“[As almas] tudo fazem para seguir os deuses, seu condutor ergue a cabeça para a região exterior e se deixam levar com a rotação [do Céu Platônico]. Mas, perturbadas pelos corcéis do carro, apenas vislumbram as realidades. Ora levantam, ora baixam a cabeça, e, pela resistência dos cavalos, vêem algumas coisas mas não vêem outras. Outras há ainda que, nostálgicas, seguem atabalhoadas acompanhando a rotação, incapazes de se levantar, empurrando-se e derrubando-se umas às outras, quando alguma pretende passar adiante. Há confusão e briga, e abundante suor. Muitas saem feridas, por culpa dos cocheiros. Muitas perdem as penas de suas asas. Todas, após esforços inúteis, não conseguindo se levar até a contemplação do Ser Absoluto, caem, e a sua queda as condena à simples Opinião. A razão que atrai as almas para o céu da Verdade, é que somente aí poderiam elas encontrar o alimento capaz de nutrí-las e de desenvolver-lhes as asas, alimento que conduz a alma para longe das baixas paixões”.
Sócrates, em “Fedro”.
Passagem de “Fedro”, de Sócrates
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