A indústria do disco acabou.

“A indústria do disco acabou. Finita”.
Nelson Motta, que tomou café, agenciou, almoçou, compôs letra, lanchou, namorou, jantou, dormiu e acordou com praticamente toda a nata da música brasileira, tirou seu revólver calibre Paulo Francis da gaveta e apontou para a desesperada “indústria do disco” (do disco, claro, pq a indústria da música somos nós!). O artigo está na Trip deste mês (tem um trecho online):

“(…) Mas a indústria do disco acha que pode continuar nadando nessa sopa, que fez dela, dos anos 60 aos 90, uma das mais lucrativas do mundo, com executivos ganhando salários e bônus que rivalizavam com os das indústrias de energia, farmacêutica, automobilística.

“Sob suas asas generosas, imbecis e ignorantes com algum suingue e muita audácia se tornaram milionários da noite para o dia, pop stars oligofrênicos usaram e foram usados por máquinas bilionárias de marketing, mitos e fraudes foram criados ao sabor do jabá radiofônico, televisivo e impresso e de generosos presentes e contribuições de todo tipo para todo o mundo que ajudasse a construir um sucesso. Esse mundo está ruindo, caindo de podre. O que restará para a história é a extraordinária contribuição cultural dada pela indústria do disco, registrando e distribuindo para o mundo a grande música do século 20. Restará a história gloriosa dos grandes homens do disco, gente como os irmãos Nesuhi e Ahmet Ertegun, Berry Gordy, Clive Davis, Chris Blackwell e outros que amavam a música e que descobriram e desenvolveram grandes artistas; ninguém se lembrará de advogados, financistas e marqueteiros que hoje dominam a indústria.”

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7 replies on “A indústria do disco acabou.”
  1. says: Rafael Lima

    Sincronicidade: Giron diz que a MPB acabou na Bravo deste mês. Fim dos tempos?

    COMMENT:
    Rafa: o Giron se referiu à MPB rótulo ou a música (popular) brasileira? se for a primeira, talvez eu concorde, se for a segunda, no way.

  2. says: Rafael Lima

    Nando: Giron se referiu aos músicos que criaram o rótulo MPB e seus continuadores naturais: Chico, Caetano, Gil, Milton. O argumento é que esses nomes eram tão fortes e firmaram tanto o pé na tradição que acabaram atravancando o surgimento de novos talentos e vertentes.

  3. says: nando

    lulu, eu só conheço a realidade por reportagens como essas do PAS, e eu acho o PAS confiável. então, acho que a mulher tá tentando alguma coisa boa.

    não sei dizer sobre o percentual das rádios, mas sei que as rádios são parte fundamental da corrupção na música, então tem que prestar bem atenção. a força-tarefa, ainda que fraca, do Ecad junto da pressão ilegal da pirataria de camelô tá forçando a indústria a encontrar saídas, ela que é a questão central do caos. o que não pode acontecer é essas saídas serem ações na Justiça mandando fechar tudo e mantendo a própria indústria, cheia de ilegalidades, funcionando como funcionou até hoje.

    se por um lado a pirataria força a indústria à medidas desesperadas, a lei (e o Ecad deveria fazer sua parte) força a indústria à medidas organizadas e moralizadas.

    quanto à mídia, pode aumentar bastante o volume que só vai ajudar.

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