Por que Deus criou o universo?

A pergunta é desafiadora, de resposta praticamente inalcançável para muitos de nós que ainda não dedicamos decisivamente nossos esforços para as descobertas essenciais da vida, mas não é impossí­vel. O que é difí­cil é o preparo para chegar até ela. No livro “BrahmaVidya“, ou “Sabedoria Divina”, a destacada teosofista britânica Annie Besant tenta expor qual o problema, não da pergunta, mas da resposta. Nada tem a ver com a questão da existência de Deus, que para alguns pode ser um um elemento impeditivo para progredir na busca da resposta, mas do estado de evolução intelectual e de consciência para captar a resposta.

“É quase impossí­vel, a não ser por uma série de contradições, descrever estados de percepção, de consciência, aos quais nossa linguagem não se adapta. Em sânscrito, naturalmente, encontramos uma forma de linguagem enormemente mais desenvolvida, vista pelo aspecto filosófico, do que o inglês. Entretanto, ao tentar levar as pessoas a compreenderem, devemos usar uma linguagem que elas possam entender, e o sânscrito é conhecido relativamente por poucas pessoas no Ocidente. (…) A experiência do plano búdico não é traduzí­vel aqui em palavras, mas encontram-se indicações dela (quando as pessoas lêem sem compreender o que significa) “obscuras”, “vagas”, “indeterminadas”. Contudo, é bem clara, nada vaga, para quem mantém contato com ela. Um dos grandes fatos da consciência é o que de nunca podemos compreender um estágio que ainda não alcançamos. Não podemos compreender a consciência vendo-a do exterior. Ontem eu estava respondendo a uma carta, na qual havia a pergunta: “Por que Deus fez o universo?“. Seguri que havia muitas razões possí­veis, mas um gatinho não pode compreender por que um homem gasta seu tempo lendo um livro, ao invés de correr pelo chão atrás de uma folha, porque a percepção do gatinho não está suficientemente desenvolvida para ler um livro. E todos nós estamos mais perto do gatinho, em certo sentido, do que de Ishvara (Deus), na nossa compreensão da Natureza. É bem verdade que “Ele está mais perto do que a respiração / Mais próximo do que as mãos e os pés” mas temos de expandir nossa percepção para aceitar as contradições”.
~ Annie Besant, “BrahmaVidya”

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