Texto da jornalista e escritora gaúcha Martha Medeiros, colunista do O Globo, sobre o amor conjugal e a percepção de ser amado em uma relação. É uma observação contra os clichês das demonstrações “amorosas” e pelo crescimento do amor companheiro, honesto e inspirador, importante para contrapesar nossa cultura midiática cheia de visões preconcebidas e sentimentalismo. “Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro“, diz Martha.
Segue o texto na íntegra.
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“Sentir-se amado”
Por Martha Medeiros
“O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?
Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. “Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho”.
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. “Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato.”
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo”.
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[ Foto por gem fountain, licença BY-NC ]
VALE A PENA LER…TEXTO MUITO LEGAL!!!!!!
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se eu fosse uma escritora, gostaria de ter escrito isto!
Muito bom! Recomendo!
Li!o seu texto,e gostei muito,é uma boa lição para uma vida a dois.É preciso coerência por ambas as partes.
Edson Rodrigues: ( Estudante de Pedagogia,1º períduo da UCAM.)
Bom D+ esse texto da MM. Melhor,só saíndo da teoria e partindo para à prática, seja como agente e/ou passivo. Grata.
SIMPLESMENTE LINDO. MARTHA MED
EIROS É DEMAIS!
SIMPLESMENTE LINDO. MARTHA MEDEIROS É DEMAIS.
Nenhuma mulher respeita isso…