ele enxerga que uma pessoa deve tentar se salvar por completo – e até onde isso é possível – e onde deve desistir (ou não). A resposta segue abaixo.
A entrevista completa está em inglês – “Chuck Palahniuk Finds Hell in an Author’s Suite” (Chuck Palahniuk Encontra o Inferno num Quarto de Escritor) – e abaixo traduzi uma das perguntas que possuem uma das ricas respostas de Palahniuk.
Kasey Carpenter: Você atrai o leitor para, por um lado, parar de salvar a si mesmo, um tema que você leva há anos, mas também vemos nesse livro o apelo lancinante que a esperança traz com ele. Como podemos reconciliar os dois?
Chuck Palahniuk: Veja, esse é o coração e a alma do que eu sempre tendo fazer – eu sei como consertar as coisas até um determinado ponto, mas não posso na minha consciência atual. Não posso trazer eu mesmo para uma consciência mais ampla. Por isso eu tento consertar as coisas que eu posso, enquanto ao mesmo tempo confio que o que eu não sei vai se aparecer por si mesmo. Você falou isso antes, você pode subir no elefante, e você pode controlar onde ele vai até certo ponto, mas no fundo o elefante vai onde ele quer ir e você vai a cabo nesse passeio. Então a idéia é que você faça o que você sabe fazer, e você tem que confiar que a idéia vai aparecer por si mesma, confiar que aquele elefante pode te levar para algum lugar inesperado, novo e excitante ao mesmo tempo.
PS: Essa abordagem de realizar o que está ao seu alcance e confiar que algo maior (neste caso de Palahniuk, um “elefante”), lembra levemente a “oração da serenidade” do teólogo Reinhold Niebuhr — que diz, em sua primeira parte “Deus, concedei-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso modificar; coragem para modificar as coisas que posso, e sabedoria para saber a diferença”.