A cura da “síndrome de Árjuna”: foco e devoção contra a confusão e frustração no trabalho, por Prasad Rangnekar

Realizar bem o trabalho mais apropriado a si mesmo, com devoção e como serviço para o bem de todos as pessoas parece um sonho distante, principalmente para aqueles entre nós que sofrem de uma espécie de moderna “síndrome de Árjuna“, como explica o instrutor de Yoga indiano Prasad Rangnekar. Num artigo no site Elephant Journal intitulado “Sem clareza, sem direção: sem problema” (“No Clarity, No Direction: No Problem“), ele cita a síndrome do famoso arqueiro do clássico livro indiano “Bhagavad Gita“, tomado pela confusão, frustração e abatimento devido a seus apegos e desejos relacionados à sua missão, no caso, entrar numa guerra tendo amigos, mestres e familiares dos dois lados da batalha. A cura seria o desenvolvimento da equanimidade, do amor e da devoção no trabalho, características de um karma yogue, como o próprio Árjuna aprende na história do Gita — considerado cânone maior do Yoga que contém o diálogo revelador sobre a vida e o universo com Sri Krishna, “a perfeita encarnação de Deus”.

Num dos trechos do artigo, Prasad explica:

Sri Krishna diz “Yogastha Kuru Karmani”, que significa “estando centrado no Yoga mantenha-se fazendo seu trabalho”. O que significa estar centrado no yoga? Significa ter clareza a respeito do seu propósito e focar sua mente, corpo e energia na direção do seu propósito. Esse é o momento em que a ação se torna um yajna (sacrifício) e o trabalho se torna veneração, oferta. Algumas vezes nem sabemos pra onde estamos indo mas nossa voz interior diz que é o caminho certo, siga essa voz. Outras vezes as pessoas ao nosso redor nos colocam dúvidas sobre a eficácia de nossas ações, este é o momento que precisamos ir em frente e seguir aquela voz”.

O remédio contém foco e clareza, mas também precisa do perseguido desapego aos frutos da ação, sangam tyaktva (“abandono de todo apego”), lição fundamental exposta no Bhagavad Gita. “Isso soa quase impossível no nosso sistema educacional orientado aos resultados”, diz Prasad. Para isso, ele sugere um processo de “ampliação do escopo do nosso objetivo de trabalho“, progressivamente, até alcançar algo maior, que não necessariamente precisa ser nomeado “Deus”, mas que pode ser simplesmente o bem de todos os seres. Prasad cita outra passagem do Gita para embasar essa atitude, quando Sri Krishna diz “sarva-bhuta-hite ratah“, ou “aquele que está interessado no bem-estar de todos os seres, alcançará a realização“.

Usando outras palavras, Prasad cita o amor por esse bem estar geral e uma frase de Swami Vivekananda que resume o que pensa ser um dos principais ingredientes do remédio contra a “síndrome de Árjuna”:

“O dever raramente é doce. Só quando o Amor engraxa suas rodas é que ele acontece suavamente, se não é apenas atrito contínua.”
~ Swami Vivekananda

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