É possível perdoar tudo? Como? O monge Thich Nhat Hanh responde em 4 minutos [VÍDEO]

É possível perdoar tudo? Como?“. A pergunta sobre o perdão total foi feita por um dos alunos ao monge Zen vietnamita Thich Nhat Hanh, líder da Plum Village e autor de livros como “O Milagre da Atenção Plena” e “Cultivando a Mente do Amor“, durante um dos retiros de verão que acontecem na França todo ano com a presença de crianças e jovens do mundo todo. “Sim, é possível” é a versão curta da resposta de Thay, que responde na íntegra (usando sua cativante voz singela e pacífica) em 4 minutos, como está no vídeo abaixo, traduzido e legendado livremente por este blog. Apesar de recomendar muito assistir aos breves minutos do vídeo e sentir a transmissão bonita de Thay, vou infringir essa recomendação e colar um pedacinha da resposta abaixo, um pedaço importante, onde ele diz que “apenas” a vontade não é suficiente para perdoar:

“A vontade de perdoar não é suficiente. Mesmo que você queira perdoar, você não consegue. Apenas a verdadeira compreensão pode trazer o perdão. E esse tipo de compreensão é possível apenas quando você vê o sofrimento (do outro)”.
~ Thich Nhat Hanh

Abaixo, a resposta de Thay (caso o vídeo não apareça, recarregue esta página, e caso a legenda não apareça automaticamente, clique na opção “Select Language” logo abaixo do vídeo e escolha a alternativa “Portuguese, Brazilian”, ou veja neste link alternativo):

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13 Comments

  1. says: A. SALOMÃO

    A fala do honorável monge Zen vietnamita Thich Nhat Hanh,coaduna harmoniosamente o pensamento de Jesus Cristo quando de seus derradeiros momentos na cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” Nenhuma crítica e tampouco qualquer comentário menos feliz ante seus algozes, mas unicamente compreensão. Compreensão pela infantilidade psicológica de seus inimigos gratuitos e daqueloutros que um dia foram beneficiarios de seu amor incondicional. Podemos depreender portanto, que o perdão das ofensas é um ato de amor. Amor esse, que se expressa verbal e atitudinalmente por meio da benevolência para com todos e indulgência para com as imperfeições dos outros. Paz seja com todos!

    1. Oi Salomão,

      Acho algumas passagens da Bíblia um pouco difíceis de compreender plenamente, talvez eu faça alguma confusão (aproveito pra te pedir um esclarecimento, se você o tiver — e também o tempo e a vontade de fazê-lo).

      No meu entender, essa fala de Jesus não faz o menor sentido. Para usar os termos bíblicos, sabendo que o “Pai” é seu próprio criador e o destino tão almejado de todos os seres (“ninguém vai ao Pai senão por mim”), ou seja, nesse sentido o Pai seria o criador/contenedor real e absoluto de todas as virtudes jamais imaginadas pelo homem, porque Jesus acha que deveria pedir ao Pai que perdoasse os homens? Não já sabe Ele toda a confusão e as características das circunstâncias? Não sabe Ele da ignorância intrínseca à situação? Não é ele a morada e o grande Oceano da Paz Celestial e, portanto, de todo perdão existente? Ou essa fala é uma recaída de Jesus, que considera que seu pedido particular mudaria uma visão ou uma vontade aparentemente “mal concebida” do Pai? Eu entenderia como uma frase humana e não plenamente (ainda) “cristificada”.

      No sentido do perdão como mencionado por Thich Nhat Hanh no vídeo é bastante compreensível. Mas, no contexto bíblico mais amplo, tenha essa dúvida. Eu entenderia a frase se ela fosse dirigida aos discípulos, e não ao Pai. Seria um ensinamento como foi o sermão da montanha.

      Sobre seu comentário, também compreendo o perdão como um ato de amor. E de compaixão. Se você “vê realmente o sofrimento” do outro, como diz Thay, pode verdadeiramente entender. E agir conforme essa visão e compreensão.

      Paz & Amor,
      Nando

  2. says: A. SALOMÃO

    “Acho algumas passagens da Bíblia um pouco difíceis de compreender plenamente”. Compartilho igualmente da sua forma de pensar. Na minha percepção a Bíblia não é a “palavra de Deus”, mas uma literatura que encerra valores históricos, culturais, sapienciais, ético-morais, religiosos e espirituais. Segundo o filósofo holandês Spinoza, muitas passagens da Bíblia é de caráter metafórico simbólico. Logo, não deve ser lida ao pé da letra, pois caso contrário poderemos incorrer no grave erro do fanatismo e fundamentalismo religiosos. Importa considerar igualmente, que esse livro Sagrado do Cristianismo, vem sofrendo ao longo dos séculos inúmeras adulterações, interpolações e mutilações, todas elas na sua maioria motivadas por interesses escusos do sectarismo religioso e político. Por essa razão deve ser interpretada à luz do bom senso, fé raciocinada e espírito critico.
    “Não é ele a morada e o grande Oceano da Paz Celestial e, portanto, de todo perdão existente?” Lamentavelmente, Deus é antropomorfizado pelas religiões cristãs. Quem perdoa é porque se sentiu ofendido. Nessa perspectiva, Deus perdoa porque se sentiu vítima de alguma ofensa. Do ponto de vista de uma espiritualidade Cósmica, Deus é a Inteligência Suprema Causa primária de todas as coisas. Perfeição, onisciência, onipotência e onipresença absolutas. Logo nunca perdoa, porque não se ofende. Simbolicamente falando, jamais um ser humano conseguirá macular o Sol com a lama de sua ira ou raiva. Muita paz!

    1. Acho que concordamos. Há obscuridades e adulterações antropormofizadas, e o trecho específico parece ser um deles. Claro, só perdoa que se sente ofendido. E só perdoa quem condena. “E quando você condena, a liberdade está muito longe” (Pursah).

      Obrigado, Salomão.
      Abraço grande,
      Nando

    2. says: Ieldo

      Hey people…A Bíblia é um livro que vem sendo traduzido através dos séculos e como sabemos os tradutores sempre distorcem um pouco pois na realidade não existe tradução real mas sim sempre uma “versão” . Já pensaram na diferença entre o Jesus Mito para o Jesus homem ??? será que o que ele falou chega aos nossos dias sem distorção. Um exemplo simples que acontece nos dias atuais,já verificaram coo ficam as dublagens de filmes para o Português ? Não é por aí… A palavra PERDÃO nos ensinamentos das religiões orientais significa muito mais do que o simples significado desta palavra ordinariamente no nosso mundinho oriental. Pensem nesta frase: Perdoa-me por me traíres.
      abraços

  3. says: Caio Lima

    Olá!

    Primeiramente, gostaria de agradecer pela publicação do vídeo. Ele é realmente um abraço à alma de qualquer um que se sinta aflito e incapaz de perdoar.

    Pessoalmente, eu não conheço os ensinamentos de Buda, muito embora simpatize bastante com a sua figura e o pouco que conheço. E digo o motivo: a meu ver, os seus ensinamentos possuem um ponto de partida e um destino bastante “palpáveis”: o ser humano. Conforme foi discutido com os comentários acima, a aproximação com o cristianismo se torna um tanto infundada porque Jesus Cristo faz menção a alguém que está acima de todos nós, um Deus sobrehumano. Ao que me parece, os ensinamentos de Buda giram em torno das emoções e das aflições intimamente humanas e propõe respostas às situações de desconforto igualmente humanas. É por isso que simpatizo.

    Obrigado, mais uma vez.

    1. Oi Caio, também tenho gratidão ao Thay por nos dar esses esclarecimentos.

      Sobre a questão das duas abordagens, acredito que há um paralelo e um objetivo em comum, embora com métodos (e históricos) totalmente diferentes. Apesar de uma insistência equivocada do evangelismo cristão na distância do “reino que está nos céus” ou (somente) após a vida, também há o ensinamento que “o reino de Deus está dentro de você” (Lucas 17:20-21). Há algo para se fazer aí.

      A simpatia que temos aqui é mútua, amigo, e é a simpatia pela nossa própria liberdade e esclarecimento, tenha ela o nome que tiver.

      Um abraço,
      Nando

  4. says: norma7

    “Ou essa fala é uma recaída de Jesus, que considera que seu pedido particular mudaria uma visão ou uma vontade aparentemente “mal concebida” do Pai?”

    “Eu entenderia como uma frase humana e não plenamente (ainda) “cristificada”.
    ++++
    Tenho um texto avulso (voice) gravado em CD, bonito por sinal, falando exatamente sobre isso. Talvez demore, mas vou procurar.
    Boa Sorte, Norma

  5. says: Thaís

    Gratidão por esse video!
    As palavras do monge são as mais belas, sensatas e humanas que já ouvi sobre perdão.
    Caíram como uma luva por uma situação pela qual estou passando.

    Agradeço pelo maravilhoso presente!

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