Uma parábola

UMA PARÁBOLA
por Rabindranath Tagore

“Eu mendigava de porta em porta, pelo caminho da aldeia, quando um carro de ouro surgiu à distância e parecia um sonho esplêndido. Perguntei a mim mesmo quem seria esse Rei de todos os reis. Minhas esperanças subiram ao céu. Eu pensava: terminaram os meus dias nefastos. E tive esperança de esmolas espontâneas e de riquezas soltas na areia. O carro parou onde eu estava. Ele me olhou e disse sorrindo. Eu senti que afinal chegara o dia da minha felicidade. E de repente estendeu-me a mão direita, perguntando: “Que tens para mim?” Ah, teu gesto real de estender a mão direita a um mendigo! Confuso, perplexo, meti a mão na sacola e, devagar, retirei um pequeno grão de trigo, que lhe ofereci. Mas, à tardinha, foi enorme a minha surpresa. Esvaziando a minha sacola, vi um grão de ouro entre os de trigo. Chorei lágrimas amargas e lamentando-me dizia: “Por que não lhe dei tudo?”

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