Uma menina pergunta a Thich Nhat Hanh: o que é o amor? Porque meus pais se divorciaram?

PERGUNTA: Eu não entendo o amor, o que é o amor. Quando meus pais se divorciaram, quando eles se abandonaram, eles gritaram um com o outro, eu não entendi porque eles estavam fazendo aquilo, e porque eles não podiam viver juntos.

THICH NHAT HANH: Acho que, como seus pais não tiveram uma boa oportunidade para aprender sobre o verdadeiro amor. Talvez ninguém tenha ensinado aos pais dela como amar. E agora você tem a chance de aprender como amar, e não fazer como nossos pais. E se soubermos como fazer, se soubermos como amar, então não vamos mais sofrer, e seremos capazes de ajudar nossos próprios pais. Vários jovens já fizeram isso. Há crianças que vem aos retiros e aprendem como amar, e quando eles voltam pra casa, elas ajudam os pais delas, com sucesso. Isso tem acontecido. Nós temos, de tempos em tempos, organizado retiros para crianças, 300 ou 400 crianças vem para retiros de 5 ou 7 dias, e nesse tempo elas aprendem como lidar com suas emoções, seus medos, raiva, elas aprendem a amar a si mesmas e a amar as outras pessoas. E quando voltam pra casa podem ajudar os pais delas. E podem ajudar seus pais a se reconciliarem, isso acontece muitas vezes. Então não perca sua esperança. Enquanto você estiver na Plum Village, aprenda bem, aprenda a amar, ou então você pode ir no mesmo caminho da sua mãe ou do seu pai, temos que aprender. Ok?

Esse diálogo foi parte da sessão de Perguntas & Respostas do dia 11 de junho de 2013, da primeira semana do Retiro Aberto de Verão na Plum Village, do monge Thich Nhat Hanh. Segue o vídeo abaixo, originalmente em inglês e francês, na íntegra (1h44min). A parte onde Thich Nhat Hanh responde à menina está a partir do minuto 20.

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6 Comments

  1. says: norma7

    1:44:16 ? – :/ só no final da semana…

    Mas tem uma ‘isca’ irresistível JÁ na primeira pergunta:

    (…) QUANDO ELES SE ABANDONARAM, eles gritaram um com o outro, eu não entendi porque eles estavam fazendo aquilo, (…)

    ‘Fisgada’, agradeço.
    Boa sorte, Norma

  2. Percebo que o maior ensinamento está em AGRADECER AOS PAIS por poder ver e quem sabe, fazer diferete. Agora, achar que vai RESOLVER a situação dos pais, coloca-a acima deles, ela está no lugar errado, respeitar a vida e as escolhas deles e quem sabe, uma “dica” para procurar ajuda, já basta! Na situação de “resolver, ajudar”, a pessoa fica PRESA no JULGAMENTO. Isto, emaranha o filho(a) de tal maneira, que sua vida poderá ter consequências nefastas. Ou para seus descendentes…
    APENAS AGRADECER PELA VIDA! APRENDER NEM SEMPRE ACONTECE COM BONS EXEMPLOS…agradecer pela OPORTUNIDADE DO APRENDIZADO!!!!!

    1. Excelente ponto, Maria Beatriz.

      Também fiquei com essa impressão que, apesar de não ter sido esse o centro da mensagem, deixou espaço para um “peso” na criança. Talvez os adultos tenham entendido, mas as crianças podem ter enxergado um papel de “herói” do casamento dos pais, como se só houvesse uma resposta e elas tivessem que centralizar sua energia na esperança da reconciliação. Mas, no fundo, é interessante que as crianças possam aprender e ampliar os horizontes e então, quem sabe, como você bem falou, ajudar. Mas ajudar como atitude natural e não missão (do apego).

      Um abraço.

  3. says: Adilson

    Saudações a todos,

    Se houver uma pequena chance de reconciliação de um casal prestes a divorciar-se, os filhos comuns são as pessoas com o maior poder de ajudá-los.

    Não só porque representam o elo mais forte e importante entre eles, mas porque são a prova viva do amor que um dia já os uniu. Um elo que não poderá ser “desfeito” em nenhuma hipótese, pois não existe ex-filhos.

    Thich Nhat Hanh fala sobre ensinar as crianças a Amar. O Amor é a Energia mais poderosa que existe, não há absolutamente nada que seja maior do que o Amor. Se houver uma transformação profunda nas crianças, se elas puderem compreender,perdoar e agradecer aos pais completamente, como sugere o texto, (e Maria Beatriz) isto produzirá um enorme impacto na qualidade da energia que envolve o casal.

    Isto torna possível, em alguns casos, haver a reconciliação, como demonstra o relato de vários casos semelhantes em Plum Village.

    Que o Poder Infinito da Luz transformadora do Amor nos envolva num terno abraço,

  4. says: norma7

    Não há muito a acrescentar, depois do que foi dito e bem dito. _/\_
    (AMOR ou medo).
    Como, só depois de adulta, vim a conhecer casais brigando a ponto de esquecerem quem eram e o que representavam um para o outro e fora do meu ambiente doméstico, a imagem que formei foi exatamente a mencionada acima, pela menina: algo que envolve, também, certo auto-abandono.

    Benevolência budista extendida primeiramente à molecadinha (listen to the bell!). :)
    Boa sorte, Norma

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