Os seis pontos essenciais para a vida ou “os seis conselhos”, como ensinados pelo mestre budista Tilopa

Originalmente são apenas seis palavras e vieram de um mestre que viveu há mais de 1.000 anos, o célebre mahasiddha e praticante budista tântrico Tilopa (988-1069): “Seis Palavras de Conselho” (Six Words of Advice), ou Os Seis Conselhos, é um poema sintético dirigido ao discípulo Naropa (1016–1100), mas que servem tanto ou mais à nossa era de intensa atividade e sofrimento mental. A composição original continha apenas seis palavras (sânscrito ou bengali), mas chegaram ao tibetano conforme estão na reprodução abaixo, logo seguidas pelas versões em inglês, do tradutor e professor de Budismo Tibetano, o americano Ken MacLeod, e então as em português, versadas livremente por este blog. Tilopa foi um grande mestre realizado, um mahasiddha (tipo de yogue avançado, reconhecido pelo Budismo Vajrayana), hábil detentor de práticas tântricas como dream yoga e phowa, e precursor do Mahamudra, um método para a iluminação originado no século VIII e cuja linhagem da “Experiência de Meditação de Profunda Benção” lhe foi transmitido pelo Buddha Vajradhara.

Antes que alguém “tente fazer isso em casa”, é importante ponderar que esses conselhos não são para serem tomados de maneira neuroticamente literal. Quando Tilopa fala em “Não lembre“, duvido que quisesse criar um tipo de proibição ou forçar o discípulo a criar metas para ficar um determinado tempo ininterrupto sem lembranças – porque isso seria impossível. O objetivo não é que criemos uma hipervigilância infundada que se exige cumprir esses conselhos como se fosse uma lista de obrigações — algo que acaba em “ih, me lembrei de um negócio aqui, acho que não deveria, porque estou tentando seguir os conselhos do mestre Tilopa”. Parece absurdo, mas há um vício moderno em lista de metas, mesmo os mais íntimos e espirituais. “Esse preceito está em conexão com nossa tendência de sempre nos apegar ao que passou, que passou, mas em que constantemente baseamos nosso pensamento e reações“, explica o Lama Shenphen Rinpoche (neste link). Então “Não lembre”, neste caso, é não basear sua experiência de vida presente no que passou, não fazer disso um hábito, um pensar constante dirigido à lembrança. “Descanse“.

E assim seguem os outros cinco preceitos.

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OS SEIS CONSELHOS
Por Tilopa
(traduções de Ken MacLoad e Nando Pereira)

mi mno
Não lembre
Don’t recall
Deixe o que passou
Let go of what has passed

mi bsam
Não fantasie
Don’t imagine
Deixe o que pode vir a ser
Let go of what may come

mi sems
Não pense
Don’t think
Deixe o que está acontecendo agora
Let go of what is happening now

mi dpyod
Não analise
Don’t examine
Não tente antecipar as coisas
Don’t try to figure anything out

mi sgom
Não controle
Don’t control
Não tente fazer as coisas acontecerem
Don’t try to make anything happen

rang sar bzhag
Descanse
Rest
Relaxe, agora, e descanse
Relax, right now, and rest

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