Num post na sua página no Facebook há alguns dias, o escritor Scott Kiloby diz que nosso conceito sobre o mundo e a vida é que nos faz sofrer.
“Nós sofremos quando acreditamos nas nossas dolorosas descrições sobre a vida. Buda falou sobre o fim do sofrimento. Eu digo que é o fim da crença nessas dolorosas descrições. A próxima vez que uma descrição aparecer, olhe diretamente pra ela. Observe-a esmaecer e desaparecer. Descanse enquanto o espaço que vê essas descrições vai e vem. Esse espaço é o sofrimento?” (Scott Kiloby)
Pela frase que ele usa, talvez nem sejam apenas as descrições dolorosas que causam o sofrimento, mas qualquer descrição. As dolorosas apenas causariam um sofrimento imediato maior. E por “descrição“, ele deve também incluir “conceito”, “idéia”, “opinião”, “crença”, “visão” ou “explicação”. Por exemplo, “a vida é bela” é uma descrição. “A vida é justa” é outra. E por “vida“, ele deve querer dizer “pessoas”, “acontecimentos”, “relacionamentos”, a “realidade” em geral.
Por exemplo, se você acredita que o mundo é justo e, em uma determinada circunstância, ele não se mostra de acordo com a descrição que você faz pra si mesmo de mundo justo, você se frustra e sofre as consequências. A aparente injustiça causa esse sofrimento. E há também o sofrimento causado pela sensação de não mais entender o que o mundo é, porque ele não mais corresponde à sua descrição. As descrições dolorosas, seguindo o raciocínio, seriam apenas imediatamente piores, porque descrevem um mundo dolorido.
As descrições são uma tentativa de fixar, num conceito ou idéia, uma realidade essencialmente impermanente. “Ninguém pisa no mesmo rio duas vezes”. Um nome, uma frase ou uma idéia não é capaz de definir com precisão e validade eterna o que existe. “Se você olhar bem, nem mesmo o mais fino dos seus fios de cabelo é permanente e constante”, diz Sogyal Rinpoche.
Ou, como Mestre Dogen dizia, tudo é “por enquanto” (“for the time being”).
“We suffer when we believe our painful descriptions about life. Buddha talked about the end of suffering. I say it’s the end of believing these painful descriptions. The next time a description arises, look directly at it. Watch it fade away. Rest as the space that sees these descriptions come and go. Is that space suffering?” (Scott Kiloby)