“E aquele que vem a mim”

Dois gêmeos idênticos, duas mulheres. Ou uma. A outra cansou de sustentar uma falsidade genérica e assumiu a predominância masculina na sua “alma”. Não aguentava mais viver de saia, nunca aguentou. A sociedade está caindo em cima, sua Igreja vai lhe excomungar, mas ele (sic) não se importa – está vivendo algo como um êxtase. Está prestes a fazer a segunda e última operação que vai lhe dar feições mais definitivas de homem. “Mas você não sente falta do lado mulher?”, pergunta a entrevistadora. “Sabe, quando as pessoas me perguntam isso, eu pergunto a elas se elas sentem falta de ter câncer”.

Volta a fita: são gêmeos idênticos, do mesmo óvulo. Então a Genética pouco pode nos dizer agora, se é que pouco tem. Não está nos genes, está em algo pós, ou pré, ou em ambos.

Esta pessoa, que tentou viver como mulher durante 32 anos e desistiu, e agora sente o maior alívio da sua vida, está sendo condenada pela instituição que se diz promotora de Deus e do Amor. A Igreja dele, que é cristão, que prega Jesus Cristo, aquele que disse “Tudo o que o Pai me dá virá a mim, e aquele que vem a mim, eu de modo algum enxotarei” (João, VI: 37). Se Deus é Amor, tem que ser Amor incondicional. “Não importa de onde venha o Amor, se é Amor, é de Deus”, disse uma vez o quase excomungado frei Leonardo Boff.

O maior profeta do Oriente disse que nenhuma divisão ou discriminação sobreviverá à Kali Yuga. Agora a destruição será total para quem insiste em dividir, separar, condenar, seja por raça, credo, gênero ou o que for. A Terra está se abrindo para sempre. O que aconteceu no programa da Oprah Winfrey (a apresentação do caso das gêmeas) deve ter sido o caminho do Dharma.

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9 Comments

  1. says: Bia Badaud

    caramba, nos dias 16 e 17, estive conversando exatamente sobre isso, num interessante blog que é escrito por um casal de mulheres homossexuais. achei o post dela muito bem escrito, e sem ter metade dos seus conhecimentos, disse algo parecido, lá. interessante coincidência.

  2. says: Bia Badaud

    na verdade, eu falei muito por lá; a coincidência está lá em baixo, no último comentário que fiz, onde acabo citando Annie Besant e seu livro ‘Dharma’.
    ;-)

  3. says: nando

    Muito bom o texto da Annie. No começo achei que ia descordar, mas depois do Ishvara valeu. :)

    Nessa, que tragédia ter que falar “pelo livre direito de ser o que se é”, né? Quando isso não deveria ofender ninguém, e não tira liberdade de ninguém. Amém.

  4. E bom ver que cada vez mais a genetica sai dessa historia, assim as pessoas param de chamar uma escolha de doenca. Ainda bem que o numero de pessoas que entendem que cada um tem esse direito de ser o que e esta crescendo :)

  5. says: gnosis

    Interessante…antes, a comunidade GLS vivia brigando que “é genético, é genético, não podemos controlar isso, vocês não podem discriminar pq é genético.” Agora é o inverso.

    Agora vemos pessoas dizendo coisas como o comentário da Luciana, que é uma escolha de “ser o que é”. Isso é uma contradição. Se você já é uma coisa, que você não pode mudar, e não tem controle sobre ela (ou muita gente mudaria, e como tentam!), continuar a ser aquilo não é uma escolha.

    O modelo metafísico do Cristianismo explica claramente como podemos, por um lado, estarmos presos à certas tendências (não apenas sexuais), e nos proporciona um caminho para vencermos estas tendências: Jesus. A ação de Deus no caráter de uma pessoa é o que possibilita a vitória sobre todas as tendências de sua personalidade.

    Enfim, é uma diferença fundamental de pressupostos.

  6. says: selufa

    Querer citar igreja, Jesus e Deus em uma coisa que nada tem de espiritual, só para dizer que os que seguem o padrão de vida cristã e querer que a Palavra de Deus concorde com com atos humanos é um absurdo. É só ler a biblia e ver que nada tem haver Amor de Deus com o amor de homens, pensamentos humanos com pensamentos Divinos, Atos de homens que seguem seus próprios entendimento, de homens que são guiados pelo Espírito Santo de Deus. Se realmente conhecermos a Jeová como Ele é, se conhecermos a Jesus como dizem as escrituras e como age o Seu Espirito Santo deixariamos de querer que o Deus Todo Poderoso participasse ( Sabendo que Ela não toma parte nessas coisas )de nossos erros ou atitudes e assumiriamos nossos errros ou escolhas sem querer esconder-nos por detras de pensamentos humanos e terrenos, mas dizendo que Deus concorda com tudo que eu faço.
    “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.” Is 55:8. Obrigado, deixo aqui minha sincera opinião.

  7. Li os comentários acima. Os que defendem o comportamento agora chamado de homo-afetivo e outras coisas relacionadas ao mesmo, já procuraram muitas respostas e explicações ao longo dos anos. Sempre são contraditórias, pois o objetivo principal é fazer a cabeça da sociedade e impor um novo modelo de comportamento. A resposta encontrada nas Escrituras continuam atuais, não contrariam a verdadeira ciência e nem denigrem a pessoa humana, apenas exalta o eterno Criador. É um ato de rebelião, contrário a própria natureza humana, que se da na esfera da mente e se reproduz por meio do corpo. Um tipo de poluição que se auto-justifica e que leva ao fim dos tempos, ao juízo, a consequências desastrosas para a humanidade. Os que defendem e praticam, as vezes por ignorância ou conduzidos por forças ocultas, negam a vontade do Eterno de conduzir suas vidas e de livrá-los do mal.

    1. É uma tema polêmico mesmo, João. Entendo sua argumentação, mas não concordo com alguns pressupostos, como quando você diz que “o objetivo principal é fazer a cabeça da sociedade e impor um novo modelo de comportamento”. Como seria possível saber qual o objetivo principal? E do ponto de vista de quem?

      Não sendo possível falar sobre o objetivo de todos, nem saber se são consonantes, acho que um deles (e que é um dos motivadores de um post como esse) é uma maior aceitação de todos os seres (por parte de quem discrimina) e o fim da repressão interior (por parte de quem é discriminado). Dois objetivos diferentes e necessários. Sem eles, acho que a humanidade corre ainda maior perigo de consequências desastrosas (veja quanta guerra já foi criada em nome desse “Criador”).

      Cada um deve entender a gênese o desenvolvimento do que se é, e podemos buscar entender isso juntos, mas sem aceitação, não vamos a lugar nenhum. Se for uma rebelião interior, que seja encontrada em paz, e com a ajuda de todos como um grupo que se importa consigo mesmo.

      Sobre “poluição”, acho essa expressão muito perigosa. Implica um sentido de pureza que é muito confundido. Pior do que isso seria qualificar seres inteiros como impuros, pode acabar num separatismo e um sentido de superioridade que não existe (e que já vimos também quanta guerra e quanto desastre pode causar).

      Acho que temos bastante chão em amor e auto-conhecimento pra andar ainda.

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