Essa frase é uma incógnita, não fecha com as anotações do meu caro Watson. Nenhum dos grandes iluminados da estirpe do Nazareno disse coisa parecida. Se for verdadeira, provavelmente foi um titubeio de Jesus na cruz, depois de uma trágica via crucis. Mas mesmo isso é um desafio lógico, porque Jesus teria dito, antes do último suspiro, “Pai, a Ti entrego meu espírito“, ou seja, uma postura sábia, lúcida e una. O que aconteceu então? Não sei, estou perguntando. Analisando historicamente (via Hegel), poderíamos chegar à idéia de que a Igreja precisou dessa frase para dividir o universo em dois (Deus e os homens) e clamar para si o caminho (exclusivo) da salvação. Mas isso não passa de interessante especulação – embora a Igreja tenha se beneficiado com a frase de qualquer maneira. O problema maior é que João, o único apóstolo presente à crucificação (ao lado das duas Marias), não fez qualquer menção à frase. O único que o fez foi o discípulo (e não apóstolo) Marcos (no próprio filme “A Paixão de Cristo”, tido como ortodoxo, estão os três ao pé da cruz e Marcos não aparece). Como ele pôde saber, então? Não sei. O que eu sei é que “o Pai e eu somos um“, como disse Jesus, testemunhado por João, o mais presente dos apóstolos evangelistas. E o que fica é a lição da incógnita, que às avessas mostra sua utilidade – a de questionar e nos fazer buscar as coisas por nossas próprias pernas, sem ficar delegando nossa inteligência a ninguém, por mais confiável que pareça esse alguém.
pelo menos nas Paixões musicadas, segundo João, Jesus não fala nada (“Baixou a cabeça e faleceu”).
qto à Bíblia, não sei. nunca li a Bíblia. :)
Faria sentido também. São as semínimas de Bach, talvez tenha um código aí, como Da Vinci. ;)
dizem que tem mesmo um código! alguns desenhos sei que tem, eu já procurei e já achei.
A coisa mais plausível que li a respeito é que ele recitava na cruz o Salmo 21, salmo este que descreve profeticamente a cena do Calvário, em detalhes. E isso foi escrito 1.000 anos antes, por Davi, quando os romanos nem sonhavam em crucificar alguém. Jesus estava reafirmando sua condição de cordeiro de Deus, contida nas profecias.
Grande Acid! Mas… que parte do Salmo 21 ele está citando? Eu verifiquei e não consigo encontrar nada. Realmente é uma síntese forte da vida de Jesus, mas não vi nada que explicasse a pergunta dualista-agonizante. Quem “o Senhor os consumirá na sua indignação” são os inimigos, e não Jesus. Preciso de algo mais.