De cada cem pessoas,
aquelas que sempre sabem mais:
cinquenta-e-duas.
Inseguras a cada passo:
quase todo o resto.
Prontas pra ajudar,
se não levar muito tempo:
quarenta-e-nove.
Sempre bem,
porque não pode ser de outra maneira:
quatro — bem, talvez cinco.
Capazes de admirar sem invejar:
dezoito.
Levadas a errar
por serem jovens (isso passa):
sessenta, mais ou menos.
Aquelas que não devem ser provocadas:
quatro-e-quarenta.
Vivendo sob medo constante
de alguém ou alguma coisa:
setenta-e-sete.
Capazes de serem felizes:
vinte-e-poucas no máximo.
Inofensivas sozinhas,
que viram selvagens em grandes grupos:
mais de matade, com certeza.
Cruéis
quando forçadas pelas circunstâncias:
melhor não saber,
nem aproximadamente.
Sábios em retrospectiva:
não muito mais
dos que os sábios por antecipação.
As que não conquistam nada na vida além de coisas:
trinta
(embora eu desejasse estar errado).
Confusas pela dor
e sem uma luz na escuridão:
oitenta-e-três, mais cedo ou mais tarde.
Aquelas que são justas:
poucas, trinta-e-cinco.
Mas se requer esforço pra entender:
três.
Merecedoras de empatia:
noventa-e-nove.
Mortais:
cem de cem –
número que ainda não teve variação.
~ Wislawa Szymborska, Nobel de Literatura (1996)
(traduzido do polonês por Joanna Trzeciak, e do inglês por Nando Pereira, via Caterina Fake)